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20 de janeiro de 2011

A Noiva de MacGregor




Muito além da paixão!

Nem mesmo a própria noiva se reconheceria naquela mulher que se encontrava ali, nua como viera ao mundo, fazendo votos núpicais a um homem irresistivelmente charmoso a quem ela mal conhecia!

O casamento com Bruce MacGregor era a única maneira de Lydia Masters se livrar da cobrança das dívidas deixadas por seu primeiro marido.

Mas até mesmo uma viúva tímida e recatada tem seus limites, e quando Bruce resolveu descobrir até que ponto aquela fachada séria e reservada escondia uma natureza apaixonada, Lydia se sentiu completamente perdida...
Poupar Lydia de dívidas não foi o único motivo que levou Bruce a se casar com ela.
Aquela jovem viúva era uma tentação, embora sua beleza se equiparasse à teimosia...
Mas Bruce não sobrevivera a batalhas sangrentas para ser dominado por uma mulher, muito menos uma lorinha miúda e delicada.
Ele não estava, no entanto, preparado para o forte sentimento que Lydia lhe despertaria, nem para as perigosas aventuras que os separariam, nem para as inimagináveis proezas de que aquela mulher seria capaz para provar a glória de seu amor...

Capítulo Um

Nova Londres, Connecticut 6 de setembro de 1813

O capitão Bruce MacGregor fez um sinal para que todos no convés silenciassem.
Uma palavra ou o estalar de uma tábua, e o jogo teria fim.
Não pensara em encontrar duas fra­gatas britânicas assim tão perto do litoral.
Calma, agora.O tempo pairou em suspenso conforme o Lady Angélica passava pelos navios inimigos em meio à ne­blina espessa.
Com munição reduzida, a nau de MacGregor não tinha condições de enfrentar uma nova escaramuça.
Seus homens estavam cansados até os ossos, e o porão, apinhado de prisioneiros que precisavam levar ao Forte Trumbull.
Bruce sondou a névoa cerrada.
Mais quatrocentas jardas, e estariam livres dos bancos de areia a leste do rio.Era bom conhecer aquelas águas como a palma da mão.
O faroleiro acendera as luzes para confundir os navios de guerra britânicos que espreitavam ao largo da costa.
Ao entrarem pela foz do rio, ele avistou, da amurada, os fa­miliares marcos de terra na orla de Nova Londres.
— Arriar velas!
Ao adentrar o porto, o Lady Angélica seguiu para o cais abaixo do Forte Trumbull, e trinta e sete prisioneiros man­tidos na galé foram levados para cima.
Só depois que os confiou ao coronel Rathbun dentro do forte, Bruce voltou a bordo, deu ordem para zarparem, e o Lady Angélica rumou rio acima até o cais do Velho Paddy.
Assim que o Lady Angélica atracou, Bruce desceu correndo a prancha para cumprimentar seu bom amigo e dono de ar­mazém, Robert Harris, na doca.
Harris podia ser um demônio irritante de se tratar, mas Bruce nunca tivera um amigo mais devotado; uma rocha firme nos bons e nos maus tempos.
Bruce enfiou o conhecimento de carga no nariz de Harris.
— Dê uma olhada! Os melhores chás, especiarias, coran­tes, cafés...
— Nada mal. — Com apenas um olhar de relance para o inventário, Harris rabiscou a assinatura no maço de docu­mentos para acusar o recebimento. — A primeira coisa que farei amanhã é mandar você descarregar.
Bruce ficou boquiaberto.
— Espere! Você nem verificou minhas contas nem andou pelo porão — ele protestou.
— E preciso fazer isso? — Harris empurrou o rol de volta para Bruce e começou a seguir de volta ao armazém. — Eu confio em você.
Bruce entregou a lista ao imediato e saiu atrás de Harris.
Algo estava errado. Normalmente, Harris discutia até o úl­timo centavo.
— Robbie, você nunca viu nada mais fino! Essa carga vai dar um lucro líquido de uns setenta mil.
— Graças a Deus por isso. — Harris suspirou, mostrando sinais de que se animara um pouco.
Bruce bateu no ombro do amigo.
— Deixe-me pagar um café, Robbie. Assim, você pode me deixar em dia com as últimas novidades.
Atravessaram a rua para a taverna do Velho Paddy. De­pois de fazerem os pedidos, Harris caiu naquele silêncio me­lancólico outra vez.
— Robbie, o que está acontecendo? Nunca vi você con­cordar tão prontamente com meus termos.
Sua mulher e as crianças não estão bem? — MacGregor perguntou, com aque­le forte sotaque escocês.
— Minha família está ótima. É que recebi más notícias esta manhã.
O navio que eu tinha com o capitão Masters nau­fragou numa tempestade ao largo das Carolinas.— Harris parecia inconsolável.
— Eu devia ter imaginado.
Pela cara comprida, você só podia ter sido atingido no bolso.
Harris encarou o jovem amigo.
Forte, bronzeado de sol, alto e musculoso, Bruce MacGregor combinava a compleição po­derosa do pai escocês com a pele morena e os olhos castanhos da mãe portuguesa.
Os cabelos pretos, compridos e despenteados pelo vento mostravam os primeiros fios grisalhos nas têmporas, embora, ele não tivesse ainda vinte e nove anos. Com quase dois metros de altura, Bruce era um líder nato.
Era conhecido como um patrão exigente, mas justo.
A vida dura no mar não permitia erros, e Bruce raramente os cometia.
Seus homens confiavam nele implicitamente, pois ele os fizera sobreviver a muitos enfrentamentos contra os mercantes e navios de guerra britânicos.
Sim, Robbie Harris pensou se havia alguém que enten­deria seu apuro, seria Bruce.

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