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21 de maio de 2011

A Cigana E O Cavaleiro


Ecos do Passado...

Alicia vivia entre os ciganos desde que se entendia por gente.

Ela e Rafael de Villasandro nunca haviam se encontrado, mas o destino o levou ao acampamento cigano, e antes de o dia terminar, Alicia salvara a vida dele, e ele conquistara o seu coração...

Divididos entre o amor um pelo outro e a lealdade às suas origens, Alicia e Rafael foram brutalmente separados.


Julgando-se abandonada, e sentindo-se ameaçada pelo filho mau-caráter da conselheira do grupo, Alicia decidiu fugir, deixando para trás o seu povo e trocando uma vida de tradições pelas ruas da cidade grande.
E quando Rafael se viu profundamente envolvido nas armadilhas da Inquisição, só restou a ele um último fio de esperança de, na corte da rainha Isabel, encontrar a justiça e cumprir uma promessa de paixão feita a Alicia tanto tempo atrás...

Capítulo

Iluminadas apenas pela luz da lua, as carroças avançavam ruidosamente pela estrada estreita e tortuosa, em direção à floresta que ficava além da cidade de Toledo.
À frente da caravana, o cigano chamado Rudolpho cavalgava um garanhão negro, um animal poderoso, controlado por um homem extraordinário.
Os anos haviam marcado o rosto de Rudolpho, mas ele ainda era uma figura que se destacava com seus ombros largos, queixo forte, olhos escuros e desafiadores e um bigode preto de pontas caídas. Secando o suor do rosto com um lenço verde vivo, ele levantou o braço, sinalizando que o grupo acamparia naquele lugar, na borda da floresta e perto do rio.
Os outros homens da caravana começaram a posicionar suas carroças e cavalos em forma de círculo, a desenrolar as tendas e a soltar os animais, para que pastassem na relva.
As mulheres e as crianças juntavam madeira para as fogueiras que seriam feitas, como em todas as outras noites, para comemorar a liberdade dos ciganos.
Uma brisa quente sussurrou através dos ramos das árvores, fazendo voar a cabeleira rebelde e de um rico castanho-escuro que caía, como uma cascata, até quase os joelhos da jovem que saltava da primeira carroça. Dava azar uma mulher cigana cortar o cabelo, segundo a tradição, e Alicia nunca havia aparado nem uma única de suas mechas.
Ela riu, deixando o vento açoitar seus cabelos de um lado para o outro de seu rosto e inclinando a cabeça para trás, em um gesto de suprema liberdade.
Uma linda mulher de dezessete primaveras, Alicia era alta e vivaz, os olhos verdes brilhando como estrelas à luz da lua.
— Alicia! — A voz de Rudolpho era amorosa e mansa ao dizer o nome da filha, sem nenhum traço do trovejar feroz que tanto fazia alguns tremerem de medo. — Alicia!
Ela avançou rapidamente com um sorriso envolvente, suas saias farfalhando ao andar.
A blusa branca e decotada era bordada com fios tão coloridos quanto as asas de uma borboleta; os brincos de ouro e prata balançavam com os seus movimentos, no ritmo de seu andar gracioso.
— O que foi, papai? — perguntou ela, com uma expressão carinhosa nos olhos.
— Eu apenas queria ver o seu doce rosto — disse ele, desmontando do cavalo com a agilidade de um homem da metade de seu tamanho e idade.
Alicia notou uma contração de dor ao redor da boca do pai enquanto ele esticava os braços e as pernas.
Ele estava ficando velho, o rosto estava pálido e marcado.
Ela desejava muito que outro homem o substituísse na liderança do bando, tirando aquele fardo dos ombros dele, mas sabia que Rudolpho nunca consentiria nisso.
Até a morte, ele seria o líder de seu pequeno grupo de nômades.
Rudolpho afastou um cacho do cabelo de Alicia, em um gesto de afeição, e a expressão dele se iluminou, mudando de sofrimento para orgulho.
Lembrou-se da linda criança que lhe havia sido entregue tanto tempo antes por uma mulher sem coração, de cujo rosto ele já se esquecera.
Desde pequena, Alicia tinha traços delicados e olhos grandes e expressivos.
— Ah! Que linda mulher você se tornou — sussurrou ele. — Só um príncipe seria bom para você.

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