17 de setembro de 2024

Retorno a Wildsyde

Série Filhos Perversos
Quando Lorde Lyall Anderson, Visconde de Bucharon, inicia um caso apaixonado com a Srta. Lilith Fulbright, ele percebe tarde demais que está brincando com fogo, caiu no mais antigo golpe dado por mulheres à caça de dinheiro, posição e títulos.
Apanhado numa posição comprometedora pelos pais, é demasiado óbvio que a bela e amoral jovem só tem fome de riqueza e de um título e não tem qualquer consideração por ele. Humilhado e furioso, Lyall cumpre seu dever de homem honrado, sabendo que seu futuro com tal mulher será de miséria.
Mas o destino deu-lhe uma mãozinha…Enquanto fugia com um amigo de infância de Bucharon, Rory Stewart, Lilith morreu num acidente de barco quando ambos tentavam cruzar para o continente. Como resultado a família Fulbright perdeu sua galinha de ovos de ouro. Mas o destino quis que o tio de Lilith ao falecer deixasse a guarda dos filhos dele para Bucharon. O inferno de Lyall nunca vai acabar ou o destino resolveu brincar com os erros dele?

Capítulo Um

Lyall registrou a batida na porta, mas não respondeu, o fogo que ele encarava havia morrido há algumas horas, mas não foi percebido. Estava entorpecido. Choque e muitas outras emoções dominando seus sentidos até que ele sentiu a necessidade de se desligar. O uísque tinha feito o trabalho corretamente, e agora ele estava pagando o preço por isso também. Sempre houve consequências para as ações, algumas mais dolorosas que outras.
— Lyall?
A voz suave de sua mãe o alcançou através da névoa de dor e confusão, virou a cabeça, sentindo-se como se estivesse dormindo há mil anos enquanto piscava para ela.
— Mãe?
— Oh, Lyall, olhe o seu estado, amor. A Sra. Baillie está trazendo café e o dejejum.
— Ah, mãe, pare de se preocupar — disse ele, esfregando a mão cansada no rosto e descobrindo que já fazia algum tempo que não se barbeava. Quanto tempo? Ele não conseguia se lembrar.
— Não diga coisas tão idiotas — respondeu sua mãe com uma expressão de impaciência. — Eu sou sua mãe, é meu trabalho me preocupar com você. Isso faz você se sentir melhor? — Ela perguntou, pegando a garrafa vazia que havia rolado pelo chão e descansado diante do fogo apagado. Ela ergueu uma sobrancelha para ele e ele grunhiu.
— Sim, por uma ou duas horas.
— E agora você está com dor de cabeça e enjoo por mais alguns anos — disse ela com um suspiro.
— Mãe, não me importune, eu suplico — ele implorou, massageando as têmporas doloridas.
Ela suspirou e não disse mais nada e ele sentiu uma mão gentil acariciar seus cabelos. O toque terno fez sua garganta apertar, e ele engoliu em seco, determinado a não fazer mais papel de bobo do que tinha sido feito ultimamente.
— Papai já chegou? — ele perguntou, sem saber se temia a resposta ou não.
— Ainda não. Espero que ele chegue logo e não pareça tão infeliz. Ele está do seu lado, Lyall, você certamente sabe disso?
— Sim, mas isso não significa que ele esteja orgulhoso da bagunça em que estou.
— Aquela mulher… — começou sua mãe, e então respirou fundo pois sempre que falava da esposa dele – sua falecida esposa – ela ficava um pouco irritada. — Lilith fez essa bagunça, Lyall, e uma mulher assim poderia virar qualquer homem do avesso. Quando penso nas coisas que ela poderia ter alcançado se não tivesse sido tão superficial e rancorosa, fico furiosa. Suponho que deveria ter pena dela, pois seus pais a criaram à sua própria imagem e ela tinha poucas chances de ser outra coisa senão o que era. Admito que estou lutando para fazê-lo, embora agora que ela teve um fim tão triste, seja um pouco mais fácil, suponho — acrescentou ela com sua habitual honestidade.
Ela então se virou e olhou diretamente para ele e ele sabia que ela iria perguntar como ele se sentia, o que se passava em sua cabeça, mas não sabia como responder às perguntas dela. O alívio era uma grande parte disso, e o fato de ele ter sentido tal coisa quando uma linda jovem perdeu a vida, sem mencionar um homem que ele conhecia desde que era menino, bem, isso certamente não refletia bem sobre ele. Mais do que isso, porém, ele estava com raiva. Ele estava com raiva por ter sido preso e manipulado e por ela ter continuado a fazer isso ou tentado. 
Os pais dela também tentaram, constantemente criticando-o pela crueldade com a filha. Aparentemente, dar-lhe uma bela casa e uma mesada generosa não era suficiente. Ela deveria ter uma casa em Londres e uma carruagem própria e dinheiro suficiente para entreter e… a lista era interminável. 
Como se acreditassem que Lyall era tolo o suficiente para permitir que ela corresse solta entre a sociedade enquanto levava seu nome, tendo amantes como bem entendesse e fazendo dele motivo de chacota. Não nesta vida.
Ele supôs que sua mãe estava certa. Lilith tinha sido tão vítima das ambições de seus pais quanto ele. Foram eles que o escolheram como seu alvo – como ela o informou amargamente quando percebeu que havia encontrado um objeto imóvel que não podia ser torcido em seu dedo.
Toda a família era um bando ignominioso de trapaceiros, mentirosos e aventureiros. Ele só podia agradecer a Deus por ter terminado com eles agora, embora não duvidasse que os pais dela tentariam culpá-lo por isso e exigiriam uma compensação. Embora isso o deixasse mal do estômago, Lyall sabia que lhes pagaria uma quantia, apenas para fazê-los ir embora e mantê-los fora de sua vida.
Ele só queria ficar quieto por um tempo, voltar à vida que vivia antes de Lilith arruinar tudo. Fazia apenas cinco meses que ela e os pais haviam encenado a pequena cena que o surpreendera tão bem, e mesmo assim ele sentia que havia envelhecido cinquenta anos nesse ínterim.





Série Filhos Perversos
3- Retorno a Wildsyde

9 de setembro de 2024

Uma Aliança Inadequada

Série A Herança Disputada do Conde
Edward Revere é o parceiro de negócios dos gêmeos idênticos Adam e Richard Somiton e, como seus amigos, não deseja se mudar para Somiton enquanto os advogados decidam se Adam é o verdadeiro conde de Somiton.
Lady Eleanor Somiton está muito feliz em se mudar para a Dower House com sua mãe, a Condessa Somiton e sua irmã Lady Grace e deixar os novos titulares para morar na vasta e desconfortável casa ancestral. Como todos os ramos distantes da família Somiton se reúnem para uma festa de verão, nem todos estão lá com boas intenções. Edward e Eleanor são atraídos um pelo outro, mas ambos sabem que uma aliança tão inadequada é impossível.

Capítulo Um

Somiton Hall, junho de 1815
— Mamãe, por que temos que nos mudar para a Dower House agora? Certamente seria melhor se conhecêssemos o novo Conde de Marchant? — Lady Eleanor Somiton perguntou enquanto observava o último de seus baús sendo transferido para a diligência de espera.
— Normalmente, minha querida, eu ficaria aqui para cumprimentar o novo titular, pois nosso futuro depende um pouco de sua generosidade. No entanto, como o título está em disputa porque seu pai não conseguiu encontrar o herdeiro presuntivo antes de morrer, não tenho ideia de quem seja o verdadeiro conde e nem os advogados.
Grace, aos dezenove anos, era três anos mais nova que a irmã e não permitia que nada a desanimasse, nem mesmo a perspectiva de morar em Dower House, uma casa muito menor.
— Acho que vai ser mais divertido ver quem acaba sendo nosso Lorde e mestre. Quando falei com o Sr. Radley outro dia, ele disse que, em sua opinião, alguém chamado Capitão Leo Somiton tem uma linha direta com o título.
— Mas o Sr. Grimshaw, o outro advogado, insiste que Adam Somiton é o verdadeiro herdeiro. Como nenhum deles tem uma conexão mais próxima do que cinco gerações atrás, não consigo ver como isso será resolvido — disse Eleanor.
— Soube que as duas famílias chegarão nos próximos dias com a expectativa de fixar residência no Salão e ter acesso à fortuna do papai.
— Grace, nunca foi dinheiro do seu pai, mas pertence, como as propriedades, à família. Tudo está vinculado e vai para o filho. Se ao menos eu tivesse produzido um menino vivo, nada disso estaria acontecendo.
— Você é a Condessa de Marchant; somos Lady Eleanor e Lady Grace Somiton – aqueles que vêm reivindicar o título de papai são plebeus. Eles têm vivido como tal por gerações. A família deste Adam Somiton fez fortuna no comércio. — Embora ela tentasse não soar desaprovadora, Eleanor falhou tristemente.
— O capitão Leo Somiton é um soldado de carreira. Eu dificilmente acho que um cavalheiro militar seja uma pessoa adequada para assumir as propriedades e tudo o que isso implica — Grace disse com firmeza. — Mudei de opinião sobre o assunto e agora apoio o outro senhor, pois pelo menos ele tem dinheiro próprio.
— Meninas, a opinião de vocês não terá influência no resultado. Não desejo estar aqui supervisionando uma situação indecorosa e é por isso que estamos nos mudando hoje para Dower House. Graças ao bom Deus que meus fundos não são afetados por este desastre. No entanto, os funcionários não serão pagos, nem as contas em Hall, até que o assunto seja resolvido.
— E se o novo titular tiver parentes idosos que deseja colocar lá? Para onde iremos então?
— Eleanor, eu sou a condessa e, portanto, tenho toda a intenção de permanecer naquele lugar, independentemente do resultado desta disputa de herança. O Sr. Grimshaw me garantiu que faz parte do meu direito, como viúva do conde, poder viver confortavelmente na Dower House enquanto eu desejar. — A mãe fungou e olhou para baixo em seu nariz aristocrático. — Vocês duas têm dotes substanciais e eu tenho uma anuidade generosa. Não importa quem leva o título, pois ele não pode interferir em nossas vidas.
— Bem, ele certamente não pode interferir na minha já que sou maior de idade. No entanto, acredito que quem finalmente receber a herança será o guardião de Grace.
— Eu não me importo com isso, desde que ele providencie para que eu vá para a cidade na próxima temporada, para que eu possa ter meu baile de debutante e encontrar um marido bonito e rico.
Eleanor sorriu ante as tolices de sua irmã.
— Querida, já falamos sobre isso várias vezes. Pode ser possível persuadir o novo conde a dar um baile aqui, mas duvido que ele queira abrir a casa em Grosvenor Square em seu nome.
— Isso é bobagem. Vou perguntar-lhe lindamente e ele não poderá me recusar.
Sua irmã estava convencida de que seu charme e beleza poderiam persuadir até o mais rabugento dos cavalheiros a se curvar à sua vontade. Ela certamente tinha o pai delas enrolado em seu lindo dedo mindinho. Eleanor esperava sinceramente que quem quer que Grace decidisse se casar a colocasse de lado, pois por mais que amasse sua irmã, ela sabia que era terrivelmente mimada.
A diligência estava prestes a partir. Eleanor mordeu o lábio, endireitou os ombros, levantou as saias e desceu correndo os degraus de mármore que levavam da imponente porta da frente ao círculo de conversão.
— Não adianta hesitar, mamãe, Grace, devemos partir daqui para sempre.








