18 de fevereiro de 2019
A Cor do Amor
Capítulo Um
— Vou embora. — Delyth disse para a loja quase vazia. Apenas Selina, a outra costureira, e Alice, uma costureira aprendiz, permaneciam na sala de trabalho. — Vou levar isto comigo. — Acrescentou num tom mais baixo.
Como ninguém prestou atenção, Delyth deslizou a cópia do jornal Town Gazette na sua bolsa e saiu da loja, parando apenas para desejar a Selina uma boa noite. Sabia que deveria ter deixado o jornal para Felicity que, provavelmente, não teve oportunidade para lê-lo, mas queria mostrá-lo a Anthea. Além disso, não tinha a certeza se queria que Felicity o visse. Delyth estava mais do que animada por ter sido mencionada numa coluna tão prestigiada como O Gabinete de Aglaea, mas não era tola o suficiente para ignorar o fato de que a descrição não era totalmente elogiosa.
O destaque incomodava. Ela adorava o modelo. Tinha sido muito bemsucedida no teatro, mas veio para Londres, contra os desejos do seu pai, tinha que admitir, para fazer vestidos elegantes para a elite. Nada agradava-lhe tanto quanto manipular tecidos suntuosos, planejar silhuetas lisonjeiras, executar pontos perfeitos. Exceto talvez a cor. Ela temia que, provavelmente, o teatro exacerbou essa sua obsessão. E no fundo da sua mente espreitava a pergunta.
— O que Felicity pensaria sobre a coluna? Desde que assumiu a loja da sua mãe, Felicity Dawkins trabalhava diligentemente para aumentar os resultados, para não mencionar a renda. Ultimamente, ela parecia ainda mais desesperada para restaurar a loja à sua antiga glória e torná-la imediatamente bem-sucedida. O que preocupava Delyth.
O pensamento de voltar para o seu alojamento e discutir as suas preocupações com a sua boa amiga, com quem partilhava as acomodações, animou-a imensamente. Provavelmente ainda estava no teatro, mas quando regressasse, Anthea definitivamente teria uma opinião.
Ela sempre tinha. Delyth podia ter trocado o teatro pelo mundo mais requintado da costura, mas o seu coração permanecia com os amigos que deixou para trás, e ainda partilhava o alojamento com Anthea Drinkwater, a sua amiga mais próxima em Londres e a força motriz por trás do Teatro Thalia. A noite tinha caído quando Delyth chegou. Encontrou Anthea sentada na secretária, diante da janela.
— Está bem? — Perguntou enquanto retirava o xale e o chapéu.
— Sim. — Anthea ergueu os olhos das páginas que lia. — Porque pergunta?
— Está em casa. — Delyth assinalou enquanto colocava o chapéu no gancho junto à porta e deixava o jornal ao lado do monte de papéis de Anthea.
— Reparei nisso. — Respondeu Anthea. — É terça-feira, sabe, e pensei trabalhar em casa. Importa-se?
— Nem um pouco. — Delyth deixou cair um beijo no topo da cabeça de Anthea e passou-lhe o jornal. — O meu vestido é mencionado no Gabinete de Aglaea e não consegui esperar para mostrar-lhe.
— Roubou o jornal da sua patroa? — Anthea abriu-o e procurou a coluna da moda.
— Trouxe emprestado do trabalho. — Disse Delyth, tirando-o da sua amiga e dobrando-o na página apropriada antes de devolvê-lo.
— Aí. — Apontou. Almack brilhou de uma forma inigualável na última quarta-feira. Pelo menos, deixe-me dizer-lhe, os participantes brilharam, embora alguns brilhassem mais do que outros.
Ainda que houvesse uma representação significativa de belas jovens na sua primeira temporada, vestidas quase exclusivamente em branco (com o ocasional pastel a tender para o branco), deve ser dada atenção a Lady M. De quem, poder-se-ia ser perdoado por supor que, de alguma forma, perdeu a morada de Astley e acabou em Almack. A senhora M não só brilhou, ela cintilou, ela reluziu, ela resplandeceu! Pode-se dizer que ela flamejou. Se você se aventurou e chegou perto o suficiente para ver além da deslumbrante variedade de cores com que estava adornada, você pôde notar que, escolhas à parte, o vestido era de confecção elegante e impecável. Pode-se esperar que o criador desta extravagância seja mais criterioso nas escolhas de tecido, na sua próxima tentativa. - O Gabinete de Aglaea Conforme Anthea lia, Delyth espreitava sobre o ombro, lendo também. Sem tirar os olhos do papel, Anthea acenou com a mão.
— Pare com isso.
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Oiii você não vai sair sem comentar nada vai? Ou que tal indicar o que leu. Ou então uma resenha heheheheh...Todo mundo agradece, super beijo!