16 de março de 2021

O Despertar


O que era o amor?

Algo estudado, programado, feito com listas onde se define o que se aprende, o que come, o que veste? Como se respira? Ou era a irritação de não seguir as regras, de comer o que quisesse e estar na companhia desse homem irritante que fazia sentir coisas inexplicáveis que não estavam em livros e sim, na realidade vivida ao seu lado. 

 

 

Capítulo Um

Kingman, Califórnia Julho, 1913
Uma suave brisa agitava a erva das férteis terras da fazenda Caulden, que abrangiam mil e quinhentos acres. Moviam-se as folhas das árvores frutíferas. Havia pereiras, figueiras, nogueiras e amendoeiras. Os milharais estavam secos por causa do intenso calor. Como era habitual, fazia dois meses que não chovia na zona de Kingman e todos esperavam que as chuvas se atrasassem até que o estivesse amadurecido. O lúpulo era, o cultivo mais importante da fazenda Caulden, e estava prestes a amadurecer.
As plantas penduradas em estacas de quatro metros e meio começaram a ficar amarelas e túrgidas. Em poucas semanas mais colheitadeiras chegariam, e os galhos seriam arrancados dos fios e levados para os fornos para serem secos. Já havia amanhecido e os trabalhadores permanentes começavam a acordar e dedicar-se as suas devidas tarefas. Fazia calor e a maioria do pessoal deveria trabalhar nos campos sob o sol abrasador.
Alguns, mais afortunados passariam o dia nos campos sombreados onde crescia o lúpulo, cujos ramos formavam um dossel que os protegiam do sol ardente. Um caminho de terra atravessava a fazenda e dele partiam outros que chegavam até além dos enormes celeiros, as cabanas dos operários e os grandes fornos onde se secava o lúpulo. No meio da fazenda, voltada para o norte, erguia-se a imensa casa dos Caulden, de tijolos vermelhos.
Com uma galeria pintada de branco em ambos os lados e varandas no piso superior. Palmeiras altas e uma velha magnólia protegiam a casa do sol e mantinham o interior escuro fresco. No quarto virado para oeste, no andar de cima, dormia ainda Amanda Caulden com seus grossos cabelos castanhos recolhidos em uma ordenada trança. Sua formal e pouco graciosa camisola de dormir estava abotoada até o queixo, e os punhos cobriam seus braços. Estava de costas, o lençol cuidadosamente preso à altura de seus seios e as mãos entrelaçadas sobre sua barriga.
As mantas estavam ordenadas e a cama quase não parecia usada, entretanto, nela dormia uma mulher de vinte e dois anos. O quarto estava tão ordenado quanto a cama. Exceto, a jovem que dormia completamente imóvel, com poucos indícios de vida nela. A cama era cara e de boa qualidade – como a mulher deitada nela –, duas cadeiras, um par de mesas, um armário e cortinas nas três janelas. Não havia pequenos panos de enfeite sobre as mesas. Nem prêmios ganhos por um admirador em uma feira, nem sapatos baixo de  baile abaixo da cama.
Não havia pós sobre a penteadeira, nem tampouco forquilhas. O interior das gavetas e do armário estavam em perfeita ordem. Não tinha vestidos escondidos no fundo, dos que compram impulsivamente e nunca se usam. Abaixo de uma das janelas havia um suporte com dezoito livros, todos encadernados em couro, e da mesma hierarquia intelectual. Não havia novelas sobre a sedução de uma jovem bonita, perpetrada por um jovem apessoado. Pela escada da parte posterior subia rapidamente a Sra. Gunston, alisando seu impecável vestido azul. Alinhou as costas e se acalmou antes de bater na porta de Amanda. A abriu em seguida. — Bom dia —disse com voz potente e imperativa. Em realidade, queria dizer: “Saia imediatamente da cama não tenho tempoa perder te fazendo mimos”.




Série Montgomery Saga
1- O Leão Negro
2- A Donzela
3- A Herdeira
4- O Corsário
5- A Duquesa e o Capitão
6- Eternidade
7- A Duquesa
8- A Sedutora - este e anteriores tradução independente
9- Desejos
O Despertar
O Convite

 

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