Série A Herança Disputada do Conde
1- Uma Aliança Inadequada

3 de setembro de 2024

Bela Demolidora

Série Filhos Perversos

Lorde Conor Baxter, Visconde Harleston, descobriu após um grave acidente que gostava de construir coisas. 
Depois de passar meses de cama se recuperando de uma queda de cavalo ele passou a dedicar seu tempo livre a inventar ferramentas mais precisas para qualquer coisa que fosse necessário. Metódico, organizado e acima de tudo meticuloso com sua pessoa e seu entorno ele se vê envolvido com uma senhorita muito desajeitada.
Uma Bela Desajeitada…
Lucy Carleton, filha do dono de um clube de jogo, é uma moça muito ansiosa que não gosta de ambientes cheios de pessoas, menos ainda quando ela não é uma convidada. Sua ansiedade sempre a leva a cometer algum desastre que a coloca em situações constrangedoras. Agora seu pai decidiu que ela deve se apresentar à sociedade e casar-se, tanto melhor se o marido for titulado. E Brian Carleton, pai de Lucy, não tem nenhum escrúpulo para conseguir isso.

Capítulo Um

11 de março de 1845, Berkeley Square, Mayfair, Londres
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Conor observou ansiosamente enquanto seu criado, Murphy, examinava a mancha em seu casaco.
— Chocolate, você diz, milorde?
— Temo que sim. Alguma mulher ridícula decidiu jogar isso em cima de mim — disse ele, irritado.
As sobrancelhas grisalhas do homem ergueram-se um pouco e Conor pensou que talvez seus lábios se contraíssem, mas por outro lado ele se conteve para não comentar. Isso era preocupante. Murphy nunca tinha falta de opiniões ou comentários.
— Ela teria um bom motivo para fazer isso? — Murphy perguntou, a imagem da inocência.
Bem, isso era melhor. Mesmo assim, Conor estreitou os olhos. — Não.
— Uma pena — Murphy respondeu com um suspiro. — Já era hora de você fazer algo para que uma xícara de chocolate fosse jogada na sua cara, eu acho.
— Que coisa vil de se dizer — respondeu Conor, irritado. — Como se algum dia eu fosse…
— Ah, só estou brincando com você — disse o sujeito com uma risada suave. — Só quero dizer que você deveria ir e agitar um pouco as coisas. Você ainda não está morto, você sabe. Você costumava ser cheio de brincadeiras. Quando você começou aquele clube com seus amigos, por exemplo, e…
— E isso foi há muito tempo. Não sou mais um garoto inexperiente disposto a fazer travessuras.
— Sim, é uma pena — Murphy murmurou baixinho antes de acrescentar. — Bem, uma pasta de bicarbonato de sódio deve resolver isso, mas é melhor eu cuidar disso antes que endureça.
— Muito bem, Murphy, obrigado.
Conor desceu até o escritório e sentou-se à escrivaninha. Tudo estava exatamente como ele gostava: arrumado, ordenado, limpo. Cuidadosamente, ele removeu o pano branco que cobria o último projeto que havia começado. Dispostos com precisão em uma bandeja fina sobre sua mesa estavam pedaços de um relógio. As minúsculas peças prateadas brilhavam à luz e Conor sorriu ao pegar a pinça e selecionar uma minúscula engrenagem. Ele sempre adorava quebra-cabeças e descobrir como as coisas funcionavam, mas só há alguns anos redescobriu sua paixão por fazer coisas.
A lesão foi grave. Tanto que o cirurgião quis arrancar-lhe a perna. Graças a Deus mamãe e Aisling não permitiriam que isso acontecesse. Sua irmã tinha talento para curar e ela assumiu o comando. Juntas, sua mãe e sua irmã cuidaram dele, mas a dor foi de um tipo que ele não acreditava ser possível sobreviver. Mas ele sobreviveu, e ele estava bem novamente. Então era isso. Tudo foi bem.
O marido de Aisling, Sylvester Cootes, era um sujeito decente e parecia fazer a irmã feliz. Ele também era o novo administrador do Castelo Trevick. Conor foi criado sabendo que um dia seria o Conde de Trevick, e por isso aprendeu tudo o que havia para saber sobre o castelo e o negócio de administrá-lo nas mãos de seu pai — e de sua mãe. Cootes, no entanto, era cheio de novas ideias e inovações, e foi um enorme alívio para Conor saber que a propriedade estava em boas mãos e que parte do fardo foi tirado de seu pai. Se não fosse esse o caso, ele próprio teria intervindo, mas apenas porque era seu dever fazê-lo.
Por mais que amasse o campo e a sua casa ancestral, sentia-se feliz por se manter afastado dela desde o acidente, pois havia muitas recordações de dor e arrependimento. Ele também era fascinado pelo progresso e Conor passou muito tempo com o industrial Gabriel Knight, que fomentou seu interesse pelas ferrovias e o colocou no caminho de alguns investimentos sólidos. Ele devia muito ao homem e o admirava tremendamente.
Conor olhou para cima quando o relógio sobre a lareira tocou, um som preciso e brilhante para anunciar uma hora. Por toda a casa havia o eco daquele som e Conor sorriu. Ele observou a porta e, alguns segundos depois, ela se abriu, revelando sua governanta, a Sra. O'Brien. Ela acenou com a cabeça para o lacaio que segurava a porta e trouxe uma bandeja de chá, colocando-a cuidadosamente na borda da mesa.
— Boa tarde, milorde. Você teve uma manhã agradável?
Conor olhou para ela, divertido. — Tenho certeza de que Murphy lhe disse que não.
— Ah bem. Acidentes acontecem — disse ela suavemente, colocando a delicada xícara de porcelana com a posição correta para cima no pires e acrescentando um cubo de açúcar cortado com precisão.
A precisão do corte ficou por conta de Conor. Ele havia projetado e fabricado uma serra de açúcar, para que seus lacaios pudessem quebrar melhor a casquinha de açúcar. Anteriormente, usando a tesoura de açúcar, os caroços tinham formatos e tamanhos diferentes, então o chá dele era um pouco doce demais ou não doce o suficiente. Isso não o incomodava, mas ultimamente esses detalhes pareciam distraí-lo.
A Sra. O'Brien serviu o chá e tirou a tampa de um prato, revelando uma generosa fatia de torta de caça, uma maçã cortada em fatias cuidadosas e um grande pedaço de queijo. — Tem uma linda esponja de geleia também. Vou buscar algumas para você agora mesmo.
— Excelente, obrigado






Série Filhos Perversos
1- O Diabo a Pagar
2- Bela Demolidora

27 de agosto de 2024

Uma Colher Bordada

Depois de recusar todas as ofertas de casamento que surgiram em seu caminho, Isolde Farrington é despachada para uma tia solteirona no País de Gales até que ela caia em si.
Rhys Williams, lá a negócios, está entregando a escolha da noiva para ele ao seu tio, e a última coisa que ele precisa é se apaixonar por uma senhorita impertinente como Izzy, que toma Rhys por um caipira. O novo ambiente de Izzy faz com que ela veja a vida e Rhys de uma nova forma. Mas quando seu pai, Lorde Bedley, descobre que a situação no País de Gales não é o que ele pensava, e que Rhys está no comércio, um abismo se abre para o casal que passou a se amar. Será que a diferença de classe os manterá separados?

