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18 de dezembro de 2024

O Sequestro de Cordelia

Série Filhos Perversos

Saindo da frigideira…Quando Muir Anderson deixa Londres para escapar dos rumores que cercam seu envolvimento na morte de Lorde Richmond, ele acha que o pior já passou. 
Retornar à Escócia para enfrentar seu pai, o Conde de Morven, não é uma perspectiva atraente, mas não há escapatória. Muir mal sabe que está prestes a mergulhar em um drama épico que mudará sua vida para sempre.
No fogo…Lady Cordelia Steyning está em apuros e bastante consternada ao descobrir que ser sequestrada não é nem um pouco a aventura emocionante que parecia ser nos romances românticos que ela tanto adora. Embora ela sempre tenha sonhado acordada sobre aventuras ousadas e ser a heroína de sua própria história, a verdade é que ela está apenas um pouco apavorada. Ainda assim, ela não vai deixar um homem que ela despreza assumir o controle de seu futuro. Medidas desesperadas são necessárias.
Um inferno escandaloso…Delia fica bastante satisfeita consigo mesma quando corajosamente escapa das garras do homem terrível que esperava forçá-la a se casar. O problema é que, ao fazer isso, ela involuntariamente se joga em uma situação verdadeiramente horrível, até que um herói da vida real entra na brecha.
Até que a morte nos separe…A última coisa que Muir precisava era de outro cadáver e mais um escândalo, e este não apenas ofusca aquele pelo qual ele deixou Londres para escapar, mas também adiciona uma boa quantidade de combustível ao fogo. Além do mais, agora ele tem uma jovem inocente em suas mãos que está completamente arruinada sem culpa própria.
O que um homem honrado deve fazer? Ele simplesmente terá que se casar com ela… goste ou não.

Capítulo Um

24 de março de 1850, em algum lugar perto de Alconbury, Huntingdon, Cambridgeshire, Inglaterra.
Após refletir, Delia teve que admitir que ser sequestrada não era tão emocionante quanto parecia nos romances escandalosos que ela tanto adorava. Na verdade, até agora tinha sido desorientador e desconfortável, mas acima de tudo, uma grande chatice. Claro, isso era inteiramente culpa do seu sequestrador. Nas histórias românticas que ela preferia, o vilão sempre era um demônio carismático, apesar de todos os seus modos vis e intenções nefastas. A realidade de Delia foi uma espécie de decepção.
Amargamente, ela olhou para o homem do lado oposto da carruagem. O Sr. Enoch Goodfellow, filho do mordomo de seu pai, era seu companheiro de brincadeiras desde que eram crianças. Eles foram unidos pela proximidade, embora seu pai teria tido um ataque se soubesse até que ponto Enoch a procurava. A tentação de contar-lhe tinha sido forte às vezes, mas o Duque era um homem cruel e Delia nunca conseguiu fazê-lo.
Quando eram crianças, eles se davam muito bem, com Enoch pronto o suficiente para participar de seus jogos imaginários, dos quais ela tinha muito para escolher. Fingir ser exploradores ou gatos, salteadores de estrada ou piratas não parecia incomodá-lo nem um pouco, e eles se divertiram bastante. Aos poucos, porém, ele mudou, para grande consternação dela. À medida que envelhecia, porém, ele parecia modelar seu comportamento no do pai dela. Era difícil imaginar um exemplo pior do que um homem deveria ser, mas Enoch parecia pensar que, repetindo as palavras e os modos do pai, poderia ganhar o respeito do homem. Ela poderia ter dito a ele que isso nunca daria certo – ela havia dito a ele, mas Enoch parecia não acreditar que o Duque o desprezasse, não apenas por seu jeito bajulador, mas simplesmente por pertencer a outra classe. Era uma classe à qual ele desejava pertencer e parecia que nada o impediria de ser admitido.
Qualquer afeição que ela sentia por Enoch já havia desaparecido há muito tempo. Delia não gostou das tentativas dele de repreendê-la ou de falar com ela como alguém que tinha o direito de comentar o seu comportamento. Não demorou muito para ela descobrir que ele parecia sentir prazer em ser cruel o suficiente para fazê-la chorar, pelo prazer de confortá-la depois e fingir que sentia muito. Ele sempre disse a ela que só tinha feito isso porque gostava muito dela. Suportar os sermões de seu pai já tinha sido bastante ruim; de Enoch, era intolerável. Felizmente, desde que seu irmão Wrexham assumiu sua tutela, ela não teve mais que suportar nenhum dos sermões deles, e já fazia mais de um ano que ela não via Enoch. Isso, ela supôs, explicava sua estupidez em não estar em guarda quando ele se apresentou a ela de forma tão inesperada. Ela até conseguiu fingir algum prazer em vê-lo novamente depois de tanto tempo, o suficiente para ser educada, pelo menos. Até enganá-la.
O fato de seu companheiro de infância poder se comportar de maneira tão desprezível ainda era algo que ela estava lutando para aceitar. Quando ela acordou do sono profundo induzido pela droga vil que lhe foi administrada para nocauteá-la, ela teve certeza de que poderia convencê-lo, mas essa crença havia ficado desacordada nas últimas horas. Na verdade, embora ela tentasse lembrar a si mesma que conhecia aquele homem desde toda a sua vida e que ele não poderia representar um perigo real para ela, sua compostura estava começando a perder-se, e os primeiros insidiosos tentáculos de medo deslizavam sob sua pele. .
Enoch era um homem alto, embora dolorosamente magro. Com seu cabelo preto oleoso, nariz comprido e membros finos, ele sempre a lembrava de um bicho-pau triste. Ela o observou descascar cuidadosamente a casca de uma pequena maçã com seu canivete. Com igual cuidado, cortou-a em quatro pedaços perfeitos, removeu o caroço que jogou pela janela e guardou a faca de volta na bolsa de couro que carregava para todo lado. Delia olhou para ele enquanto ele sumia de vista, desejando poder colocar as mãos na faca e afundá-la em seu coração frio e negro, ou pelo menos em algum lugar extremamente doloroso, se não fatal. Ela ainda não conseguia entender como ele poderia tratá-la de forma tão abominável.
Ele ofereceu a ela um pedaço de maçã e enquanto ela estava com muita fome, a ideia de comê-lo a fez querer vomitar. Em vez disso, ela olhou para ele, reunindo os restos esfarrapados de sua coragem.
— Vejo que me enganei muito em todas aquelas brincadeiras que jogamos quando eu fingia ser a vilã — ela disse a ele, ela mesma um pouco surpresa pela dor por trás das palavras. — Você deveria ter interpretado o Barba Negra, e o barão malvado, e o canibal, e o gato selvagem, e…

7- O Sequestro de Cordelia