30 de abril de 2017

União entre Inimigos


Inimigos ou amantes?

O único objetivo da corajosa Mairead Buchanan era capturar o responsável pela morte de seu irmão e recuperar a valiosa adaga que fora roubada. 
Porém, nada poderia prepará-la para a aventura que enfrentaria ao descobrir o segredo sobre a relíquia e ser sequestrada pelo sensual Caird, do clã Colquhoun. 
Logo, o inimigo se transforma em uma distração impossível de ser ignorada. 
Mas será que eles conseguirão deixar a rivalidade das famílias de lado para se renderem à intensa paixão que ameaça consumi-los?

Capítulo Um

Escócia — Setembro de 1296
Mairead Buchanan tentou acalmar o coração, mas não conseguiu. Na verdade, não sabia nem por que havia tentado, pois era simplesmente impossível. Seu coração estava em descompasso havia mais de quinze dias e agora estava ainda pior. Apesar do ruído estrondoso das batidas do coração, havia também a tristeza que lhe doía o peito.
Mas não havia tempo para tristeza ou para raciocinar com clareza. Ela estava perto de ter um colapso, mas tinha de acabar o que havia começado.
Aquele pesadelo tinha de terminar. E, naquela noite, ali estava ela, observando as sombras de uma estalagem de má reputação, congelando com o frio úmido.
As velas do salão da estalagem haviam finalmente se apagado. As janelas escuras e as venezianas estavam fechadas. Não havia nenhum riso de mulher a distância e nem o farfalhar das folhas com a brisa. Era bem tarde, e havia chegado a hora.
Mesmo já estando ali, ela ainda lutava contra o que deveria fazer. Até agora, ela gostaria de correr como uma louca a fim de escapar do que tinha visto e feito. Mas era algo que nunca poderia arrumar.
O irmão, Ailbert, estava caído no chão, os olhos, vazios e sem vida. Ela fechou os olhos, lutando contra a tristeza que ameaçava dominá-la.
Não adiantaria nada pensar em Ailbert naquele momento e nem em sua raiva ou dor. Tinha de controlar o coração e recuperar o que havia sido roubado do irmão. Era a única maneira de salvar a família da imprudência de Ailbert. Se ela não recuperasse a adaga valiosa, o dono das terras certamente puniria a família dela.
A Escócia estava sendo assolada pela guerra e conflitos. A mãe e irmãs jamais sobreviveriam à humilhação de serem banidas do clã. Fora do clã, elas não teriam como se proteger dos ingleses e nem para onde ir, nem recorrer a qualquer outra família.
Pensando na família, ela seguiu o assassino de Ailbert até a estalagem, onde ele provavelmente estava hospedado. Agora, ele dormia profundamente, após ter desfrutado de uma lauta refeição. Essa era uma rotina simples que seu irmão nunca mais poderia seguir. A raiva só aumentou a tristeza de Mairead já praticamente em desespero, mas a ajudaria a cumprir o que tinha de ser feito.
Olhando por cima do ombro e através da névoa da noite, ela respirou fundo. Ninguém a havia seguido e ela já havia esperado bastante. Procurando não fazer barulho, ela segurou a respiração enquanto abria a porta e entrava sorrateiramente. O salão estava mais escuro do que imaginava, os móveis pareciam sombras enormes. Ela apurou os ouvidos, prestando a atenção a qualquer ruído. Até então, só ouvia o próprio coração bater e a respiração, além dos estalos da madeira da antiga construção.
Nada além.
Com toda a agilidade de que foi capaz, ela seguiu em frente, desviando dos bancos e mesas até chegar às escadas. Seria difícil adivinhar em qual quarto o assassino estaria; por isso, ela decidiu procurar pela adaga por, no máximo, uma hora. Se demorasse mais do que isso, correria o risco de ser vista por alguém.
Ela precisava recuperar aquela adaga de qualquer jeito. Chegaria até a mentir e roubar se fosse preciso. E arriscaria a vida se precisasse entrar no quarto de um hóspede.
A caixa da adaga era de prata polida, trabalhada, e tinha dois rubis cravejados. Se conseguisse vendê-la como Ailbert pretendia, a dívida ainda podia ser paga. Nem tudo estaria perdido por causa daquela jogatina irresponsável, mas só depois ela ficaria de luto pelo irmão.
Seguindo pelo pequeno corredor do andar de cima, ela parou diante da primeira porta e ergueu a pesada trava de ferro, mas o quarto estava vazio. Fechou a porta com cuidado e olhou para os dois lados. Ninguém a havia visto.
Mairead seguiu para a segunda porta, empurrou-a e franziu o rosto com o ranger da madeira. O quarto estava ligeiramente iluminado por uma fresta na janela da parede oposta. Havia alguém na cama e, pelo tamanho, devia ser um homem. O assassino de Ailbert era um homem grande, e aquele parecia ser também. Se bem que não era possível saber exatamente, já que o homem estava sob cobertor e lençóis.
Afastando o receio, ela suspirou e entrou no quarto. Havia roupas acumuladas num banquinho ao pé da cama. Não muito distante, estava um par de botas. Talvez a adaga estivesse ali. As tábuas do piso não rangeram quando ela se ajoelhou.
As brasas também providenciavam um pouco de luz, o suficiente para que ela identificasse as roupas: uma capa, roupas de baixo, uma calça de couro justa e escura, uma túnica desbotada, botas e uma bolsa.
O homem estava dormindo nu. A cama rangeu quando ele virou para o outro lado. Mairead se posicionou para sair correndo, mas o homem suspirou e se acalmou — diferentemente do coração dela, que continuava totalmente descompassado.
Bem, ela precisava se acalmar e começar a busca. Ao tatear as botas com as mãos trêmulas, percebeu que não havia nada ali. Em seguida, puxou a bolsa do banquinho e colocou-a no colo. O tilintar das moedas a assustou, mas o homem continuava imóvel. As cobertas continuavam a subir e descer no compasso da respiração tranquila.
Sem se preocupar em abrir a bolsa, ela tateou o couro mole e não encontrou nenhuma adaga. Em seguida, procurou também pela túnica, pelas roupas de baixo e pela calça de couro. Nada. Faltava apenas a capa.
A capa era de uma lã boa e macia — era a primeira vez que ela sentia um tecido tão refinado — e ela a puxou para cima do colo. O banquinho balançou, ela tentou segurar, mas não deu tempo, e o barulho foi inevitável.
O homem respirou fundo e parou. Mairead ficou paralisada.
— Quem está aí?






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