Capítulo Um

Capel Bodfan, País de Gales, julho de 1817
A Srta. Isolde Farrington espiou pela janela da carruagem, embora grande parte da vista estivesse obscurecida pela chuva no vidro. Não importa, ela pensou com desgosto. Haveria árvores, envoltas em névoa e gotejando, ou encostas encharcadas pontilhadas de ovelhas. Se houvesse uma cidade, seria pequena, com muitos “L” em seu nome e poucas vogais.
A carruagem balançou para o lado; Izzy agarrou a alça, então soltou um suspiro de alívio quando outra guinada a colocou em movimento para frente mais uma vez.
— Oh, o céu nos proteja! — A Srta. Amberley rezou.
Izzy revirou os olhos. Essa viagem já havia demorado dois dias a mais do que deveria, mas os únicos perigos eram a perspectiva de escorregar em uma vala ou ficar presa na lama. Inconveniente, certamente, embora improvável de ser fatal. Mas sua acompanhante via cada vala como uma ravina escarpada, e cada estrada lamacenta como um atoleiro pronto para sugar a carruagem em suas profundezas. Era assim que as solteironas acabavam? Izzy perguntou a si mesma, se a Srta. Amberley tinha sido assim a vida toda, se a preocupação causara-lhe as rugas e os cabelos grisalhos. Graças a Deus ela era apenas uma acompanhante temporária para esta jornada.
Tia Eugenia deve ser quase tão velha quanto a Srta. Amberley. Seu pai tinha quarenta e cinco anos, e tia Eugenia era a irmã mais velha seguinte. Que Deus a livre que ela fosse tão trêmula e medrosa quanto a acompanhante de Izzy. Esse exílio no País de Gales pareceria realmente longo.
— Se ao menos eu tivesse ido ver minha irmã em junho, antes que toda essa chuva horrível começasse — lamentou a Srta. Amberley, não pela primeira vez, nem mesmo pela décima.
Se você tivesse.
— Foi muito gentil da parte do querido Lorde Bedley me permitir seguir para Aberystwyth em sua carruagem depois de deixá-la com a Srta. Farrington. Que cavalheiro, seu querido papai.
Izzy tentou não ouvir. A punição dela poderia ter sido pior – o pai poderia ter enviado a Srta. Templeton, sua preceptora, com ela. Mas isso significaria que a mãe teria que se esforçar para supervisionar Viv e Lynnie por mais de uma semana. Cuidar de duas filhas não deveria ser difícil, mas a mãe preferia ficar na sala com um livro ou fofocar com as amigas. Izzy estava feliz por estar sem a governanta – até mesmo a tagarelice da Srta. Amberley era preferível às repreensões da Srta. Templeton.
— Oh, devemos estar quase chegando. — A Srta. Amberley esfregou a janela e olhou para fora. Izzy conseguia ver apenas árvores – ainda pingando – através de sua própria janela, pois os cavalos e os mensageiros bloqueavam grande parte da visão à frente. Ela se inclinou para ver o que sua acompanhante estava olhando.
Desciam pela encosta de um amplo vale. Milagrosamente, a chuva havia parado, e Izzy podia ver um rio abaixo, salpicado de espuma branca enquanto corria pelos campos e entre aglomerados de prédios. As encostas cobertas de árvores além do rio elevavam-se a charnecas nuas, ainda com manchas de nuvens cinzentas agarradas ao topo.
— Aquela é Capel Bodfan?


 





20 de agosto de 2024

O Diabo a Pagar

Série Filhos Perversos

Alto, moreno e bonito, ridiculamente rico e herdeiro de um título. 
Com tantas bênçãos em sua vida, para este Filho Maligno há muito pouco sentido em ser algo mais do que ornamental. Ou pelo menos… é nisso que todos acreditam, mas esse homem tem um segredo. Para um homem em sua posição, se alguém descobrisse que ele é o misterioso autor de “Os Fantasmas do Castelo Madruzzo”, isso o tornaria uma figura ridícula. Seu primeiro romance foi um tremendo sucesso e, embora suas vendas sejam excelentes, ele sabe que nunca recuperou o dinamismo daquele primeiro livro. Seus leitores não parecem se importar e clamar por mais, mas uma certa crítica feminina continua atormentando-o com críticas negativas. De alguma forma, ela adivinhou que ele é um nobre e se deleita em encontrar falhas em seus personagens menos elevados.
Um pouco de tempo disfarçado deve resolver o problema, para provar a si mesmo e à dama que ele não é nada se não estiver comprometido com sua arte.
Uma senhora a ter em conta… Como a mais velha – e única irmã sensata – em uma família sobrecarregada, Selina Davenport está segurando a sanidade por um fio. A última coisa que ela precisa é a presença em sua vida de um nobre privilegiado fingindo ser algo que não é. Como se ela não pudesse dizer de relance que ele não é o jardineiro humilde que pretende ser. O idiota. Isso não quer dizer que ela não esteja preparada para se divertir um pouco às custas dele. Um jogo que sai do controle…Mas quando um objeto imóvel encontra um desafio irresistível, as faíscas devem voar, mas elas queimarão tudo ao seu redor?

Capítulo Um

15 de fevereiro de 1845, Goshen Court, Monmouthshire.
Jules Adolphus, Marquês de Blackstone, espiou pela janela enquanto a carruagem subia pela calçada esburacada e fez uma careta.
— Você cometeu um erro, meu velho. Não pode ser esta pilha de pedras mofadas.
Briggs, um valete muito superior e invejado por todos os homens elegantes da alta sociedade, olhou com seu nariz comprido para seu mestre e deu uma pequena fungada. — Aqui é Goshen Court, garanto-lhe, milorde, e devo lembrá-lo que o avisei sobre como você viveria para se arrepender deste pequeno passeio.
Jules descartou essa observação com irritação.
— Ninguém gosta de um sabe-tudo, Briggs — Jules murmurou sombriamente, olhando pela janela com crescente apreensão. — Inferno e o diabo! Sei que ele disse que o lugar estava uma bagunça, mas achei que estava exagerando.
— Parece que não. Ele provavelmente nem está aqui. — Briggs respondeu, em tom semelhante ao de Cassandra.
Jules olhou para ele. — Pare de ficar de mau humor. Tenho certeza de que sim, e mais especificamente, estamos aqui agora. O interior não pode ser tão sombrio quanto o exterior. Pip nunca suportaria isso. Ashburton gosta de seu conforto.
— É o que você diz, milorde. — Briggs soltou um suspiro pesado, resignado com seu destino, e esperou que um lacaio descesse os degraus.
Como não havia sinais óbvios de vida na casa, Jules abriu a porta, saltou e esticou seus longos membros, que não eram adequados para o confinamento de uma carruagem. Briggs dirigiu-se para a porta da frente com o ar de alguém que sobe os degraus de Tyburn. Batendo os pés, que haviam perdido toda a sensibilidade cerca de dezesseis quilômetros antes, Jules olhou em volta com desagrado. Goshen Court, vista numa tarde gelada de inverno, com o sol já decidindo que era melhor terminar o dia, não era uma perspectiva convidativa.
Briggs parecia não ter sorte na porta da frente, as fortes batidas da aldrava apenas perturbavam os corvos que haviam se empoleirado em um carvalho próximo. Eles subiram ao céu com um grande bater de asas e grasnidos ameaçadores de irritação que provocaram arrepios de mau pressentimento na espinha de Jules.
— O que, em nome de tudo o que é sagrado, Ashburton estaria fazendo, se escondendo aqui nesta velha pilha de merda em ruínas…
Jules parou quando uma figura alta contornou o prédio, seu cabelo loiro platinado se destacando na escuridão crepuscular. Não poderia ser outro senão Ashburton. Se o cabelo não fosse uma revelação absoluta, a altura, os ombros largos e aquele rosto incrivelmente bonito e aristocrático teriam resolvido tudo. Mesmo assim, Jules ainda piscava e olhava, pois nunca em sua vida ele tinha visto o arrogante Conde de Ashburton com um menino louro e sujo empoleirado nos ombros. As botas enlameadas da criança balançavam descuidadamente contra um casaco impecavelmente cortado de uma forma que teria feito Briggs se atirar nas águas mais próximas com gritos de angústia. O que realmente deu uma reviravolta em Jules, porém, e o fez se perguntar se sua última bebedeira movida a conhaque lhe causou mais danos do que ele imaginava foi o canto. Ashburton estava cantando.
Jules ouvira Pip cantar em algumas ocasiões memoráveis, mas apenas quando o sujeito estava bêbado como um imperador, e essas canções certamente não eram adequadas aos ouvidos de bebês inocentes. Mas agora… agora ele não estava gritando uma cantiga obscena para o entretenimento de seus amigos, mas cantando canções infantis.
O que diabos estava acontecendo?
— Pip? — Jules gritou através da considerável extensão de cascalho cheio de ervas daninhas que um dia pode ter sido uma entrada de carruagens.
Ashburton congelou, seus olhos se arregalando de uma maneira que poderia ter sido divertida se o sol poente não tivesse lançado um último raio dourado de luz sobre a paisagem escura antes de desaparecer durante o dia. Brilhava no cabelo louro-claro do Conde e na criança. Jules via agora que era uma menina, encantadoramente bonita, com olhos prateados e brilhantes, a pele mais clara e a extraordinária estrutura óssea que Pip, seu irmão e sua irmã herdaram de seu pai, o Marquês de Montagu.
Jules respirou fundo em choque e falou antes que pudesse pensar. — Cristo todo-poderoso.
Que a criança era de Pip era óbvio demais para ser negado, e não que ele tenha tentado fazê-lo. Ele apenas olhou para Jules com indignação brilhando em seus olhos.
— O que diabos… O que você está fazendo aqui? — Pip exigiu, seu tom longe de ser acolhedor.
Jules ergueu uma sobrancelha. — Vim fazer uma visita ao meu velho amigo e descobrir por que ele ficou tanto tempo enterrado no meio do nada. Mas suponho que tenho uma resposta para essa pergunta.
— Quem é, papai? — falou a menininha, que segurava os cabelos loiros de Pip com mãos pequenas e gordinhas.
— Meu nome é Jules — disse Jules alegremente, aproximando-se e executando uma reverência muito formal para a garotinha. — Estou encantado em conhecê-la, senhorita…?
— Tilly — disse a garota com um sorriso tímido.
— Ah, como sua avó — Jules respondeu, lançando um olhar para Pip, que parecia bastante verde.
Oh, havia uma história aqui e não há erro. O pobre Ashburton foi pego em flagrante e, se Jules pudesse julgar, não contou aos pais. Não que ele pudesse culpar o sujeito; a ideia de contar a Montagu que ele gerou um filho fora do casamento fez Jules suar por Pip. Pobre diabo.
— Abaixo! — exigiu a criança, e então Pip a tirou dos ombros. Ela ficou parada, olhando para Jules, suas pequenas sobrancelhas loiras franzidas. — Jules?
— Sim, sou eu.






