17 de março de 2014

Casamento em Jogo




Aposta arriscada...

Cairo Brown é proprietária de um elegante salão de bilhar e está a caminho de realizar seu grande sonho de ir morar em Nova York.
Mas sua sorte muda no dia em que um forasteiro entra em seu salão e a desafia a vencê-lo...
Solomon Wolfe precisa de uma esposa para ajudá-lo a criar a sobrinha órfã, uma menina de seis anos, rabugenta e sem modos.
Quando ele aposta com Cairo uma aliança velha e um rancho caindo aos pedaços contra tudo o que ela possui, inicia-se entre os dois uma série de confrontos, permeados de tensão e sensualidade, contra um pano de fundo de intriga, ciúme, ódio e vingança mortal...

Capítulo Um

Fort Benton, Montana, maio de 1881
— Mostre umas tacadas certeiras para nós, Cairo — Dud Harply disse em meio à multidão de homens que a cercava.
— Com prazer, rapazes — ela murmurou quando os homens se afastaram, abrindo caminho.
Sua velha amiga, sua sorte, a imensa mesa de bilhar de mogno esperava por ela no centro da sala de jogos bem decorada, o Palácio de Cairo. Ela relanceou para Harvey Murtle e sorriu langorosamente.
— Está com o dinheiro a postos, Harvey?
— Quem sabe eu não ganhe esta noite? — replicou ele, lascivo.
Cairo tocou no ombro rechonchudo com a ponta do leque.
— Pode ser.
Ela tiraria tudo o que ele tinha nos bolsos e entregaria à esposa. Da próxima vez que Pris Murtle aparecesse na porta dos fundos da casa de Cairo, uma esposa surrada precisando de cuidados, Cairo lhe entregaria todo o dinheiro de Harvey e a mandaria rio abaixo.
Cairo afastou a barra do elegante vestido azul das botas sujas de um homem e o fitou com uma carranca.
— O barbeiro fica do outro lado da rua. Lá poderá tomar um banho e se barbear, volte depois disso — ela murmurou de modo agradável.
Ergueu a cabeça majestosa, permitindo que as luzes dos candelabros iluminassem seus cabelos claros, e virou-se com um sorriso para os homens que tinham ido até lá para vê-la; Cairo Brown, a Rainha do Bilhar, atiradora traiçoeira, uma dama de muita classe.
Cairo tocou de leve a franja que cobria a fronte com a mão enluvada e vislumbrou seu império lucrativo criado com lances certeiros, charme, persistência e resolução. Ela lutou naquele mundo machista do bilhar e refinou sua reputação em torneios e disputas particulares.
Eles já a deixavam em paz, exceto pelo ocasional jogo para testá-la. Os homens não podiam fazer apostas entre eles naquele estabelecimento; eles pagavam para entrar, comiam no restaurante, bebiam no bar, e jogavam em suas mesas. Eles pagavam para vê-la enfrentar os desafiantes.
O gelo sobre o rio Missouri acabara de derreter, permitindo o transporte de vestimentas feitas de búfalo e ouro, e os homens precisavam relaxar com o tipo de entretenimento que ela fornecia. E era deles... por um preço.
O Palácio de Cairo estava lotado, homens bebiam no bar, saudando-a ao levantar os copos, outros jogavam cartas nas mesas, e outros ainda esperavam para que ela começasse a noite com suas conhecidas tacadas. O bar de cerejeira entalhada reluzia com as garrafas de bebida iluminadas pelos candelabros. 
O ar estava permeado pela fumaça dos charutos caros, pelo melhor uísque e cerveja, e pelo cheiro dos homens, de banho tomado e rostos refrescados com água de colônia.
Cairo deslizava em meio à multidão, retribuindo os cumprimentos com um sorriso leve bem treinado. Aqueles homens estavam ali para vê-la, e ela estava à altura do dinheiro deles, com suas sedas finas e anquinhas, um sorriso educado, um vislumbre de requinte na fronteira. Todas as noites, com exceção dos domingos.
Quigly movia-se a seu lado, imenso, negro e imaculado em seu terno de mordomo. Ele perscrutava os homens, à procura de algum indício de problema.
Murtle era conhecido por provocar discórdia fora do Palácio de Cairo. Ela permitia a sua entrada porque lhe arrancava o dinheiro com regularidade, e o usava para ajudar as crianças e mulheres que a procuravam em busca de auxílio. 
Enquanto os barcos a vapor aguardavam nos diques, o perigo espreitava as ruas e as tavernas da cidade aceitavam a balbúrdia, Cairo exigia elegância, boas maneiras e bolsos recheados.
Ela alisou a antiga mesa de bilhar, que dominava a elegantemente decorada sala de jogos. A madeira porosa italiana era ligeiramente áspera, o tecido belga que a recobria era macio e leve. Eram amigos de longa data, ela e a imensa mesa lustrada que era a sua fortuna. 
A estrutura de mogno escuro era macia debaixo de sua luva reluzente azul; sua habilidade a tiraria daquela cidade de fronteira às margens do Missouri e a levaria até a sociedade nova-iorquina e aos melhores torneios. 

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