16 de março de 2015

Magnólia





A Atlanta do inicio do século XX era uma cidade de contrastes, um ramo de atividades onde o comércio e a alta sociedade floresciam entre os fracos ritmos sulinos. 

Claire Lang adorava viver ali, mas a presença de um homem a perturbava no fundo da alma. Ela não estava disposta a admitir o quanto a cativava os olhos escuros e o belo rosto de 
John Hawthorn, mas o desespero causado por uma súbita tragédia a levou a casar-se com ele apesar de saber que o amor que lhe tinha não era recíproco.
Enquanto a brisa deixava em seu rastro o perfume das magnólias, Claire começava a despertar desejos inesperados e indescritíveis em seu marido... Depois de saborear seus beijos e suas carícias, teve a valentia de lutar por ele quando se abateu sobre eles um escândalo, um escândalo tão grande que poderia acabar com seu grande amor.

Capítulo Um

1900
As ruas de Atlanta estavam cheias de lama depois das chuvas recentes, e os pobres cavalos pareciam apáticos puxando com esforço as carruagens por Peachtree Street. Claire Lang desejou ter dinheiro suficiente para retornar em um veículo de aluguel para casa que estava a uns oito quilômetros dali.
Sua carruagem tinha quebrado um eixo ao se chocar contra uma rocha, de modo que as preocupações financeiras que tinham sido traumáticas por meses tinham aumentado ainda mais. 
Seu tio, Will Lang, estava tão ansioso para ter em suas mãos a pequena peça de seu automóvel que tinha encomendado em Detroit que ela tinha ido pegar na estação ferroviária de Atlanta na carruagem. 
O veículo estava velho e em mal estado, mas em vez de se concentrar no caminho resolveu olhar a chegada prematura do outono na preciosa imagem que criavam os pinheiros e as árvores.
Teria que inventar alguma coisa para chegar à loja de roupas de seu amigo Kenny e ver se ele teria como levá-la a casa de seu tio, que ficava em Colbyville. Baixou o olhar, e soltou um suspiro ao ver suas botas de cano longo, enlameadas e a barra de sua saia toda suja. 
Acabava de estrear aquele vestido azul marinho com corpo e pescoço de renda, e embora a capa e o guarda-chuva a tivesse protegido da chuva e o chapéu tivesse resguardado seu cabelo castanho, não conseguiu salvar a saia por mais que a levantasse.
Era muito fácil imaginar o que Gertie diria sobre isso, na verdade ela sempre estava toda bagunçada ao fim do dia, passava grande parte do tempo no galpão de seu tio, ajudando ele a manter em bom estado seu novo automóvel. 
Nenhum outro habitante de Colbyville tinha um daqueles exóticos inventos novos; de fato, só umas poucas pessoas em todo o país possuíam um automóvel, e a maioria eram elétricos ou com motores a vapor. 
O do tio Will estava propulsado com gasolina, e por sorte a gasolina era vendida nas lojas da região.
Os automóveis eram tão escassos, que quando passava um pela rua, às pessoas saiam para vê-lo. Eram objetos de fascínio e de medo, porque o forte ruído que geravam assustava aos cavalos. 
A grande maioria pensava que era uma moda passageira que não demoraria a desaparecer, mas ela estava convencida de que era o meio de transporte do futuro e adorava ser a mecânica de seu tio.
Ela sorriu ao pensar o quão sortuda tinha sido desde que foi viver com ele. Era filha única, e depois do falecimento de seus pais causado pela cólera há dez anos, a única família que tinha restado em todo mundo era seu tio Will. Estava solteiro, e para cuidar da enorme casa onde vivia contava com a única ajuda de empregados formada por Gertie, sua governanta, e Harry, um trabalhador que se encarregava da manutenção geral.
Ela também tinha começado a cozinhar e a encarregar-se das tarefas domésticas à medida que ia crescendo, mas o que mais gostava era de ajudar seu tio com o automóvel. Era um Oldsmobile Curved Dash, e só de olhar para ele sua pele arrepiava. Tio Will o tinha encomendado em Michigan no final do ano passado, e o tinham enviado a Colbyville pela ferrovia assim que ficou pronto. 
Como a maioria dos carros, às vezes balançava, soltava fumaça e estralava, e como os caminhos de terra dos arredores de Colbyville eram bastante irregulares e estavam cheios de enormes buracos, seus pneus de borracha fina estouravam em uma ou outra ocasião.
Os moradores rezavam para livrar-se do que para eles era um invento do diabo, e os cavalos punham-se a correr campo afora como se os fantasmas o perseguissem. 
O conselho local tinha ido ver seu tio no dia seguinte à chegada do automóvel, ele tinha sorrido com paciência e tinha prometido que o pequeno e elegante veículo não atrapalharia a circulação dos carros e as carruagens.
Tio Will adorava aquele novo brinquedo que lhe tinha deixado um pouco menos que em ruínas, e lhe dedicava todo seu tempo livre. Ela compartilhava sua fascinação, e quando ele tinha deixado-a trabalhar na garagem, foi aprendendo pouco a pouco sobre carburadores, alavancas de direção, rolamentos, velas, e pinhões de engrenagem.
A essas alturas já sabia quase tanto quanto ele, tinha mãos finas e ágeis e não tinha medo das «chicotadas» que recebia de vez em quando ao tocar a parte errada do pequeno motor de combustão. A única coisa ruim era a graxa. Tinha que manter engordurados os rolamentos para que funcionassem bem, e tudo acabava manchado… inclusive ela.
Uma carruagem apareceu nesse momento no caminho e foi aproximando-se, mas justo quando estava chegando perto passou por cima de um atoleiro e lhe salpicou a saia de lama. Ela soltou um gemido, e o desânimo que apareceu em seu rosto bastou para que o ocupante do veículo decidisse parar.
A porta se abriu, e uns olhos escuros e penetrantes a olharam cheios de impaciência.
–Pelo amor de Deus!