Série Filhos Perversos
1- O Diabo a Pagar


13 de agosto de 2024

Seu Verdadeiro Amor das Highlands

Série Lairds e Lady´s Rebeldes

Seu coração era dela. Até que sua esposa voltou…

Após a morte da mãe, o único consolo de Mabel é cuidar do pai doente e dos membros do clã. Sua dor a aproxima de Alastair Brodie, filho bastardo do Laird, que ainda está se recuperando da perda de sua esposa, Amelia. Mabel perde seu coração para Alastair, mas teme que seu amor não seja suficiente para curá-lo. Alastair Brodie era um fantasma de si mesmo desde que sua esposa desapareceu. Até conhecer Mabel. Aproximando-se da jovem curandeira, Alastair começa a ter esperança de um novo começo, à medida que eles começam a curar as feridas um do outro. No entanto, as vidas de Mabel e Alastair viram de cabeça para baixo quando Amelia retorna repentinamente. A desaparecida Amelia ressurge com segredos perigosos e planos mortais, mantendo Alastair e Mabel separados. Embora proibidos de seguir seus corações, Mabel e Alastair são inegavelmente atraídos um pelo outro. Logo, o mistério por trás do desaparecimento de Amélia coloca todos em perigo. 
Mabel e Alastair conseguirão descobrir os segredos do passado para salvar seu futuro?

Capítulo Um

Alastair Brodie recostou-se e enxugou o suor da testa. Era um dia anormalmente quente para as Terras Altas e o sol brilhava lá de cima. Ele teria que entrar no chalé antes que o sol chegasse ao ponto mais alto do dia.
Afastando os curtos cachos castanhos do rosto, ele se levantou e esticou os membros longos e musculosos. Pegando o banquinho de madeira em que estava sentado, atravessou o quintal e entrou na porta aberta de sua casa. Estava muito mais fresco aqui, principalmente com as cortinas fechadas. A lareira não estava acesa desde a noite anterior e ele não viu necessidade de acendê-la novamente até o anoitecer.
Colocando seu banquinho no chão de pedra, ele se sentou na porta, olhando para a estrada além do quintal. A partir dali, ficava a apenas um minuto de caminhada até a aldeia, mas tudo o que ele conseguia ver além da estrada de terra era a campina, estendendo-se através do vale verdejante, com tons do mesmo tom de seus olhos. Havia muitas moças na aldeia que o consideravam bastante corajoso, mas ele nunca lhes dera muita atenção. De qualquer forma, isso realmente não importava, já que, na idade madura de vinte e cinco anos, ele era um homem casado.
Amelia chamou sua atenção no momento em que a viu. Ela era a moça mais linda que ele já tinha visto, com cabelos loiros dourados, olhos azuis brilhantes e lábios rosados que ele queria tanto beijar. Ela era a inveja de todas as jovens da aldeia, e todos os rapazes estavam apaixonados por ela. Até mesmo seu meio-irmão, Ian, notou-a. Mas foi Alastair quem conquistou seu coração e com quem ela finalmente escolheu se casar.
Arregaçando as mangas da túnica, Alastair se levantou e pegou sua longa espada, que estava sobre a mesa de madeira no meio da sala. Desembainhando a lâmina, ele pegou o bloco de afiar próximo a ela e sentou-se no banco, colocando a espada entre as pernas.
Já fazia algum tempo que ele não usava a arma em batalha. Na maioria das vezes, ficava pendurado no cinto, no castelo. Atuar como guarda na guarda do Laird era um lugar adequado para ele, o filho bastardo do Laird. Embora seu pai não pudesse aceitá-lo oficialmente como herdeiro, ele decidiu mantê-lo por perto de qualquer maneira. Ian, o filho legítimo e seu meio-irmão mais novo, ficou grato. Ele sempre teve Alastair em alta estima e falava muito bem dele com seu pai.
Ele ergueu os olhos ao ouvir o som de uma carroça passando pela estrada. Era um dos aldeões que descia até o rio para buscar água, sem dúvida. Num dia como hoje, seria até uma boa perspectiva dar um mergulho nas águas frescas das águas correntes. O rio desaguava no lago próximo, atrás do castelo de seu pai, e sempre foi um refresco bem-vindo quando ele e Ian eram pequenos. Eles pulavam no rio depois de praticarem a luta de espadas no pátio do castelo para se refrescarem, sem nenhuma roupa vestida. Era uma sorte que nenhuma moça tivesse passado por eles sempre que decidiram nadar.
Ao deslizar o bloco pela lâmina de aço, ele pensou em Amelia. Eles eram felizes quando se casaram. O chalé tinha sido um presente de casamento do Laird, e Alastair não poderia estar mais grato ao pai. A alternativa teria sido ir viver com Amélia e a sua família, incluindo os seus pais e outros quatro irmãos e irmãs. Para o bem de seu leito conjugal, ele ficou mais do que feliz com o chalé, assim podiam ter privacidade.
Eles viveram felizes naqueles primeiros seis meses, fazendo do chalé um lar e cuidando do pequeno número de animais que criavam em seu quintal. Tudo estava exatamente como deveria estar, e Alastair imaginou que Amelia logo teria um filho pequeno para cuidar.
Mas quando ele acordou uma manhã e encontrou o lado dela da cama frio e suas coisas desaparecidas, ele não sabia o que pensar. Será que sua linda e amorosa esposa fugiu no meio da noite? Ela havia sido levada por um ladrão covarde? Ele não sabia o que pensar.

08- Seu Verdadeiro Amor das Highlands
Série concluída


6 de agosto de 2024

Perseguindo uma Lady Desonesta

Série Lairds e Lady´s Rebeldes

O que ela realmente roubou dele, naquele dia foi seu coração.

Para Isobel e seu bando de ladrões, a vida como bandidos é a única que eles escolheram. Roubando daqueles que tem muito para sustentar os necessitados, Isobel finalmente encontrou seu propósito. E tudo começou há quatro anos, quando ela roubou seu precioso amuleto da sorte, o anel de ouro que ela pegou de seu primeiro alvo. O anel que o pai de Keith Gilmore lhe deu significava que ele estava pronto para assumir mais responsabilidades como filho primogênito do Laird. No entanto, o Highlander perdeu seu bem mais precioso... Há quatro anos, ele foi puxado para o acostamento da estrada por uma sedutora donzela em perigo, que o enganou, tirando tudo dele! Incapaz de esquecer o insulto e a moça que o roubou, Keith procura incansavelmente por Isobel. De repente, ele a reconhece no meio da multidão, apenas para ela desaparecer mais uma vez. Mas desta vez, Keith não deixará a ladra ir. Isobel nunca esteve tão perto de ser capturada, e sua bela presa agora se tornou o caçador.

