Quem era Evangeline Evans?
A resposta flutuou no ar de Londres como um boato que nunca sairia de moda: filha bastarda do Duque de Weymouth, segunda irmã do dono das lojas Evans e cunhada de Lady Daphne Webb. Como se isso não bastasse, ela também carregava a imagem social de solteirona.
Para o inferno com isso! Desde a véspera de Natal em que seus caminhos se cruzaram acidentalmente, o Capitão Charles Hobart, dono de uma renomada carreira militar, formou sua própria opinião sobre ela... Uma mulher cheia de sonhos, de aspirações tão simples, que se tornavam complexas, uma dama com maturidade suficiente para um homem como ele, que se esgotava facilmente com a tagarelice jovial das debutantes.
Mas quem era Evangeline Evans, realmente? Quando ele entendesse a realidade oculta por trás daquela garota de cabelos flamejantes, olhos cor de mar e espírito livre seria tarde demais para seu coração. Uma viagem para outro continente, um mal-entendido e um amor inesperado que emerge das profundezas de um mar turbulento e sábio...
Capítulo Um
Inglaterra, 1864.
Ela achava irônico amar tanto o Natal. Evangeline Evans culpava Charles Dickens de tamanha incoerência, ele e sua história de Natal que sempre a fizeram ansiar por um milagre nas pessoas.
De certa forma, ele conseguiu. Ela, pelo menos, sentia-se mais inclinada a perdoar, a rir, a aproveitar aqueles encontros. Devia isso ao tempo que passara em Nova York.
— Ah, vamos lá. — Lady Daphne, sua cunhada insistiu — vista o vermelho. — Ela estendeu um lindo vestido de cor granada na sua frente.
— De jeito nenhum, assim que eu puser os pés nas lojas, os funcionários vão jogar um balde de água gelada em mim achando que estou pegando fogo.
— Você é incorrigível.
Evangeline sorriu. Não adicionaria vermelho à sua roupa, não importa o quão natalina ela fosse. Seu cabelo ruivo era o suficiente para atrair atenção, uma solteirona de 29 anos vestindo granada? Ela olhou para o resto dos vestidos e escolheu o azul.
— Não, não. — Daphne interrompeu — você já usou azul no jantar na casa dos meus pais.
— Você não diz que uma solteirona deve recorrer ao escândalo se manter em evidência sobre as jovenzinhas?
Lady Daphne riu. A nobreza estava tão carente de escândalos, que repetir um mesmo traje significava uma condenação social perfeita para fofocas.
— Você conseguiria isso com o vermelho, mas se recusa. — Ela escolheu um verde e sorriu satisfeita.
— Nesse caso, vou competir com a grande árvore que o David colocou no meio da pista de patinação.
David Evans era seu irmão mais velho, dono das importantes e luxuosas lojas Evans. Era o primeiro Natal desde que abriram as portas em Londres, e o excêntrico proprietário, estava decidido a exibir o dinheiro que havia ganhado nos últimos meses. Seria um evento de alto nível, bem no estilo nova-iorquino, do qual Evangeline tanto sentia falta.
— E você vai ofuscá-la. — Decidiu Daphne, pronta para desempenhar o papel de aia. Ela amava a tarefa, a cumplicidade entre mulheres que elas haviam desenvolvido.
Lady Daphne era a única mulher da família Webb, e fora a sensação da temporada londrina até que o destino a jogou nos braços de David, o bastardo do Duque de Weymouth. Agora, os salões da nobreza a recebiam em meio a um tipo diferente de murmúrio, fofocas que a mulher adorava alimentar. Tanto que naquela noite ela apareceria no evento exibindo sua barriga saliente em público.
— Duvido, todos os olhos estarão voltados para meu sobrinho.
— Sobrinha. — Daphne a corrigiu.
— Sobrinho — argumentou Evangeline — acredite em mim, eu sei a diferença entre a barriga de um menino, e a barriga de uma menina, e você tem um diabinho Evans aí.
— Ah, mal posso esperar! — Ela ficou impaciente, e sua mão esquerda, na qual usava uma enorme aliança de casamento, descansou em sua grande barriga — Um diabinho ruivo.
— Ele pode nascer com cabelos loiros, como você.
—Impossível, e você sabe disso. — Daphne piscou para ela. Os Evans eram Spencer por parte de pai, e os Spencer sempre foram ruivos.
Evangeline concordou em usar verde, não porque gostasse de chamar atenção, mas porque o vestido era lindo e, até então, ela nunca o havia usado. Ela não tinha muita vida social, seu status ilegítimo somado à sua idade avançada, e não apenas isso, mas também, uma condição pulmonar de nascença que frequentemente a enfraquecia. Com exceção de alguns jantares e chás, ela raramente visitava salões e festas. Outra razão pela qual ela achava irônico o amor dela pelo Natal. O ar frio de Londres, e de Nova York não lhe fazia bem, e resultava, na melhor das hipóteses, em uma semana de cama.
Porém ela não perderia isso por nada no mundo. Estava tão animada quanto seus irmãos mais novos, os gêmeos Olivia e Oliver. Os ouvia correndo pela mansão, brigando e gritando em um estado de superexcitação que era difícil de conter.
Ela vestiu o vestido com uma saia tão ampla que precisou de um banquinho para sentar. O colarinho era alto, e se abria em uma renda bordada até a borda do maxilar. O tecido era aveludado e conseguia enganar os olhos dependendo da incidência da luz.
— Como vou patinar com isso? — lamentou ela.
— Como uma dama...
