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14 de outubro de 2012

A Conquistadora

Ele é Conn, das Cem Batalhas, o rei guerreiro que forjou uma nação numa terra de clãs isolados. 

Na qualidade de rei supremo da Irlanda, dirige o lendário Fianna, o grupo de guerreiros de elite. 
Mas o misterioso assassinato de vários dos melhores homens de Conn ameaça o trono. Ele parte sozinho em busca de um inimigo aparentemente invencível, sem saber que vai enfrentar uma mulher de olhos verde-esmeralda e cabelos cor de fogo... 
Empunhando uma espada chamada Vingança, Gelina O’Monaghan jura derrotar o homem que considera o responsável pela ruína da sua família. 
Nunca imaginou que ele pudesse vencê-la em combate... 
E ao mesmo tempo conquistar o seu coração. 
A sua paixão proibida se transforma numa guerra travada entre espadas e beijos, promessas e traições, e a rendição será apenas o início... 

Capítulo Um 

O dia estava cinzento, tão sombrio e calmo como os rostos que enchiam o salão da entrada. 
As nuvens que se acumulavam no céu do fim da tarde prometiam chuva; a tensão pairava no ar e não parecia querer desaparecer tão cedo. 
Mer-Nod franziu o sobrolho, vincando mais as rugas que lhe marcavam a testa, enquanto contemplava a rara tristeza que se abatera sobre a corte naquele dia melancólico. 
Não se ouviam vozes arrebatadas discutindo. 
Não se ouviam gargalhadas, música, as histórias dos poetas. 
Uma espessa camada de apreensão pousava sobre as línguas das pessoas, reduzindo centenas de vozes a um murmúrio.
Os poetas sentavam-se aos pés de Mer-Nod, identificando-o como o seu chefe apesar do seu silêncio. Encostadas às paredes de teixo macio, as harpas continuavam por tocar, como brinquedos esquecidos. 
Pelo salão circulavam criados que enchiam as taças de cerveja e os ouvidos de boatos. 
Com a cabeça inclinada para trás e os olhos fechados numa prece muda a Morigu, um malabarista sentado no chão de pernas cruzadas embalava as nove maçãs douradas que tinha no colo. 
Mer-Nod puxou para trás o cabelo longo e escuro que lhe caía sobre os ombros. 
Madeixas grisalhas emolduravam-lhe o rosto, suavizando a severidade do seu nariz aquilino e dos seus olhos escuros e penetrantes. 
Um lábio inferior carnudo contradizia a solenidade do queixo proeminente, onde despontava a barba grisalha de um dia. Assentou um pé na cadeira e olhou por cima da multidão. 
Uma pequena onda de ansiedade atravessava o ar agreste como as lâminas reluzentes enfiadas nas bainhas dos homens, que se empertigavam em todos os pontos de observação do salão. 
Nos seus rostos queimados pelo sol desenhavam-se as linhas finas que só o vento sabe gravar. Gibões justos sem mangas expunham corpos sólidos e musculosos sem um grama de gordura. 
Os guerreiros espalhavam-se pelo salão de entrada, alguns fazendo a corte às jovens, outros conversando em voz baixa com camponeses e pastores. 
Quando atravessaram o salão, foram recebidos com palmadinhas nas costas e palavras de estímulo da multidão que abrira caminho para lhes dar passagem. 
Eram os membros do Fianna, os protetores e adoradores de Erin. Guerreiros e caçadores, que percorriam a ilha fazendo amor e criando lendas a cada hora dos seus dias errantes. 
E agora muitos deles morriam, um a um, os seus corpos mutilados apodrecendo na umidade dos bosques. Mer-Nod suspirou e fechou os olhos, sabendo que assim ninguém ousaria dirigir-lhe a palavra. 
Todos partiriam do princípio de que ele estava compondo. Como gostaria de agradar-lhes! 
A sua mão ansiava por uma pena.
Que história vitoriosa haveria sobre a vitória de Kevin sobre o monstro!