Capítulo Um

Keith sentou-se no grande salão do Castelo McKenzie e olhou ao redor. A multidão tinha aumentado desde que ele se sentou, e Laird McKenzie levantou-se para anunciar que agora que a festa estava em andamento, a dança começaria em breve.
Keith voltou-se para a porção generosa à sua frente, pegou uma coxinha de frango e deu uma mordida. Mas quando ele pegou a caneca de cerveja ao lado do prato, um brilho dourado chamou sua atenção. Vinha de um anel no dedo do homem sentado ao lado dele. Ele observou o anel enquanto o homem movia a mão sobre o prato de comida à sua frente. Finalmente, seu vizinho percebeu que Keith estava olhando atentamente para sua mão.
—Angus MacDonald. — Ele estendeu a mão anelada para Keith e sorriu.
—Keith Gilmore. — Ele apertou sua mão, finalmente erguendo os olhos para o rosto e devolvendo o sorriso.
—Você é filho de Laird Gilmore, eu suponho. — Angus deu uma mordida no pão e no queijo.
—Sim. Meu pai não pôde comparecer esta noite, então vim em seu lugar. — Os olhos de Keith desceram para o ringue novamente.
—É uma beleza, não é? — Angus disse a ele, tirando o anel e segurando-o na palma da mão.
Keith assentiu. —Perdoe meu fascínio por isso. Eu tive algo muito parecido anos atrás que foi roubado de mim.
Ele estendeu o anel para Keith. —Dê uma olhada se quiser. Eu não me importo.
Keith inclinou a cabeça em agradecimento e pegou o anel, aproximando-o para poder examiná-lo. Ele sabia que não era o anel de seu pai, nem poderia ser. Seu anel agora pertencia a uma das mulheres mais cruéis e astutas que ele já conheceu. Ele ainda nunca havia admitido até hoje que foi uma mulher quem o roubou na estrada anos atrás.
—É um belo anel—, disse Keith a Angus, devolvendo-o a ele.
—Obrigado. Pertenceu ao meu tio, o falecido Laird MacDonald. Ele já havia dado a seus filhos seu castelo e terras, e queria dar algo a mim, seu sobrinho, também.
—Ele parece ser um homem gentil e generoso—, Keith sorriu e ergueu sua caneca.Angus pegou sua caneca para brindar ao falecido tio. —Sim, ele era. — Ele tomou um gole e colocou o anel de volta no dedo. —Agora, se você me dá licença, devo ir dançar com minha esposa antes que algum outro membro do clã o faça.
Keith sorriu. —Claro. Foi bom falar com você, Angus.
—E você também.
Keith observou Angus se aproximar de uma mulher pequena de cabelos amarelos e passar os braços em volta da cintura dela, puxando-a para o meio da sala. Ela estendeu a mão e beijou o marido no momento em que a música começou a tocar. Logo, mais e mais parceiros encheram a pista de dança enquanto a atmosfera no salão se tornava alegre e festiva. Keith voltou para sua refeição, terminando o resto da comida que havia sido colocada diante dele, e bebeu o último resto de cerveja de sua caneca.
Inclinando-se para trás, ele acolchoou a barriga lisa e ficou de pé, sentindo a necessidade de se movimentar depois de uma refeição tão pesada. Levantando-se da cadeira, ele avistou Laird McKenzie e alguns outros líderes na longa mesa em frente à sala. Abrindo caminho no meio da multidão, ele decidiu se juntar a eles. Ele partiria para casa dentro de alguns dias e precisava gastar o tempo restante construindo conexões com os outros Lairds, na esperança de que eles pudessem manter a paz e formar alianças com o clã Gilmore, algo que seu pai desejava, para ele adquirir.
Ao passar por um pequeno grupo de mulheres, ele pôde ouvi-las sussurrando em voz alta sobre sua bela aparência. Ele sorriu na direção delas, pensando que poderia agradar uma delas com uma dança mais tarde, depois de terminar algumas conversas com os Lairds. Poucas moças chamavam sua atenção ultimamente, mas ele se contentaria com uma atraente o suficiente para dançar durante a noite.
Finalmente, ele foi até a mesa. O banquete foi retirado das mesas, apenas para ser substituído por grandes jarras de cerveja. Os homens encheram seus copos até a borda enquanto brindavam a cada um dos membros de seu clã e ao Laird McKenzie por organizar o banquete. Não era uma ocorrência comum no Castelo McKenzie, mas logo foi decidido que se tornaria um evento anual.
—Ah, é o rapaz Gilmore!— Laird McKenzie exclamou quando Keith se aproximou.
—Meu senhor. — Keith fez uma reverência.
—Venha e sente-se com o resto de nós. É uma pena que seu pai não pôde se juntar a nós. Ele é um bom homem.                          —Obrigado por dizer isso, meu Laird.
07- Perseguindo uma Lady Desonesta
Série concluída

29 de julho de 2024

O Conde no Trem

Série Rebeldes Vitorianos

Ele é o vilão que ela nunca esqueceu…

Sebastian Moncrieff é um vilão, um traidor e um pirata, que recentemente herdou um condado que ele nunca quis.
Como um homem que cometeu todos os pecados imagináveis, ele sabe que sua única chance de redenção é a única mulher que já alcançou sua alma de gelo. Ele já sequestrou Veronica Latimer uma vez e ficou encantado com tudo sobre ela… Desta vez, quando ele a levar, ele terá que admitir que ela manteve seu coração cativo desde o momento em que se conheceram. Mas ele pode convencê-la a perdoar seu passado para reivindicar um futuro?

Capítulo Um

Sebastian Moncrieff empalmou sua lâmina na escuridão, antecipando uma morte.
Ele esperou, ouvindo a noite turbulenta, saboreando a sensação do chão se movendo abaixo dele.
Sempre em movimento.
Na verdade, a única vez que ele se sentiu instável foi quando ficou parado no mesmo lugar.
Ele construiu pernas marítimas como primeiro imediato em um dos navios mais famosos ‒ ou infame ‒ do mundo inteiro, O Canção do Diabo. Agora que Rook lamentavelmente se aposentou, Moncrieff procurou outras maneiras de se manter à frente dos demônios implacáveis que o perseguiam.
Para evitar que o chão abaixo dele desmoronasse.
Os navios a vapor mais rápidos, as carruagens mais caras, os garanhões mais selvagens e até uma novidade como um balão de ar quente proporcionaram-lhe a fuga da prisão a que fora condenado.
Durante os três dias seguintes, foi o barulho e o balanço de um trem mobilizando o chão sob seus pés. A suntuosa locomotiva de luxo seguiu os trilhos do Expresso do Oriente de Londres a Constantinopla.
Ele reservou sua passagem com a intenção de assassinar Arthur Weller.
Por sorte, ele teria a oportunidade de fazer isso esta noite, antes mesmo de o trem chegar a Paris, sem que ninguém soubesse. Durante o resto da viagem a Constantinopla, ele sentaria e observaria o caos resultante enquanto se deliciava com charutos caros e bacará, antes de se retirar para seu carro particular.
Onde ele dormiria com a consciência aliviada de um bebê inocente.
Pelo menos no que dizia respeito a Arthur Weller.
Ele tinha muitos pecados manchando sua alma e muitos fantasmas para assombrar seus sonhos… mas eles ficariam em silêncio esta noite.
Eles sempre estavam atrás dessas mortes.
Arthur Weller evitou um comissário ferroviário, preferindo ser atendido por seu valete pessoal. Assim, ninguém estava de sentinela enquanto Sebastian entrava no vagão, sacudindo a neve do cabelo.
Suas acomodações ficavam a três carros de distância, pois só um idiota mataria seu vizinho e não esperaria suspeitas.
Ninguém, no entanto, imaginaria que alguém seria louco o suficiente para sair para o patamar do trem em alta velocidade e subir no telhado para saltar vários vagões para frente.
Poucas pessoas construíram sua força girando em torno de um navio durante uma década, agarrando-se a apoios duvidosos enquanto o mar fazia o seu melhor para reivindicar qualquer um que fosse tolo o suficiente para sair em meio a um vendaval.
Comparado a um navio a vapor num furacão, o teto de um trem poderia muito bem ser um passeio no Hyde Park.
Tinha trilhos e tudo.
Medindo a respiração, Sebastian encostou as costas na parede do carro de primeira classe do Weller e espiou pelo canto para ter certeza de que ninguém se movia no corredor estreito. Improvável a esta hora, mas nunca se sabia se um membro da família precisava de um lanche noturno ou do necessário.
Ninguém gostaria que um assassinato fosse interrompido por algo tão prosaico como um xixi.
Vazio. Excelente.
A única lâmpada fornecia pouco mais que um poço dourado para sombras, e Sebastian fundiu-se com elas enquanto se arrastava pelo corredor. Três portas protegiam as opulentas suítes em que a família Weller dormia. De acordo com as informações pelas quais ele pagara generosamente, a cabine de Arthur Weller era a última à direita. A faca parecia seu próprio apêndice quando ele passou pela primeira porta pertencente à filha de Weller e pela cabine do meio onde sua esposa, Adrienne, dormia.Ele encostou o ouvido na porta de Weller e escutou qualquer movimento antes de abri-la e entrar. Os nobres da elite dificilmente suportavam guinchos, e Deus ame o luxo bem lubrificado da primeira classe. Isso tornava o roubo muito mais fácil. As cortinas foram deixadas abertas, revelando o escasso brilho da cidade refletido nos delicados flocos de neve para se misturar com várias luzes do trem. Iluminava apenas o suficiente da cabine para delinear as sombras dos móveis e brilhar no cristal, na prata e em sua lâmina.
Colocando a faca no punho, Sebastian deslizou para mais perto de seu alvo.


07- O Conde no Trem
Série concluída

22 de julho de 2024

O Casamento Falso

 A encantadora e bela Catherine Renwick tinha bons motivos para desprezar o moreno bonito e insuportavelmente arrogante James Pembroke, Conde de Allandale.

