Shanaco era orgulhoso, mas tinha um grande coração, por isso quis cumprir o último desejo de seu avô e levasse sua reduzida tribo de Comanches à reserva do Fort Sill, Oklahoma, onde estariam a salvo.
Ele prometeu ficar só o tempo necessário para assegurar-se de que sua gente seria tratada como mereciam, até que viu aquela beleza ruiva.
A rebelde e teimosa Maggie Bankhead tinha abandonado a segurança de seu lar para empreender uma aventura no Oeste. E resultou que ensinar inglês na reserva era o mais de gratificante que tinha feito em sua vida.
Por isso prometeu ficar no Fort Sill para sempre, até que conheceu o muito bonito guerreiro com pele de bronze e uns olhos prateados capazes de entrar em sua alma solitária.
Capítulo Um
Uma fria noite de outubro de 1875, Shanaco, um comanche mestiço da tribo dos Kwahadi, jogava pôquer em uma habitação privada no andar alto de um luxuoso Saloon da Santa Fé, Novo México. Shanaco vestia jaqueta negra, igual aos outros quatro cavalheiros, brancos e enriquecidos, sentados à mesa.
Em ambos os lados do arrumado mestiço, encarapitadas em tamboretes de veludo, havia duas mulheres ansiosas.
Uma formosa loira, a sua direita, e uma morena voluptuosa à sua esquerda. O fino braço da loira se apoiava sobre os ombros do comanche Kwahadi, enquanto a mão da morena, com as unhas pintadas de vermelho, descansava languidamente sobre sua coxa. Shanaco não prestava atenção a nenhuma delas.
Sua atenção estava fixa nas cinco cartas que sustentava, muito juntas, na palma da mão direita. Gostava do que via, mas não dava mostras de satisfação.
A ninguém se dava melhor em não demonstrar emoções durante um jogo de pôquer. Era um jogador hábil que conhecia as probabilidades e apostava sem acanhamento. Tinha talento para interpretar a expressão dosseu oponentes e era um professor de blefe. Sabia sem dúvida jogar cartas.
Alguns o chamavam sorte. Com os anos, tinha ganho dinheiro suficiente para comprar um pequeno rancho em terras não confiscadas pelo Governo Federal, em um frondoso Vale ao sul de Pracinha Pass. Ali, trabalhando conscientemente e sem ajuda de ninguém, tinha levantado uma modesta cabana e um curral rodeado por um cercado de troncos.
No ano seguinte planejava começar a explorar o rancho e convertê-lo em um verdadeiro lar. Do instante em que tomou posse da terra, tinha ignorado os olhares furiosos e as ameaças veladas dos colonos próximos. Sempre tinha o rifle preparado para defender sua casa.
O isolamento e a solidão daquele lugar lhe faziam bem. Aquietava seu espírito. Se necessitasse de companhia, ia a Santa Fé por um par de dias. Ali havia uísque, cartas e mulheres, suas três grandes debilidades. Juntas ou em separado.
Naquela áspera noite de outono, Shanaco preferia desfrutar das três coisas de uma vez. Sua mão ocultava cinco cartas com as que sonharia qualquer jogador profissional. Ante ele havia um copo baixo e uma garrafa de bourbon de Kentucky antigo.
Tinha a cada lado uma mulher bonita e ansiosa por conhecê-lo mais intimamente. Os homens brancos e respeitáveis se mostravam menos cordiais e generosos com o Shanaco. Toleravam ao mestiço comanche para jogar cartas com ele, mas longe da mesa de pôquer procuravam lhe evitar. Não queriam ter nada a ver com ele.
Com as mulheres brancas e respeitáveis acontecia o contrário. Atrair o belo sexo não lhe custava nenhum trabalho. Aos seus vinte e seis anos, Shanaco media um metro oitenta e oito e pesava oitenta quilos. Era todo ele fibra e músculos duros. Seu cabelo abundante, comprido até os ombros e preso atrás com um fino cordão de couro cor ébano, era negro como a noite mais escura. Seus olhos de pesadas pestanas eram de um surpreendente cinza prateado. Aqueles olhos assombrosos podiam ser tão frios como gelo pálido ou exalar um fogo branco de puro ódio. Ou arder lentamente de desejo.
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