6 comentários:

  1. Gostei muito desse livro da Diana Palmer, Magnólia.
    Leitura fácil, gostosa, mocinha honesta, apaixonada, trabalhadora...final justo e merecido. Parabéns meninas.

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  2. Oi! Eu adoro o blog. Eu estou procurando um livro que eu uma vez que eu baixei neste blog e perdi o livro e não lembro o nome. O livro conta a historia de algumas irmãs filhas bastardas de um nobre do final do sec. 19, eu acho, e uma delas é atacada por alguém que corta o rosto dela deixando uma cicatriz que ela disfarça com a maquiagem da irmã. Então elas todas vão morar com o pai e a boadrastra. Então aparece um nobre viúvo que tem uma filha pequena. Ele procura uma esposa que é quieta e discreta, então uma das irmãs tem a ideia e fala para para ele conquistar a irmã com essa cicatriz.
    Por favor envia o nome para mim pelo meu e-mail. Porque eu adorei o livro! Beijos! E muito obrigada! :) Luciana

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  3. Oi tudo bom ?
    Poderiam me ajudar a achar o titulo de um livro?
    A resenha é mais ou menos assim: A mocinha é filha de um senhor das terras baixas e escuta uma conversa dele com a madrasta dizendo que vai dar a mão da sua irmã em casamento para o senhor do clã das terras altas só que a madrasta não aceita isso e diz pro pai dela mandar ela no lugar, o pai se recusa mas elas aparece nesse momento e diz que vai pois a irmã é cega e não aguentaria isso.
    Chegando no destino o noivo a ignora e ela descobre que eles se transformam em lobo a irmã do noivo convida ela para dar uma volta e elas são raptadas pelo clã adversário onde ela se apaixona pelo líder do clã e que também é lobo.
    Ai Jena sabes o nome? podes me ajudar ? Adoraria ler esse livro novamente é uma série.
    MUITO OBRIGADA

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    1. Oi Lilian! O livro é da Série Filhos da Lua, autora Lucy Monroe.
      A irmã da personagem principal não é cega, ela é surda.

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    2. Oi Lilian! O livro é da Série Filhos da Lua, autora Lucy Monroe.
      A irmã da personagem principal não é cega, ela é surda.

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  4. Amei esse livro muito bom como todos que você posta

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Oiii você não vai sair sem comentar nada vai? Ou que tal indicar o que leu. Ou então uma resenha heheheheh...Todo mundo agradece, super beijo!