Foi esse homem deplorável que, em uma noite de devassidão selvagem, fez com que Catherine fosse sequestrada e trazida a ele em uma estalagem de campo. Foi ele quem tomou sua virtude à força e a deixou ameaçada de desgraça. É verdade que agora ele estava disposto a fazer o certo dando-lhe seu nome em casamento. E igualmente verdade, ela não tinha escolha a não ser aceitar.
Pelos padrões da Londres aristocrática, o casamento entre o Conde de Allandale e Catherine Renwick parecia o mais perfeito dos pares. Afinal, ambos tinham o parceiro perfeito.
O Conde tinha a encantadora e soberba sensual Lady Caroline Amberly não só como sua amante, mas também apaixonada por ele. Catherine tinha seu namorado de infância, Ian Maxwell, ainda totalmente apaixonado por ela e disposto a se dedicar à sua felicidade.
O que mais um casal poderia querer?
A resposta veio como um choque… não apenas para as fofocas da Regência, mas para um marido e uma esposa lutando contra seus próprios desejos indesejados…

Capítulo Um

— Maldição, Matt, não! — O Conde de Allandale ergueu os olhos da taça de vinho à sua frente e dirigiu um olhar cinza claro para o amigo. — Se você não tivesse se deixado distrair por aquela maldita garota, nós não estaríamos presos aqui em primeiro lugar. Nos jogando em uma vala como dois caipiras!
— Sua autoestima foi a única coisa que se machucou, meu rapaz. Eles vão consertar aquela roda até amanhã, e nós podemos seguir nosso caminho. — O capitão Matthew Armstrong considerou seu amigo astutamente. — Mas pelo que posso ver, Jamie, você não deseja muito voltar para Londres.
A mão de Allandale ficou presa no ato de levantar o copo. Lentamente, ele o devolveu à mesa. — O que você quer dizer, Matt? — Ele disse cuidadosamente.
— Quero dizer, rapaz, que durante todo o tempo que estivemos na Escócia você ficou bem. Mas assim que viramos as costas para a urze e o peixe, você se transformou em uma ostra. — Capitão Armstrong parecia indignado.
— Você estava de mau humor, meu rapaz, muito antes de eu jogar você nessa vala. Por que você acha que eu senti a necessidade de uma conversa adicional? Infelizmente, não era em mim que ela estava interessada. Elas nunca estão, — ele acrescentou tristemente, — quando estou com você, Jamie.
O silêncio caiu enquanto o Conde continuava a beber metodicamente, apenas parando para sinalizar para uma nova garrafa. Matt o observou preocupado. Era fácil ver o que as mulheres encontravam para atraí-las em James Pembrook, sexto Conde de Allandale. Seu cabelo preto caía em desordem sobre a testa e quase tocava os longos cílios negros que escondiam seus olhos. Aqueles olhos, cinza claro e surpreendentes em seu rosto bronzeado, tinham um olhar nos últimos dias que deixou Matt extremamente inquieto.
Formavam um par estranho, o aristocrata esguio que se movia com a graça de um gato de caça e o escocês alto e corpulento. Matt conhecera Allandale durante a campanha de Talavera na Espanha em 1809. Quando o espanhol sujo e maltrapilho que Matt resgatara da emboscada se revelou o inglês responsável pela incrível tarefa de coordenar as movimentações da guerrilha espanhola, Matt se tornou seu devoto seguidor. Liberado do dever oficial de auxiliar o jovem Allandale, Matt tornara-se um especialista em passar por território espanhol sem ser descoberto, levando mensagens entre Wellington, em Portugal, e seu brilhante jovem estrategista na Espanha.
Matt adorava Allandale. Mas ele não o entendia. E ele temia o clima sombrio de desespero que vinha lentamente invadindo Allandale desde que eles viraram as costas para a Escócia.
— Fiquei muito feliz por você deixar a vida despreocupada em Londres e me fazer uma visita em minha terra natal, Jamie. Mas, além de seu desejo compreensível pela minha brilhante companhia, o que fez você querer vir?
A boca de Allandale se torceu em algo que era realmente um sorriso quente. — Eu estava entediado, Matt — disse ele. E serviu-se de outra taça de vinho.
— Sabe o que eu acho, Jamie? Acho que você sente falta da guerra.
Allandale apoiou a testa nas mãos trêmulas e olhou para a mesa. Sua voz, quando veio, estava abafada. — Deus, Matt, espero que não. — Houve um momento de silêncio, depois ele continuou a contragosto. — De certa forma, porém, a guerra me deu algo que eu realmente nunca tive antes.
A voz de Matt era gentil. — E o que foi isso, rapaz?
Os olhos cinzentos à sua frente eram brilhantes. — Uma razão para viver, Matt, — o sexto Conde de Allandale, bonito, rico e bem-nascido, disse com franqueza e sinceridade.
Matt, vinte anos mais velho que Allandale e se considerando sortudo por ainda estar entre os vivos, balançou a cabeça com incompreensão.
— Peço perdão, milorde. — O estalajadeiro aproximou-se da mesa deles. — A roda do seu faetonte será consertada até amanhã de manhã, milorde. Você pode sair logo após o café da manhã.
— Bem, agora, — Matt explodiu, — isso é uma boa notícia, Jamie. Podemos sair mais cedo, e estarei em York para cuidar dos meus negócios amanhã. Por que você não vai encontrar aquela moça perto da Muralha Romana, como ela disse, e eu vou…
Ele parou quando a voz de Allandale o interrompeu. — Senhorio! Outra garrafa, por favor.
— Pare de beber, Jamie. — A voz de Matt era urgente. Ele nunca tinha visto Allandale beber assim antes, e a intensidade obstinada do Conde o deixou nervoso. — Vamos, Jamie, ela era uma coisinha muito predestinada. — Ele estendeu a mão e tentou tirar o copo da mão do amigo. Dedos rápidos, fechando-se em seu pulso, adormeceram seu braço. A expressão no rosto de Allandale lembrou a Matt vividamente seus anos na Espanha; as últimas semanas de camaradagem fácil na Escócia foram eliminadas. A voz calma, cheia de raiva, era a que Matt sempre obedecia. — Pare de bancar a babá, Matt. Se eu quiser beber, eu bebo. — A voz de Allandale era sombria e reservada. Lentamente, Matt aceitou o copo que estava segurando.
— Tudo bem, rapaz. — A voz de Matt estava relutante. — Vamos beber.



15 de julho de 2024

O Duque com a Tatuagem do Dragão

Série Rebeldes Vitorianos

O mais corajoso dos heróis. 
O mais impetuoso dos rebeldes. O mais ousado dos amantes. Estes são os homens que arriscam seus corações e suas almas – pelas mulheres apaixonadas que ousam amá-los…
Ele é conhecido apenas como Rook. Um homem sem nome, sem passado, sem memórias. Ele acorda em uma vala comum, uma magnífica tatuagem de dragão em seu antebraço musculoso é a única pista de suas origens misteriosas. Sua única esperança de sobrevivência – e salvação – está nos olhos profundos e ardentes da bela estranha que o encontra. Quem cuida dele para recuperar a saúde. E quem acalma os demônios inquietos em sua alma… 
Um amor lendário Lorelei nunca esquecerá a noite em que resgatou o anjo negro quebrado na floresta, um homem diabolicamente bonito que assombra seus sonhos até hoje. Aleijada quando criança, ela se dedicou a curar o pobre homem torturado. E quando ele foi embora, ele levou um pedaço do coração dela com ele. Agora, depois de todos esses anos, Rook voltou. Como um fantasma, ele volta à vida dela e vinga aqueles que a prejudicaram. Mas ela pode confiar em um homem que foi rotulado de rebelde, ladrão e assassino? E ela pode confiar em si mesma para resistir a ele quando ele a toma em seus braços?

Capítulo Um

Se Lorelei Weatherstoke não estivesse apreciando a tempestade pela janela da carruagem, teria perdido o cadáver nu sob o antigo freixo.
— Pai, olhe! — Ela agarrou o pulso fino de Lorde Southbourne, mas uma enxurrada de estímulos visuais a dominou, paralisando sua língua.
Em todos os seus quatorze anos, ela nunca tinha visto um homem nu, muito menos um homem falecido. Ele estava deitado de bruços, braços fortes estendidos sobre a cabeça, como se estivesse tentando nadar pela grama rasa que ladeava a estrada. Hematomas escuros e horríveis cobriam a pouca carne que era visível sob o sangue. Ele era todo montes e cordas, seu longo corpo diferente do dela em todos os aspectos que uma pessoa poderia ser.
Seu coração apertou e ela lutou para encontrar a voz enquanto a carruagem passava. O pobre homem devia estar com frio, ela se preocupou, e então se castigou por um pensamento tão absurdo.
Os mortos tornaram-se um com o frio. Ela aprendeu isso beijando a testa da mãe antes de fecharem o caixão para sempre.
— O que foi, Pata? — O pai dela podia ser um conde, mas os Weatherstokes eram uma nobreza de circunstâncias reduzidas e não passavam tempo suficiente em Londres para escapar do sotaque de Essex. Lorelei não sentiu falta do dialeto enquanto estava na escola em Mayfair, e foi a primeira coisa da qual ela se livrou em favor de uma inflexão londrina mais adequada. Neste caso, porém, foram as palavras de Lorde Southbourne, mais do que o seu sotaque, que a fizeram estremecer.
Por mais cruéis que as moças pudessem ser no internato de Braithwaite, nenhuma das suas provocações a tinha feito sentir-se tão vazia como a que a sua própria família lhe fizera. Pato.
— É-é um homem — ela gaguejou. — Uma corp… — Ah não, ele tinha acabado de se mexer ou ela tinha imaginado? Apertando os olhos por causa da chuva torrencial, ela encostou o rosto na janela a tempo de ver os nós dos dedos machucados apertando a grama e os braços tensos puxando o corpo pesado para frente.
— Pare — ela ofegou, tomada por tremores. — Pare a carruagem!
— O que amontoou suas ligas, então? — Zombando dela, Mortimer, seu irmão mais velho, afastou as cortinas de sua janela. — Caramba! Há um cadáver sangrando na estrada. — Três pancadas fortes no tejadilho da carruagem obrigaram o motorista a parar.
— Ele está vivo!

