Os acontecimentos que se desenrolam nesta história fantástica são observados pelo fantasma do homem que foi o primeiro proprietário da aristocrática mansão.
A narração do romance é entremeada por comentários sarcásticos do fantasma, que conferem um toque de sutil humor à história. Finch More, de 29 anos, conhecedora de cristais antigos, é considerada “encalhada”. Mas quando seu irmão é misteriosamente sequestrado, o mundo vê a verdadeira Finch More ”uma mulher de ação e paixão” uma mulher que despreza a derrota.
Capítulo UmSe havia uma coisa que Finch More não suportava, era estar errada e ter de admitir isso.
Ela estivera errada.
Não deveria ter voltado a Whitechapel sozinha, a pé, ao cair da noite e com o frio a aumentar.
Não deveria ter-se exposto ao risco de ser assustada pela própria imaginação — que, convenhamos, era por vezes demasiado vívida. Ora, há pouco, julgara ouvir alguém chamar-lhe pelo nome.
— Finch.
Lá estava outra vez. Olhou em todas as direções. As ruas quase desertas, e os poucos transeuntes, embrulhados em cachecóis, caminhavam com a determinação de quem sabe para onde vai e tem pressa em chegar. Nenhum lhe dedicou sequer um olhar.
— Pateta! — exclamou em voz alta, lançando um olhar furioso a um rapazinho que, com um pão doce pegajoso na mão, lhe mostrou a língua coberta de migalhas ao passar. Que lhe importava se um insolente a julgava tola por falar sozinha?
— Gente como a senhora vai parar ao manicómio, vai! — gargalhou o miúdo. Agarrou o pão com os dentes, revirou os olhos e saiu aos saltos, agitando os braços como um louco.
Por que insistira Latimer em manter o negócio naquele Whitechapel, antro de toda a sorte de torpezas?
— É barato — murmurou, espreitando por sobre o ombro para se assegurar de que o maldito rapaz já estava longe. Latimer contava cada tostão e exigia que ela fizesse o mesmo. Por isso resolvera ir a pé em vez de apanhar um coupé após entregar uma pequena encomenda. Devia ter seguido direto para casa, como Latimer supusera, mas ele ficaria no armazém a noite inteira, quiçá sem comer, se ela o deixasse sozinho.
— Fi-inch.
O coração deu um salto, deixando-a estranhamente tonta. Ali estava — era o seu nome. Murmurado, sim, mas inequivocamente o seu nome. Alguém que não via, não, que cantarolava o seu nome de modo insensato, quisera assustá-la. Arrepios percorreram-lhe a nuca.
Quem? Não conhecia ninguém em Londres além dos outros residentes do Número 7 e dos clientes de Latimer. Dificilmente teriam dado-se ao trabalho de a importunar na rua.
Em breve estaria no armazém, em segurança. Não que já não o estivesse. Afinal, que mal lhe poderia acontecer, entre prédios e transeuntes? Houvera gente há pouco, e logo haveria mais. Apertou as alças da reticule no vinco do cotovelo. Só uma camponesa, uma rapariga dalguma aldeola da Cornualha, se poria a ouvir vozes só por estar em Londres.
— Fi-inch.
1- Cada vez mais
2- Tudo por Smile
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Oiii você não vai sair sem comentar nada vai? Ou que tal indicar o que leu. Ou então uma resenha heheheheh...Todo mundo agradece, super beijo!