17 de março de 2010

Suave é a Noite

Desde criança, Kenna sempre acreditou que Rhys Canning fosse o responsável pela morte de seu pai. 

Entretanto, no momento em que se depara com Rhys, depois de tantos anos. Kenna fica sem ação, fascinada diante daquele homem atraente e carismático de olhar penetrante e sedutor...
E tudo o que ela consegue fazer é entregar apaixonadamente seu coração...
Seria melhor Rhys não ter encontrado aquela jovem tão linda e provocante. Durante anos ela povoou seus sonhos e pensamentos, e agora é chegada a hora de compensar isso. Ele já esperou tempo demais para deixar escapar a oportunidade de tê-la em seus braços, e esta será a noite perfeita para realizar um desejo há muito adormecido... Mas ele não pode revelar á verdade a Kenna sem pôr em risco sua importante missão...

Prólogo

Novembro de 1805
Kenna Dunne encostou-se no corrimão, mantendo-se nas sombras junto à escadaria. Por entre os dois pilares entalhados de madeira, que cheiravam vagamente a cera de abelha, podia observar a movimentação no salão lá embaixo. Segurou uma risadinha ao ver o mordomo, Henderson, au­xiliando mais uma recém-chegada com detalhes da fantasia. E, ao segurar-lhe a capa de veludo, o criado, muito mais alto, teve uma bela visão do colo descoberto pelo vestido de cam­ponesa que a mulher usava. Por trás dela, as sobrancelhas grisalhas de Henderson se ergueram avaliadoras.
— Coitado... — Kenna segredou à sua meia-irmã. —Aposto que a Sra. Henderson vai furar-lhe os olhos antes do fim da noite. Essa é a terceira camponesa que chega e que tem o corpete tão apertado que seus seios quase saltam para fora.
— Kenna! — Yvonne repreendeu-a. — Cuidado com a lin­guagem! E esta é a terceira vez que contei até agora. — A garota parecia tensa. — Olhe, acho que devemos sair daqui. Alguém vai acabar nos vendo. — Começou a se levantar, mas foi puxada com força para que tornasse a se abaixar.
— Ainda não! Quero ver tudo! Nunca houve uma festa assim em Dunnelly! Você contou lady Dimmy como uma das camponesas?
— Não.
— Ah, então foi isso.
— Mas ela parecia mais uma governanta.
Kenna cobriu os lábios para abafar a risada, porém não deixou de olhar para baixo.'
— E, parecia mesmo — concordou. — Mas acho que a fantasia de lady Dimmy era para ser de camponesa. Então devemos contá-la como se fosse uma. Pelo menos, acho que era a intenção dela. Afinal, ninguém viria a um baile a fan­tasia usando roupas de governanta. Embora eu também não consiga imaginar por que tantas mulheres acabam vindo como camponesas.
Yvonne sorriu.
— Acho que é por ser romântico.
— Bobagem. Não há nada de romântico em cuidar de car­neiros. Devem cheirar mal. Mas acho que nenhuma delas pensou nisso. — Kenna acompanhou a mais nova "campo­nesa" com os olhos, vendo-a ser escoltada pelo mordomo até o salão principal. — O que acha que aconteceria se soltás­semos umas dez ovelhas?
— Acho que ficaríamos presas na sala de estudos pelo resto das nossas vidas, Kenna! Pode não acreditar, mas ma­mãe disse que vai ser dura com você e obrigá-la a estudar como nunca. Acho que eu morreria se tivesse de decorar a geografia da índia outra vez.
Palavras tão dramáticas fizeram Kenna encarar a irmã; por gostar tanto de estudar, nunca lhe ocorrera que isso pu­desse ser uma tortura para Yvonne. Sua mente jovem e cu­riosa não admitia tal idéia. Pensativa, colocou uma mecha fina de cabelos entre os lábios, como sempre fazia quando ficava absorta. Aos treze anos, não eram freqüentes momen­tos assim, porém Kenna estava ciente de todas as boas qua­lidades que possuía, bem como das que lhe faltavam... 



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