1 de setembro de 2014

Lições de Sedução




Ansiosa para viver com independência, Jane de Weston se disfarça como um rapaz. Mas ela não esperava sentir uma forte atração por Duncan. 

Sensações deliciosas percorrem seu corpo feminino. 
Quando ele descobre acidentalmente a verdadeira identidade dela, sabe que deveria mandá-la embora... mas concorda em guardar seu segredo! 
Jane possui o dom de iluminar os recônditos sombrios do coração de Duncan, despertando nele o desejo de ensinar à dedicada pupila os refinados prazeres de ser uma mulher...

Capítulo Um

Inglaterra — final do verão de 1388
O odor do quarto de parto a sufocava.
O fogo crepitava e fervia a água, aquecendo a manhã de agosto.
Ela abriu a cortina que encobria a janela do castelo para respirar o ar fresco. Com certa nostalgia observou o sol brilhando. Talvez mais tarde pudesse pegar um cavalo emprestado e sair para um passeio.
— Jane!
— Sim? — respondeu ela soltando a cortina.
— A dor passou. Solay precisa beber alguma coisa.
Jane seguiu até a pia no canto e encheu uma caneca com água fresca. Devia ter percebido as necessidades da irmã e a atendido antes. Era como se lhe faltasse um instinto nato que outras mulheres possuíam, algo que lhes sussurrava o que devia ser feito.
O papagaio de Solay andava pelo poleiro, as penas verdes do pescoço eriçadas, dizendo:
— Jane! Jane! — O chalrear da ave soava como uma acusação.
Jane se virou para a cama onde a irmã jazia com a barriga alta como uma montanha. As dores vieram em ondas sucessivas durante a noite inteira, dando a Solay pouco tempo para se recuperar. Seu cabelo longo e escuro estava preso e trançado, e os profundos olhos violeta, vermelhos.
Justin, o marido de Solay, afastou a cortina que cobria a porta, mas não entrou no aposento.
— Como está ela? Posso fazer alguma coisa?
Solay abriu os olhos e acenou, mal conseguindo levantar a mão.
— Saia... Não estou arrumada para ser vista.
A mãe das duas foi até a porta e o empurrou para fora.
— Volte para a sala. Jogue xadrez com seu irmão.
— É sempre assim? — perguntou ele sem sair do lugar.
Jane mal o ouviu sussurrar.
— O nascimento de Solay foi parecido — respondeu a mãe sem se preocupar em baixar a voz. — Disseram que foi a noite mais curta do ano, mas para mim foi a mais longa.
— Mas já faz muito tempo.
A certeza da sogra não aplacou o medo estampado no rosto de Justin.
— E ainda vai demorar mais um pouco. Esse é o trabalho de uma mulher. Se quiser fazer algo de útil, vá acordar a parteira. — E ao tocar o braço dele, sussurrou: — E reze para a Virgem Maria.
Jane deu um passo à frente, querendo segui-lo, mas ele era um homem, portanto, livre para fazer o que quisesse. Era ela que estava com vontade de ir acordar a parteira, ou jogar xadrez, ou inspecionar os documentos legais de Justin, para o que sempre tinha a permissão dele. Na verdade, queria estar em qualquer lugar, menos ali.
— Jane! Onde está a água?
Ela voltou para a borda da cama e estendeu a caneca. Solay, que mal era capaz de manter os olhos abertos, acabou esbarrando na mão de Jane e derrubando a água toda na cama.
Solay se surpreendeu.
— Veja o que aconteceu! — ralhou a mãe olhando preocupada para Solay.
E Jane soube que falhara de novo.
— Veja! — gritou o papagaio. — Veja!
— Quieto, Gower! — repreendeu Jane.
Em seguida, tentou enxugar, mas esbarrou na barriga de Solay, e a mãe tirou o pano de sua mão.
— Deite-se, Solay. — Ela procurou secar o lençol molhado, sem tocar na filha. — Descanse. Vai dar tudo certo.
— É sempre assim? — indagou Jane, sussurrando, quando a mãe devolveu-lhe o pano.
— O nenê já vai nascer — respondeu a mãe, baixinho.
