Quando se entra, já não se pode voltar atrás...
Mary Luton, irmã do conde de Rohard, deveria ser uma das mulheres com mais pretendentes em toda a Inglaterra: é bonita, inteligente e nada a detém, nem mesmo sua incapacidade para andar. Quando seu irmão parte em viagem de núpcias, solicita a Diego Lezcano, seu sócio e amigo, que vigie a audaz Mary para que não se meta em problemas.
Diego não tem intenções de cuidar da temerária mulher, mas termina aceitando contrariado. Não quer estar perto de Mary, ou melhor, quer muito estar perto dela. No entanto, ele é um homem que não pode falar do seu passado, e sabe que não é o adequado para Mary, por isso prefere manter uma tensa distância.
As coisas se complicam quando Lorde Davenport, conde de Hampshire, decide cortejar lady Luton, por acreditar que um casamento com ela poderá sanear suas enfraquecidas finanças.
A mãe de Mary o incentiva a que avance no cortejo, convencida de que um casamento nobre será o melhor para sua filha, ajudando-o, inclusive a levá-la para forçar um casamento. Mas lady Luton se empenha em rejeitá- lo, porque não pode deixar de pensar em Lezcano. Diego deverá então decidir se vai procurá-la, se decide entrar em um caminho junto com Mary do qual ambos não desejarão sair.
Capítulo Um
— Isto não estaria acontecendo se o imbecil do meu tio não tivesse casado.
— Pode ser que fosse assim, — respondeu lorde Reeds, alegre diante do visível abatimento de seu interlocutor — mas com a herança do viscondado só teria conseguido retardar o inevitável. Terrell, sua situação financeira é desastrosa; se não fosse por seus contatos, estaria praticamente na miséria.
Terrell Davenport olhou com aborrecimento para seu anfitrião, William Reeds, marques de Hartington, e não porque não estivesse certo, pois devia reconhecer que, desde que herdara o condado de Hampshire, não fizera outra coisa além de dormir todo o dia, jogar cartas, deitar com todas as mulheres que desejava e se embebedar até perder o conhecimento a cada noite.
Há cinco anos, assistia as quantas festas se celebrasse em Londres; e não só aos bailes formais, os que, por certo, odiava, mas também a outras reuniões muito mais depravadas, as quais ele e seu grupo de amigos aristocratas eram assíduos. Pensando bem, deveria reconhecer que a origem de todos seus problemas residia principalmente em que nunca se interessava em como fazer dinheiro, muito pelo contrário: sempre preferia gastá-lo.
Como possuidor de um dos títulos mais antigos da Inglaterra, e da confiança em sua palavra, que se esperava pela nobreza de sua procedência, lorde Davenport havia conseguido até o momento escapar dos credores. Mas agora, suas posses estavam a ponto de serem embargadas.
Assim, a cada noite devia ir para a casa de algum companheiro de farras, para evitar a todos aqueles sanguessugas que o perseguiam constantemente. Além de permitir que os mesmos amigos o mantivessem ou pagassem seus pequenos caprichos, como eles denominavam, em troca de guardar silencio sobre certos detalhes escabrosos de suas vidas. Era uma das vantagens de ser o macho alfa daquela manada de nobres e luxuriosos lobos.
Depois de todos aqueles anos como conde de Hampshire, agradecia mil vezes sua mania de recolher todo tipo de provas acerca das tramas turvas, nas quais a maioria dos jovens herdeiros ingleses participavam. Aquilo servia para salvar sua pele e se manter à tona em muitas ocasiões.
No momento, seu aborrecimento se devia a que seu plano para sair de sua miserável situação econômica fracassara. Davenport depositara suas últimas esperanças no dinheiro da herança de seu tio: o visconde de Mersey que, apesar de ter mais de sessenta anos, se casara fazia menos de um ano. Sua jovem esposa já tinha dado à luz a um saudável e robusto menino, que fazia em cacos, as aspirações do conde à herança de Mersey.
— Quem sabe, —respondeu Davenport com desdém enquanto abria uma caixinha de rapé — talvez possa dizer que aprendi a lição de minha experiência anterior, e desta vez deveria tirar mais partido da fortuna de meu tio, menos desperdício. Sabe: alguns investimentos certeiros e iria viver, meu amigo!
Uma gargalhada rouca escapou da garganta de lorde Reeds.
— Investimentos? Vamos, Terrell, se nem mesmo sabe o que é uma ação. Se seu tio não tivesse se casado e gerado um herdeiro, as propriedades do viscondado seriam pasto dos coletores.
— Você me cansou!
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Oiii você não vai sair sem comentar nada vai? Ou que tal indicar o que leu. Ou então uma resenha heheheheh...Todo mundo agradece, super beijo!