24 de fevereiro de 2010
Um Amante para Rosie
Inglaterra, 1600
O maior amante da Inglaterra...
Desde a infância, a vida de Rosie foi o palco, fazendo-se passar por um rapaz que interpreta personagens femininos, como parte da trupe da companhia de teatro itinerante de seu pai.Quando um inesperado perigo os obriga a deixar Londres, eles se refugiam na propriedade de campo de Anthony Rycliffe, um homem experiente que logo percebe o disfarce de Rosie.
No entanto, um corpo tentador e lábios irresistíveis não são os únicos segredos da graciosa Rosie, e a atração impetuosa que ela desperta em Anthony em nada colabora para diminuir o perigo que a bela jovem, inadvertidamente, levou consigo à casa do lorde.
Agora, o charmoso e atraente Anthony está determinado não só a desvendar os mistérios de Rosie, como a livrá-la de vez daquelas roupas masculinas, usando todo o seu poder de sedução.
Capítulo Um
— Atores, filhos de uma égua! Atrás deles, soldados!
A fúria dos gritos parecia empurrar Danny, fazendo com que corresse cada vez mais depressa. Tinha os joelhos respingados com a lama das ruas pobres de Londres e, de quando em quando, via-se forçado a saltar por sobre porcos que fuçavam no lixo.
— Detenham esses miseráveis e serão recompensados pelo conde de Essex!
Grupos de curiosos espiavam, enquanto Danny e seu protegido dobravam a esquina com pés deslizantes.
Não demonstravam, no entanto, disposição para se colocarem entre perseguidores e perseguidos. A cada estrondo das pesadas botas dos soldados contra o solo, a cada grito e imprecação, o propósito assassino que mobilizava os perseguidores tornava-se mais evidente.
Danny se deleitava com a dramaticidade da cena.
Regado a intriga, ele crescia como imponente carvalho e, nos tumultos da vida, parecia florescer.
Responsabilidade era para homens sem imaginação.
Sir Daniel Plympton, Cavaleiro, vivia para rir, beber, brigar, amar e, sobretudo, atuar. Ao ver a multidão de pedintes, bêbados e prostitutas às portas das tavernas e moradias decadentes, que se erguiam ao longo da rua, o ator elevou a mão aos céus, em atitude dramática.
— Maldito sejas, sol abrasador! Que Deus, que dissipou a bruma densa que repousava sobre Londres, cubra-te a face brilhante e pecadora, a fim de ocultar-nos aos olhos dos inimigos...
— Cale-se e corra! — gritou o protegido, enquanto empurrava Danny pela rua ensolarada.
Querido Rosencrantz, sempre preocupado em proteger-lhe a vida, temendo que cada aventura viesse a ser a última, Danny pensou.
Será que o rapaz não se dava conta de que os cinqüenta anos que o padrinho vivera nesta terra não tinham sido suficientes para que cumprisse seu destino?
Que platéias inteiras ainda esperavam para serem arrebatadas por seu gênio dramático? Que ainda não havia lutado em defesa do reino de Elizabeth I?
E que, acima de tudo, ainda tinha o destino do próprio Rosencrantz para resolver?
— Para o beco, Danny. Depressa!
Arrancando em frente, lançou-se beco adentro, onde se projetavam beirais de esquálidas moradias de dois andares.
Passou pela lavadeira corpulenta, que estendia lençóis nos varais, ignorando os gritos furiosos, e mergulhou sob a lona branca que balançava mais adiante.
— Oh, lama imunda sob nossos pés, sempre a nos fazer recordar a condição de pobres mortais! O cheiro da morte paira sobre nossa bela cidade! — Danny gritou para os que passavam na rua.
Movendo-se por entre lençóis úmidos, a lavadeira agarrou o braço de Rosencrantz com força.
— Rapazinho imbecil, como se atreve a sujar as roupas que acabei de lavar?
— Solte-me! — ordenou Rosencrantz.
Danny voltou-se e deparou com a cena.
Rosencrantz se debatia, na tentativa de se soltar, mas a lavadeira o erguia, chacoalhando-o no ar.
— Este é o meu beco, e vagabundo nenhum vai entrar aqui sem a minha permissão! — ela ameaçou. — Claro que não, milady — o rapaz respondeu. — E que os soldados estão vindo para nos matar.
— Soldados? — Imediatamente, a lavadeira colocou Rosencrantz no chão e dirigiu-se até a entrada do beco, tapando a réstia de luz do sol que penetrava no lugar, com a circunferência do corpo volumoso.
Danny usou as roupas molhadas como cortina.
— Aí vêm eles, ímpios gentios que nos amaldiçoam com seu hálito quente, e o próprio Júpiter... — começou a recitar.
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