6 de novembro de 2011

Violeta Imperial






Sir Edward Waltham, em março de 1803, ele, sua esposa e a filha Vernita partiram para Paris.

O povo, os turistas, enfim a França inteira estava tão contente e aliviada com o fim da guerra, que todos ficaram chocadíssimos quando o armistício acabou.

Infelizmente quando Sir Edward traçava os planos de como fugir para a Inglaterra, embora isso parecesse impossível, caíra doente e falecera, deixando-as desamparadas.

A cada vez que Vernita saía para fazer compras, ou caminhava pelas ruas, podia sentir o ódio que os ”franceses vitoriosos” devotavam aos compatriotas dela, ainda mais agora que tinham toda a Europa aos seus pés.
Mas as vitórias não detinham o preço dos alimentos, e Vernita começava a achar cada vez mais difícil sustentar-se e à sua mãe.
Fora quando estava sentada, terminando o elegante négligé encomendado pela Maison Claré, que se decidira a levá-lo diretamente à freguesa que o iria comprar.
Ela sabia muito bem que a Princesa Pauline Borghese adquirira vários trajes, confeccionados caprichosamente por ela e por sua mãe.
Conde Axel de Storvik

Capítulo Um

1805
— Acabei mamãe!
Lady Waltham, que estava deitada, de olhos fechados, abriu-os e disse,
— Fico contente, querida!
Sua voz era muito fraca, e, ainda que estivesse excessivamente magra, quase definhando, e pálida demais, a ponto de parecer translúcida, percebia-se que tinha sido uma mulher muito bonita.
Sua filha Vernita era magra também, mas possuía a graça e a beleza da juventude. Nesse instante, ela mostrava um négligé à mãe, para que esta o examinasse.
Confeccionado artesanalmente em musselina indiana, o traje era debruado com o mesmo tecido em tom rosa pálido e trazia laços do mesmo material, enquanto os passamanes eram de renda feita com agulha.
Ele parecia curiosamente fora de lugar, naquele sótão nu, com seu assoalho de madeira e janelas sem cortinas.
— Você fez com que ele ficasse maravilhoso, querida — disse Lady Waltham — e esperemos que paguem imediatamente!
— Estive pensando, mamãe — disse Vernita — e acho que não o levarei a Maison Claré, mas diretamente à Princesa Borghese,
— Você não pode fazer isso — disse Lady Waltham, com uma voz um pouco mais forte, em sinal de protesto — Poderia ser perigoso! Além disso, foi a Maison Claré que o encomendou!
— Eles estão nos enganando — respondeu Vernita — Pagam-nos uma miséria, enquanto seus vestidos são vendidos por uma quantia exorbitante!
— Nós morreríamos de fome se não fossem eles — observou Lady Waltham.
— Morreremos de fome de qualquer maneira, se não conseguirmos um pouco mais de dinheiro com a costura — respondeu Vernita.
Falava no plural, embora nos últimos meses só ela estivesse trabalhando nas encomendas de costura.
Lady Waltham começara a piorar cada vez mais e elas não tinham condições de chamar um médico. Além disso, Vernita sabia que sua mãe não precisava de cuidados clínicos, e sim de comida!

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