10 de maio de 2010
Doce Conquista
Naqueles revoltos tempos de guerras, Lisette sabia que podia fazer muito pouco para resistir a seu senhor normando, mas estava empenhada em tentá-lo.
Pelo bem de suas irmãs se estava vendo forçada a contrair matrimônio com ele.
Entretanto, sua delicada beleza escondia um caráter forte, e sua negativa a sucumbir ganhou o respeito do Alain de Raverre.
O valente cavalheiro normando teria que lutar para ganhar o coração de Lisettw
Capítulo Um
Romsey Abbey, perto do Winchester
Setembro, 1068
O sol da tarde, que entrava em torrentes pelas estreitas janelas das paredes do grande salão, projetava no chão seus raios de luz dourada, cujo reflexo iluminava as três moças que estavam sentadas junto à grande chaminé de pedra e as envolvia em uma suave e resplandecente neblina.
Bertrand acessou ao corredor e se deteve as observar um momento através do ralo de madeira que o separava do salão.
Formavam um quadro pacífico, um pouco apartado como estavam do bulício que havia no resto do salão, enquanto os serventes colocavam os cavaletes para as mesas do jantar. Duas das garotas estavam juntas no banco de madeira; a cabeça loira da maior inclinada sobre o trabalho de sua irmã pequena para guiar sua mão ainda torpe e impaciente.
Um sorriso apareceu em rosto bronzeado do Bertrand.
A jovem Catherine preferiria estar fora nos estábulos ou correndo pelo arvoredo naquele quente dia de outono que confinada no interior do castelo com uma agulha na mão.
Mas o sorriso se desvaneceu quando o olhar do Bertrand descansou sobre a irmã do meio, Lisette, que estava sentada no chão aos pés de sua irmã, com um enorme mastim negro do seu lado cuja cabeça descansava em seu colo.
Ela também tinha estado costurando, mas nesse momento acariciava a brilhante pelagem do pescoço do animal, enquanto contemplava as tímidas chamas que despertavam à vida para afugentar o relento da incipiente noite.
Ao contemplar de novo a linha poda de seu perfil recortado sobre a pedra negra, Bertrand pensou que era a mais preciosa das filhas de seu falecido senhor.
Embora todas elas tivessem herdado as feições finas de sua mãe celta, Lisette era quão única tinha herdado sua tez morena, já que as outras duas irmãs tinham o cabelo e a tez claros dos antepassados de seu pai.
— Se vê tranqüila pela primeira vez em vários meses — lhe murmurou Bertrand a seu acompanhante, um jovem forte e musculoso, vestido com o avental de couro do ferreiro.
— Uma paz frágil, meu amigo — respondeu o jovem, enquanto atirava do Bertrand de novo para o corredor. — esteve preocupada de que viajasse sozinho, e agora todo isso por nada. Deveria haver lhe levado isso contigo, como eu sugeri.
— Estavam mais seguras aqui — respondeu Bertrand em tom suave.
Siward e ele já tinham discutido antes pelo mesmo, e nesse momento já era irrelevante.
— Segue dizendo o mesmo agora que o usurpador normando está em cima? — disse Siward cada vez mais zangado. — Podemos seguir lutando.
— É um jovem louco e impulsivo — respondeu Bertrand. — Há ao menos quarenta soldados a ponto de chegar, contra oito que somos nós; além dos servos. Talvez você esteja disposto a esbanjar sua vida por nada, mas minha senhora jamais o permitiria. Pode servi-la melhor aceitando o que sempre soubemos que ocorreria.
Siward amaldiçoou entre dentes.
Sim, já sabiam, pensava o jovem. Como Guillermo da Normandía tinha conquistado a Inglaterra, o domino normando era cada vez maior, já que o rei compensava a seus seguidores com terras e casas senhoriais previamente pertencentes aos senhores saxões que tinham morrido com o rei Harold na sangrenta batalha do Hastings; ou nos levantamentos que se produziram desde essa data.
Mas o fato se soubesse não fazia mais fácil o aceitá-lo.
— Eu servia a meu senhor Alaric — disse em tom sombrio, enquanto se voltava para a porta, — e não tenho intenção de servir a seus inimigos.
Alaric, senhor do Ambray, tinha aceitado a decisão do conselho nacional de coroar ao Harold Godwinson rei da Inglaterra, apesar de que Guillermo da Normandía reclamasse que a coroa da Inglaterra lhe tinha sido prometida por seu primo o rei Eduardo, conhecido como O Confessor.
Eduardo não tinha verdadeiro direito a desejar desfazer-se dela, já que os reis ingleses se escolhiam; e Harold era saxão, o homem mais capitalista daquelas terras e cunhado do rei falecido, três circunstâncias que favoreciam sua reivindicação. Mas Alaric tinha tido dúvidas.
Tinha viajado muito em seus dias de juventude, e se tinha ficado um tempo considerável na Normandía, onde tinha família longínqua que se remontava à época dos vikings, e que tinham considerado o Guillermo como um governante forte.
Certamente implacável, mas justo, e possivelmente melhor para unir a Inglaterra sob um só governo que a antiga linhagem do Cerdic, no que as amargas lutas entre as facções e os irmãos dividiam aos saxões, debilitando assim o país.
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Oiii você não vai sair sem comentar nada vai? Ou que tal indicar o que leu. Ou então uma resenha heheheheh...Todo mundo agradece, super beijo!