Jane torceu o pano sem saber que atitude tomar, receando fazer alguma coisa errada e querendo apenas fugir dali.
— Vou buscar panos limpos.
— Não saia. — O pedido de Solay surpreendeu Jane. — Cante para mim.
Advertindo Jane com o olhar, a mãe foi para o corredor à procura de uma criada e de panos limpos.
Jane tentou entoar as primeiras notas de “Summer Is Icumen In”, mas a voz ficou presa na garganta. Ela, então, olhou para Solay, indefesa.
— Nem isso consigo fazer direito.
— Não se preocupe. Gosto de ter minha irmã caçula por perto. — Solay estendeu a mão, e Jane a segurou, olhando para os dedos trançados.
Os de Solay eram finos, brancos e delicados. Solay representava tudo o que uma mulher devia ser: linda, graciosa, hábil e obsequiosa.
Tudo o que Jane não era. Suas mãos eram quadradas e ásperas. Os dedos, curtos e grossos, só estavam limpos, sem o cheiro de sujeira e cavalos, porque a parteira insistira que lavasse as mãos antes de entrar no quarto de parto.
— Você está bem? — Jane quis saber, quando a irmã apertou sua mão.
— A dor é suportável. — Solay esboçou um sorriso fraco. — Mas acho que terá de receber seu futuro marido sem mim.
Marido. Um estranho para quem teria de submeter a vida. Jane se esquecera de que ele chegaria em um mês.
Tinha feito tudo para esquecer.
— Não quero me casar.
Um marido exigiria que ela fosse como Solay ou sua mãe e soubesse todas aquelas coisas mais estranhas do que latim.
— Eu sei, mas está na hora, você já está com 17 anos. Já passou da hora, na verdade. — Solay apertou-lhe a mão, solidária. E com muito esforço tocou os lábios de Jane. — Veja só. O papagaio vai bicar seu bico. Pelo menos se encontre com ele. Justin disse a seu noivo que você era diferente.
Isso, ela era diferente.
— Ele sabe que quero viajar pelo mundo? E que sei ler em latim?
— Ele é um mercador, e você poderá fazer coisas que a esposa de um nobre não poderia. Além do mais, logo isso perderá a importância para você — afirmou Solay com um sorriso hesitante.
— Você já me disse isso. — Como se o casamento fosse torná-la uma criatura estranha e irreconhecível.
— Se não gostar dele, prometo que não a forçaremos a se casar. Justin e eu só queremos que você seja tão feliz quanto nós.
— Eu sei. — Jane pressionou a mão de Solay contra o rosto. Sonho impossível. Jamais chegaria aos pés da linda irmã, que tentava entendê-la, mas sem muito sucesso.
— Gostaria que você não tivesse cortado o cabelo. — Solay a soltou e acariciou o cabelo curto e loiro da irmã.
— Os homens gostam de cabelo longo, loiro e cacheado como o seu. — De repente, contraiu o rosto e olhou para baixo. — Alguma coisa está acontecendo. Está... eu... está tudo molhado.
Jane ficou imóvel por instantes, antes de correr para a porta, afastar a cortina e gritar:
— Mamãe!

3 comentários:

  1. Jenna querida, queria saber se tem previsão para a postagem dos livros restantes da série Órfãos de St. James...fiquei fascinada pelos personagens Luke, Franning e o outro que eu já esqueci o nome kkkk. Mas falta as histórias do médico e do policial e há séculos estou louca pra lê-los. Bjbj e obrigada pelo blog ;*

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    1. Roseli não sei, por favor leia em avisos número 8, a bem da verdade estamos órfãos em várias outras séries deste grupo, ele nem está mais em atividade há pelo menos um ano nem sei dizer exatamente. bjs

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  2. Que história bonitinha, eu amei! Obrigada por disponibilizar.

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Oiii você não vai sair sem comentar nada vai? Ou que tal indicar o que leu. Ou então uma resenha heheheheh...Todo mundo agradece, super beijo!