15 de janeiro de 2012
Tramas Da Paixão
Qual seria o verdadeiro Jonathan Chadwick ?
O homem de inocência juvenil, ou o cínico sofisticado que desprezava a sociedade ?
Quaisquer que fossem os mistérios que o envolviam. Kathyn Wainwright estava determinada a desvendá-os. Especialmente, quando suas perguntas incessantes acabaram por descobrir uma alma passional no homem a quem ela própria não pôde resistir.
Jonathan Chadwick jurava que não podia existir mulher mais exasperante do que Kathryn Wainwhight.
A escritora de uma ultrajante coluna de fofocas parecia obstinada a destruí-lo.
Mas o desejo que se alastrava entre ambos estava se tornando impossível de ignorar !
Capítulo Um
Londres, setembro de 1889.
-Siga aquela carruagem! — ordenou Kathryn Wainwright enquanto seu cocheiro dobrava os degraus de sua própria carruagem e fechava a porta. — Certifique-se de que o homem que a conduz não perceba. Quando o ocupante chegar ao destino, prossiga casualmente sem parar. Tudo o que quero saber é aonde está indo.
— Sim, senhorita — assentiu o criado, sentando-se de volta na boleia.
Duas horas depois, eles passavam por um vilarejo minúsculo e de aspecto decadente.
Um quilômetro e meio para além dos arredores do lugarejo, a carruagem à frente entrou por uma estradinha secundária por entre arvoredos.
Kathryn soube que não poderia continuar seguindo-a sem revelar sua presença, e provavelmente seu propósito, caso a trilha incrustada de raízes não tivesse saída.
Batendo no teto de sua carruagem, colocou a cabeça pela janela.
— Prossiga até aquela colina, Thomas. Vamos ver se de lá é possível avistar até onde aquela estradinha leva.
Quando a carruagem parou no alto da colina indicada, ela pôde, de fato, enxergar os arredores com mais clareza, munida de uma antiga luneta que fora de seu pai.
Sob o luar, avistou um velho casarão que se situava numa grande clareira por entre os bosques. Não havia o menor sinal de luminosidade nas janelas, nem de moradores no lugar.
Ficou observando até ver a carruagem dele parando diante da propriedade.
Jonathan Chadwick desceu, falou com o cocheiro e, então, entrou na casa escura. Kathryn abriu um sorriso triunfante.
Então, ali era o reduto dele!
Já o havia seguido antes, mas sempre até uma modesta pensão localizada nas imediações do distrito teatral da cidade.
E descobrira, depois de ter oferecido um pequeno suborno à senhoria, que ele raramente dormia lá, exceto nas noites em que se apresentava em algum lugar do centro de Londres.
Chadwick desaparecia durante dias, às vezes por uma semana ou mais, contara-lhe a mulher. Agora ela sabia para onde o misterioso homem ia.
Concluiu que aquela devia ser a casa de sua família.
Mas, pelo aspecto deserto da propriedade, devia morar sozinho atualmente.
A intuição avisava-a de que havia urna boa história ali.
Talvez os rumores de que Chadwick era de uma família nobre empobrecida fossem verdadeiros. Ninguém parecia saber muito a seu respeito, exceto que fora um menino prodígio no passado, tendo se apresentado em excursões por toda a Europa.
Então, quando se tornara adulto, desaparecera por completo.
Havia retornado naquele verão, despertando a curiosidade e o interesse de todos.
Os salões particulares de Londres e as salas de concerto lutavam para serem agraciados com sua presença, ao passo que o talentoso músico teimava em manter-se quase inacessível.
A estratégia era das mais convenientes.
Acabava aceitando apenas as ofertas mais vantajosas.
Mesmo que sua música não tivesse sido tão maravilhosa quanto de fato o era, o mistério em torno do homem já seria por si só o bastante para torná-lo disputado.
Sim, havia um grande e antigo mistério envolvendo Jonathan Chadwick, e ela estava determinada a desvendá-lo.
Entusiasmada com tal perspectiva, sabia exatamente o que tinha que fazer.
— Dê meia-volta, Thomas, e vamos até o vilarejo. Veremos se há alguma hospedaria lá.
E, de fato, havia uma, um pequeno sobrado quase em ruínas.
A tabuleta pendia precariamente de correntes desiguais, anunciando: Hospedaria Pata de Coelho. Kathryn desceu depressa da carruagem, entrou e alugou um quarto para si, o único particular disponível. Thomas Boddie, seu cocheiro, protestou num sussurro:
— Não pode ficar aqui, srta. Kathryn. Olhe para o lugar! Aposto que é um pulguedo. — Olhou ao redor com uma careta e coçou o braço para reforçar o aviso.
— Ora, Boddie, não me diga que está ficando sensível com a idade. — Ela riu ao ver-lhe a expressão indignada, que o fez parecer ainda mais jovem que os seus vinte e quatro anos. Aguardou até que o dono da hospedaria desaparecesse rumo ao andar de cima, para trocar a roupa de cama, antes de tornar a falar:
— Quero que me traga um dos cavalos da carruagem depois que estiverem descansados e alimentados. Ah, e me empreste as suas calças.
— As minhas calças, senhorita?
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