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22 de janeiro de 2010

A Dama e o Rebelde

















Capítulo Um

Junho, 1747,
Próximo da Costa Oeste da Irlanda

Ela ainda estava lá.
Agarrado à escorregadia balaustrada, o capitão Padraic Rafferty observava as velas infladas da nau que perseguia a The Rebel´s Pride.
Fizera de tudo para despistá-la, mas a embarcação, inglesa, a julgar por sua bandeira, ainda os perseguia.E os alcançava.
Normalmente, já a teriam despistado, mas depois da tempestade violenta que haviam enfrentado na travessia do canal, tudo mudara.
Uma das velas se rompera, o que representava acentuada lentidão.
— O que acha disso, Paddy?
Padraic olhou para o amigo, Coyle Burns, co-proprietário do barco The Rebel's Pride.
— O que acho é que vamos ter de dar muitas explicações, caso eles nos abordarem.
— E se não nos abordarem? Eles nos afundarão, sem sombra de dúvida.
Coyle empalideceu, mas sua voz permaneceu firme.
— A nau traz muitas armas, então?
— Pelo que posso ver daqui, sim. E se esperarmos mais um quarto de hora, verei não só as armas da embarcação inglesa, mas os botões da casaca de seu capitão, também.
— Maldição! Não há nada que possamos fazer?
— Não, a menos que tenha um dos seus milagres escondido na manga.
Padraic arrependeu-se imediatamente do comentário sarcástico. Não tinha o direito de debochar da fé de um amigo a quem devia tanto, e por tanto tempo.
A dívida de gratidão era antiga, desde os tempos de seus pais. E se ele queria acreditar em milagres, fadas duendes, homenzinhos verdes, enfim... Que acreditasse. Desde que não tentasse convencê-lo de suas crenças malucas...
E por que se preocupava com isso agora? Em breve não estariam mais ali para discutir crenças e milagres.
Padraic tomou uma decisão.
— Aos postos de batalha, homens! — gritou, para a tripulação. — E tentem parecer espertos!
— Vai lutar contra eles?
— O que espera que eu faça? Sabe o que nos espera se formos capturados.
— Sim, eu sei, mas estou pensando em Alison e... Deus, daria tudo para ser como você agora. Tão destemido...
Padraic sabia que o amigo o julgava inconsequente, um simples amante da aventura. Discutiram várias vezes por isso, e a discussão ganhara intensidade depois de Coyle ter se casado com a bela jovem irlandesa chamada Alison Regis.
Coyle tornara-se mais cauteloso.
Quanto a Padraic, cautela era uma palavra que não fazia parte de seu vocabulário. Não era amante do perigo, longe disso, mas, em alguns momentos, era preciso
enfrentá-lo sem pensar nas eventuais consequências.
Infelizmente, dessa vez não tinham escolha.
— Coyle, vamos ter de... Coyle? Coyle!
O amigo estava de costas para ele, olhando para algum ponto no horizonte.
— O que falávamos há pouco sobre um milagre, Paddy?
— Dizíamos que...— Padraic parou, olhando por cima do sócio. Um sorriso iluminou seu rosto moreno.
— Baixem as velas e preparem-se para a abordagem — gritou alguém da outra embarcação.
A escuna britânica estava muito próxima do The Rebel's Pride, mas Padraic tinha os olhos azuis muito brilhantes.
— Ponha essa sua língua de advogado para funcionar, meu caro. Comece a falar. Faça-os pensar que vamos nos render, mas tente obter condições vantajosas para nós.