06- O Duque com a Tatuagem do Dragão

9 de julho de 2024

Duque das Sombras

Série Moonlight Square
Uma bela de coração partido. Um pretendente desaparecido. Um Duque heroico disfarçado. Desmascare o Duque das Sombras, e deixe o Duque salteador roubar seu coração! 
Inglaterra, 1817. 
Lady Portia Tennesley sempre sonhou em se casar por amor. Quando o pretendente que parecia seu par perfeito desaparece no auge da temporada, ela fica com o coração partido. Eventualmente, ela consente em um casamento arranjado com um Duque excêntrico que ela mal conhece, um rico recluso que parece mais interessado em ciência do que em passar o tempo com sua nova noiva. 
Mas antes que Portia caminhe pelo corredor para seu grande casamento sem amor, ela se volta para o único homem que pode descobrir o destino de seu ex-pretendente, o misterioso fora da lei conhecido como Silversmoke. Lucas Wakeford, o Duque de Fountainhurst, leva uma vida dupla que lhe deixa pouco tempo para o romance. Depois que seus pais morreram nas mãos de bandidos quando jovem, ele encontrou sua verdadeira paixão em defender os impotentes como seu alter ego 1mascarado, o heroico salteador Silversmoke. 
Como o Duque, no entanto, deixando de lado sua farsa de acadêmico, Luke sabe que eventualmente deve se casar. Além disso, ter uma esposa por perto poderia ajudá-lo a se misturar com seus colegas nobres. A elegante e bem-nascida Lady Portia Tennesley parece perfeita para o tipo de Duquesa de que Luke precisa. 
Uma beldade elegante preocupada com a alta sociedade, ela certamente manterá o nariz fora de sua vida secreta lutando contra o crime no submundo de Londres. Mas quando a própria dama se aventura no covil de Silversmoke, implorando pela ajuda do famoso salteador, Luke fica surpreso, e percebe que subestimou seriamente sua futura noiva. No entanto, como Silversmoke, ele não pode negar ajuda a uma donzela em perigo, então ele concorda em encontrar seu pretendente desaparecido. 
Emaranhados em uma teia de segredos e identidades ocultas, a crescente atração de Luke e Portia será forte o suficiente para sobreviver à verdade, ou o amor deles desaparecerá noite adentro?

Capítulo Um

O Salteador Lady Portia Tennesley agarrou a alça de couro para não bater com a cabeça enquanto a carruagem avançava lentamente. Os cavalos não podiam avançar mais rápido do que uma caminhada agora que haviam saído da estrada para a floresta escura. À medida que o caminho diante deles se estreitava para uma trilha coberta de folhas que mal dava para a carruagem, ela podia ouvir as rodas rangendo, o fino chassi de madeira rangendo em protesto enquanto a carruagem avançava pelo terreno acidentado. Todo o tempo, com o coração na garganta, Portia olhava pela janela aberta para as lâminas prateadas do luar perfurando o grosso emaranhado de árvores negras e retorcidas que os cercavam por todos os lados. Pálidos feixes de raios de luar perfuravam a penumbra da floresta aqui e ali, atravessando os galhos grossos e retorcidos dos antigos carvalhos, trepadeiras sinuosas e massas de folhas. O efeito era misterioso, ameaçador, enquanto as rãs de junho coaxavam e piavam sem parar na noite quente e úmida. Seu coro ondulante era ensurdecedor dentro da floresta abafada. Havia soprado uma brisa na estrada, mas a parede de árvores a bloqueava agora; o ar pesado fedia a palha e musgo, camadas de folhas podres e vegetação exuberante. Era difícil imaginar que aquele lugar selvagem ficava a poucos quilômetros de Londres. Hoje à noite, os desertos iluminados pela lua de Hampstead Heath pareciam outro mundo. Um mundo perigoso. Todo mundo sabia que o lugar tinha sido o refúgio de salteadores por séculos, tão certo quanto a Cornualha se igualava a contrabandistas e piratas. Com esse pensamento, uma gota de suor escorreu por sua nuca e encharcou a gola do vestido de luto de renda preta que ela vestiu para ajudar a esconder sua identidade. — Ah, meus velhos ossos não aguentam muito mais isso, disse a Sra. Berry severamente ao lado dela, também segurando firme enquanto a carruagem avançava. — Não pode estar muito mais longe agora. Portia deu à velha um corajoso aceno de cabeça antes de olhar pela janela novamente, seus sentidos em alerta máximo. Pelo que ela sabia, os espiões nas árvores já podiam ter notado a presença deles e agora estavam levando notícias de sua aproximação ao capitão do submundo. E esperava sinceramente que ela e os criados não fossem todos assassinados, embora fosse um pouco tarde agora para ter dúvidas sobre a sabedoria de seu esquema. Controlando seu medo, Portia espiou pela janela, atenta a uma luz reveladora através das árvores à frente que poderia ser o esconderijo dos bandidos na floresta. Tinha que estar aqui em algum lugar. Enquanto ela vasculhava a escuridão, uma mariposa esvoaçou desafortunadamente para dentro da carruagem, pois as janelas estavam abaixadas. Nuvens gêmeas das criaturas foram atraídas para as fracas lanternas montadas em ambos os lados da cabine do condutor. Esta pegou um atalho inteligente, passando pelo interior da carruagem para ir explorar a outra luz. Ela roçou o nariz de Portia em seu caminho, fazendo cócegas nela com asas leves e sedosas, provocando-a. Ela acenou, carrancuda - os insetos a faziam pensar em seu noivo, mas uma mariposa não era nada. No banco do condutor, os mosquitos aparentemente se banqueteavam com os pobres Cassius e Denny, pelo que parecia. — Ai! Ela ouviu Denny murmurar. Esta noite, o jovem e robusto lacaio fazia o papel de condutor. — Pequenos bastardos estão me comendo vivo. — Cuidado com a língua! Repreendeu Cássio, o criado, também sentado do lado de fora. 
 — Há uma senhora ao alcance da voz, seu idiota. 
— Opa, esqueci. Desculpe, eu xinguei, Lady Portia!
04- Duque das Sombras
Série concluída


Jogando fora seu coração nas Highlands

Série Lairds e Lady´s Rebeldes

Ela perdeu a aposta. 

Agora seu coração está em jogo. Para Freya McDougal, os Jogos nas Highlands é uma questão de vida ou morte. A irmã do Laird fará de tudo para se libertar de seu passado traumatizante, e nada poderá impedi-la de derrotar todos os homens nos Jogos. Mas o que Freya nunca imaginou foi perder para um inglês. Lucas Redderington, o duque de Trenton, está na Escócia como diplomata por ordem do rei para observar os Jogos. Em sua primeira noite nas Highlands, Lucas se vê envolvido em uma aposta fascinante com Freya. Sua vitória sobre ela em um jogo de arco e flecha, por um beijo da ardente moça. Depois do jogo, incrédula por um duque inglês a ter derrotado, Freya fica ainda mais surpresa com a forma como beijar o inglês a fez sentir! Após o encontro, Lucas e Freya iniciam uma dança perigosa, já que um escândalo entre eles poderia arruinar a reputação de Freya e colocar em risco a missão do Duque. Ao tentarem equilibrar o dever e o desejo, eles percebem que o que ambos apostaram naquela noite foram seus corações...

Capítulo Um

Quando Freya McDougal olhou pela janela e para o céu nublado, ela sabia que era a condição perfeita para praticar. Enfiando a bainha da túnica nas calças, ela se aproximou e sentou-se em frente ao espelho, puxando para cima as longas tranças ruivas com uma gravata de veludo preto. Fazia muito tempo que ela não deixava uma empregada chegar perto de seu cabelo. Ela preferia que os fios grossos caíssem soltos pelas costas, mas para o treino de hoje precisaria manter o cabelo longe do rosto.
Depois de se olhar rapidamente no espelho para ter certeza de que tudo estava no lugar, ela se levantou e foi até o guardaroupa para tirar as botas de couro marrom. Com as chuvas recentes, o solo certamente estaria lamacento e precisaria de algo resistente o suficiente para caminhar entre os alvos. A chuva da primavera trouxe temperaturas mais quentes para o início da temporada de verão, e Freya decidiu não vestir casaco. 
Ela só esperava não encontrar sua empregada ao sair. A velha certamente a castigaria por sair do quarto sem usar espartilho. Com seu corpo magro e esguio, nunca viu necessidade de ter um. Uma camisa de algodão por baixo da túnica era suficiente para o recato, disse a si mesma. Não era como se alguém fosse cortejá-la enquanto ela disparava seu arco. Abrindo a porta, deu um passo hesitante à frente e espiou para fora. Ela não queria que seus irmãos soubessem que iria praticar. Alex iria insultá-la sem parar se descobrisse o que ela estava fazendo. 
O corredor estava vazio, então ela desceu rapidamente as escadas, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Ainda era de manhã e a maior parte do castelo ainda não havia subido totalmente. Seria o momento perfeito para ter os alvos só para ela. As mulheres normalmente não participavam dos Jogos das Terras Altas, mas Freya estava determinada a provar aos irmãos que era digna de jogar ao lado de qualquer outro homem do clã McDougal. Até se achou melhor que a maioria deles, depois de testemunhar como atiraram no ano passado. Ao chegar ao final da escada, ela teve que se esconder atrás de um grande brasão para não acertar a criada, que carregava uma pilha de lençóis. É mais do que provável que ela estivesse indo para o quarto de Freya, então teve que escapar rapidamente antes de ser localizada. Ela prendeu a respiração, observando a empregada subir os degraus. Esperou até ficar completamente fora de vista antes de se dirigir às portas principais. Passando, ela correu para o pátio e foi até os estábulos para recuperar seu arco e flechas, que mantinha escondidos no estábulo. A égua cinzenta malhada estava mastigando casualmente um pouco de feno quando entrou no estábulo. Depois de acariciar a crina algumas vezes, ela foi até o canto e pegou os instrumentos que procurava. 
 —Voltarei para um passeio hoje mais tarde—, ela disse à égua, dando tapinhas em seu flanco mais uma vez. Ela rapidamente deixou os estábulos, evitando qualquer um dos cavalariços que pudessem cruzar seu caminho e seguiu para o terreno atrás do castelo, onde uma fileira de alvos havia sido preparada para praticar. Ela largou a aljava na grama úmida, puxando uma flecha fina marcada com penas brancas curtas. Fixando-o em seu arco, ela se posicionou próxima a uma pedra que estava à distância correta do alvo e disparou. A flecha voou pelo ar e ficou presa bem na palha abaixo dos anéis do alvo. —Tudo bem—, ela disse a si mesma. —Você está apenas se aquecendo. 
Pegando outra flecha, ela apontou para o alvo e atirou. Este pousou em um dos anéis internos, próximo ao alvo. —Isso é muito melhor Sua mira melhorava a cada tiro e, embora estivesse satisfeita com o progresso, ela sabia que precisava ser boa desde o início se quisesse impressionar Fergus, seu irmão mais velho. 
Seria a única maneira de permitir que competisse pelo clã. 
—Você não é muito boa, não é?
05- Uma Lady para o legítimo Laird
06- Jogando fora seu coração nas Highlands