Série Família Evans
1-A Falsa Preceptora
Para o inferno com isso! Desde a véspera de Natal em que seus caminhos se cruzaram acidentalmente, o Capitão Charles Hobart, dono de uma renomada carreira militar, formou sua própria opinião sobre ela... Uma mulher cheia de sonhos, de aspirações tão simples, que se tornavam complexas, uma dama com maturidade suficiente para um homem como ele, que se esgotava facilmente com a tagarelice jovial das debutantes.
Mas quem era Evangeline Evans, realmente? Quando ele entendesse a realidade oculta por trás daquela garota de cabelos flamejantes, olhos cor de mar e espírito livre seria tarde demais para seu coração. Uma viagem para outro continente, um mal-entendido e um amor inesperado que emerge das profundezas de um mar turbulento e sábio...
Capítulo Um
Inglaterra, 1864.
Ela achava irônico amar tanto o Natal. Evangeline Evans culpava Charles Dickens de tamanha incoerência, ele e sua história de Natal que sempre a fizeram ansiar por um milagre nas pessoas.
De certa forma, ele conseguiu. Ela, pelo menos, sentia-se mais inclinada a perdoar, a rir, a aproveitar aqueles encontros. Devia isso ao tempo que passara em Nova York.
— Ah, vamos lá. — Lady Daphne, sua cunhada insistiu — vista o vermelho. — Ela estendeu um lindo vestido de cor granada na sua frente.
— De jeito nenhum, assim que eu puser os pés nas lojas, os funcionários vão jogar um balde de água gelada em mim achando que estou pegando fogo.
— Você é incorrigível.
Evangeline sorriu. Não adicionaria vermelho à sua roupa, não importa o quão natalina ela fosse. Seu cabelo ruivo era o suficiente para atrair atenção, uma solteirona de 29 anos vestindo granada? Ela olhou para o resto dos vestidos e escolheu o azul.
— Não, não. — Daphne interrompeu — você já usou azul no jantar na casa dos meus pais.
— Você não diz que uma solteirona deve recorrer ao escândalo se manter em evidência sobre as jovenzinhas?
Lady Daphne riu. A nobreza estava tão carente de escândalos, que repetir um mesmo traje significava uma condenação social perfeita para fofocas.
— Você conseguiria isso com o vermelho, mas se recusa. — Ela escolheu um verde e sorriu satisfeita.
— Nesse caso, vou competir com a grande árvore que o David colocou no meio da pista de patinação.
David Evans era seu irmão mais velho, dono das importantes e luxuosas lojas Evans. Era o primeiro Natal desde que abriram as portas em Londres, e o excêntrico proprietário, estava decidido a exibir o dinheiro que havia ganhado nos últimos meses. Seria um evento de alto nível, bem no estilo nova-iorquino, do qual Evangeline tanto sentia falta.
— E você vai ofuscá-la. — Decidiu Daphne, pronta para desempenhar o papel de aia. Ela amava a tarefa, a cumplicidade entre mulheres que elas haviam desenvolvido.
Lady Daphne era a única mulher da família Webb, e fora a sensação da temporada londrina até que o destino a jogou nos braços de David, o bastardo do Duque de Weymouth. Agora, os salões da nobreza a recebiam em meio a um tipo diferente de murmúrio, fofocas que a mulher adorava alimentar. Tanto que naquela noite ela apareceria no evento exibindo sua barriga saliente em público.
— Duvido, todos os olhos estarão voltados para meu sobrinho.
— Sobrinha. — Daphne a corrigiu.
— Sobrinho — argumentou Evangeline — acredite em mim, eu sei a diferença entre a barriga de um menino, e a barriga de uma menina, e você tem um diabinho Evans aí.
— Ah, mal posso esperar! — Ela ficou impaciente, e sua mão esquerda, na qual usava uma enorme aliança de casamento, descansou em sua grande barriga — Um diabinho ruivo.
— Ele pode nascer com cabelos loiros, como você.
—Impossível, e você sabe disso. — Daphne piscou para ela. Os Evans eram Spencer por parte de pai, e os Spencer sempre foram ruivos.
Evangeline concordou em usar verde, não porque gostasse de chamar atenção, mas porque o vestido era lindo e, até então, ela nunca o havia usado. Ela não tinha muita vida social, seu status ilegítimo somado à sua idade avançada, e não apenas isso, mas também, uma condição pulmonar de nascença que frequentemente a enfraquecia. Com exceção de alguns jantares e chás, ela raramente visitava salões e festas. Outra razão pela qual ela achava irônico o amor dela pelo Natal. O ar frio de Londres, e de Nova York não lhe fazia bem, e resultava, na melhor das hipóteses, em uma semana de cama.
Porém ela não perderia isso por nada no mundo. Estava tão animada quanto seus irmãos mais novos, os gêmeos Olivia e Oliver. Os ouvia correndo pela mansão, brigando e gritando em um estado de superexcitação que era difícil de conter.
Ela vestiu o vestido com uma saia tão ampla que precisou de um banquinho para sentar. O colarinho era alto, e se abria em uma renda bordada até a borda do maxilar. O tecido era aveludado e conseguia enganar os olhos dependendo da incidência da luz.
— Como vou patinar com isso? — lamentou ela.
— Como uma dama...
Série Família Evans
1-A Falsa Preceptora
2- Coração do Capitão
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Oiii você não vai sair sem comentar nada vai? Ou que tal indicar o que leu. Ou então uma resenha heheheheh...Todo mundo agradece, super beijo!