2 de julho de 2024

O Destino de Niall

Saga Irmãos MacGregor

Caso o inimigo ainda esteja próximo e ainda queira sua morte, hoje você sucumbiu aqui, em seu lar, como um herói. 
Defendeu os seus até o último suspiro e assim devem acreditar os que te traíram. Mas este não é o seu fim, Niall MacGregor.
Quatro anos após o ataque a Meggernie, a feiticeira Morag sabe que chegou a hora de Niall retornar aos seus. Ele está perdido há muito tempo e deve retornar à Escócia para encontrar a vida que deixou para trás. A aparição inesperada de Lady Rosslyn Stewart, uma jovem que veio até ela em busca de um feitiço de amor, dá a Morag a chance de forçar Niall a seguir seu caminho de direito. No entanto, acompanhar este guerreiro de volta para casa não será uma tarefa fácil para Rosslyn. Descobrirá que o coração de Niall está cheio de medos e que ele não está preparado para enfrentar os acontecimentos do passado. Transformada em seu anjo da guarda, a jovem o ajudará a se reunir com sua família, sem perceber que a tarefa coloca seu próprio futuro em perigo. Seu destino é se casar com o homem que seu pai escolheu, mas como pode se resignar, depois de conhecer Niall MacGregor?

Capítulo Um

Ilha Rathlin, Irlanda
O caminho que levava ao topo da falésia era muito abrupto e muito íngreme. Tanto que os membros da pequena comitiva tiveram que descer de seus cavalos para que os animais não tivessem tanta dificuldade na subida. Ninguém queria que eles ficassem com as pernas machucadas ou seu cavaleiro jogado depois de algum tropeço prematuro.
—Quanto tempo ainda?— reclamou o mais velho de todos.
O homem era guardião temporário da filha do Lorde Stewart, a jovem que viajava com ele. O resto dessa comitiva era composta por um casal de damas de companhia e quatro soldados encarregados de vigiar e garantir sua segurança durante a viagem.
—Meu caro Mervin, já está cansado?— Lady Rosslyn perguntou, olhando para ele com um meio sorriso no rosto.
—Quando tiver a minha idade, não achará tão engraçado ter que escalar uma montanha a pé, puxando as rédeas de um preguiçoso que não quer seguir em frente.
Ela soltou uma risada que atraiu a atenção do resto dos membros do grupo. Sua risada, limpa e musical, tinha esse efeito nos outros. Embora, para ser honesta, não fosse apenas sua risada que a tornasse especial. Era toda luminosa. Tinha uma alegria interior que era contagiante, uma aura pura e gentil que se estendia além de si mesma e alcançava qualquer um que estivesse por perto. Também era uma jovem muito bonita. Tinha cabelos tão loiros que pareciam brancos, compridos até a cintura e sedosos ao toque. Seus olhos eram verde-esmeralda, brilhantes e cheios de vida. Sua pele era clara e suas feições harmoniosas. Sua figura, esbelta e graciosa, era como a das fadas que todos imaginavam habitando nas florestas irlandesas. E ainda assim, observando-a avançar e subir aquele caminho pedregoso, era evidente que não era meticulosa e que tinha a força necessária para realizar qualquer tarefa.
—Concordo com Mervin—, disse Grizela, uma das damas de companhia, que era tão jovem quanto, porém, por suas lufadas e bufadas, não tão resistente quanto sua lady. — É realmente necessário chegarmos ao topo do penhasco?
—Os aldeões nos disseram que a feiticeira mora lá, em uma cabana solitária com janelas que dão para o mar.
—Mas por que todos nós temos que subir?— Effie, a outra dama de companhia, um pouco mais velha que suas companheiras, apoiou a queixa. — Milady, poderia ter enviado Trevor ou Darian para executar esta tarefa, e o resto de nós poderia ter esperado por eles na pousada.
Os mencionados, que estavam à frente da procissão, olharam para trás quando ouviram seus nomes, mas não fizeram comentários. Sua senhora assumiu a responsabilidade de responder por eles.
— Essa tarefa é algo que devo fazer pessoalmente, não posso delegar a ninguém. E, se eu for lá procurar a feiticeira, o lógico é que meus acompanhantes e minhas damas de companhia venham comigo—, explicou, sem nenhum remorso por tê-los embarcado nessa aventura. — Além disso, imaginem as vistas que devem ter à beira do penhasco... Vai ser maravilhoso ver o pôr do sol de lá! — Exclamou excitada, enquanto acelerava o passo e ultrapassava seus companheiros por causa de sua impaciência para chegar o mais rápido possível.
Grizela trocou um olhar de desespero com Effie.
—Vamos passar a noite lá em cima, na casa de uma bruxa?
—Não teremos escolha—, disse o velho Mervin, alcançando-as. — Espero que essa mulher nos dê boas-vindas. Pelo menos a nós quatro. Os soldados podem dormir ao ar livre, mas meus ossos não servem mais para essas corridas e imagino que também não queiram passar a noite ao ar livre.
—Nós não—, confirmou Grizela, —mas Lady Rosslyn está disposta a se oferecer para dormir sob as estrelas se houver poucas camas lá dentro, verá.
Mervin suspirou e não poderia concordar mais com essa previsão. Sua jovem lady estava tão entusiasmada quanto uma garotinha por qualquer nova experiência, especialmente uma relacionada à natureza. Ver o pôr do sol da beira de um penhasco, por mais ventoso ou frio que esteja, dormir sob um manto de estrelas, caminhar por uma floresta que outros achariam sombria, nadar em um lago com águas profundas e geladas... Nada a assustou, muito pelo contrário. A jovem lady Rosslyn estava ansiosa por novas experiências e aventuras, e arrastava atrás de si todas as suas companheiras, mesmo que não estivessem tão animadas quanto ela. No entanto, eles raramente se recusavam a acompanhá-la, porque depois da infância que teve, era natural que ansiasse por esse tipo de liberdade. Rosslyn crescera na Irlanda, enclausurada dentro dos muros da casa de sua tia Brigit que, devido à sua natureza hermética e reservada, garantira que sua sobrinha não tivesse muito a ver com o mundo exterior. O pai de Rosslyn, Andrew Stewart, havia confiado a sua irmã e madrinha da menina para protegê-la e cuidar dela até que tivesse idade legal para se casar. Brigit, diante de tal pedido, havia lido nas entrelinhas que ela deveria garantir a pureza da menina e mantê-la a salvo de qualquer homem que a desejasse, pois era evidente que seu pai tinha planos para ela. E tia Brigit podia jurar, por todos os deuses da Irlanda, que havia realizado essa tarefa escrupulosamente. Rosslyn levou uma vida de solidão e reclusão, apenas aproveitando o ar livre no pequeno jardim que tinham.
Quando a comitiva enviada por seu pai chegou para resgatá-la de lá e acompanhá-la de volta à Escócia, a casa de sua família, a bolha de fantasia onde Rosslyn morava estourou. Tudo ao seu redor se tornou muito mais real. Assim que deixaram a casa e a tutela da tia Brigit para trás, a jovem descobriu o verdadeiro significado da liberdade.
E tinha sido para ela uma verdadeira explosão de novas sensações, novos cheiros, sabores e cores.
Não importava que seu destino fosse acabar em outra prisão, porque, durante a jornada à frente, Rosslyn era dona de sua vida e de suas circunstâncias. Esse pensamento tinha conseguido excitar suas entranhas de uma maneira que fez todos que a viram se apaixonarem.
Após a cansativa subida, finalmente chegaram ao topo. Logo avistaram, exatamente como haviam imaginado, a cabana de pedra na beira do penhasco. Atrás da construção avistaram um pomar, um curral que abrigava algumas galinhas e um pequeno estábulo para cavalos.
Duas pessoas saíram pela porta da frente ouvindo a comoção dos recém-chegados. Uma mulher mais velha que certamente era a pessoa que eles estavam procurando, e um homem de aparência mais velha que os olhava com curiosidade.
—Bom dia, senhores!


Saga Irmãos MacGregor
3- O Destino de Niall
Série concluída