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12 de fevereiro de 2012

A Jovem De Esparta





Esparta, 481 a.C. 


O desejo de vingar a morte do irmão leva Thyia, jovem cidadã de Esparta, a se unir ao exército como servo de Anaxágoras, intrépido guerreiro, a quem odeia com toda sua alma, já que o considera culpado por sua morte. 


Disfarçada de rapaz, ela se introduz em um universo proibido às mulheres e, servindo a seu amo, começa a conhecê-lo de uma perspectiva bem mais favorável. 
Thyia participa da batalha de Termópilas, em que Anaxágoras acaba sendo preso e submetido à escravidão. Sempre sob seu disfarce, Thyia parte em busca do homem a quem aprendeu a amar e pelo qual está disposta a passar pelas mais perigosas aventuras. 


Comentário revisora Ceila Sarita: Sabem que nem sei o que falar de A jovem de Esparta, sem cometer uma injustiça? Foi uma das histórias mais densas que li nos últimos tempos. Mas me prendeu tanto, que muitas vezes parava de revisar e corria ler, pois não aguentava esperar para saber dos acontecimentos...rs 
O que me atrapalhou bastante foi ter assistido o filme “Trezentos” pois o danado só retrata uma milésima parte da verdadeira história e ao correr atrás de pesquisas daí é que pirei mesmo...rs. No decorrer da história acrescentei várias pesquisas (rodapé), para que ficasse mais fácil de entender. 
A linguagem não deu para mudar muita coisa não, pois além da autora ter descendência espanhola, ela usou e abusou da língua espanhola tradicional e do latim. 
Não briguem comigo, pois muitas palavras não deram para ser mudadas, por que a modernidade não combinava. Peguei raiva da Thyia logo no primeiro capítulo. 
Muito orgulhosa. Maaaaasss... Amei de paixão o Anaxágoras, verdadeiro deus grego, eeeeeeee Loiro!!! (raridade na época). Mas minha raiva contra ela mudou rapidinho depois que tive conhecimento do que ela foi capaz de fazer para se vingar dele e o tiro saiu pela culatra...rsrsrsr (amo essas reviravoltas). 
Tem uma cena (juro que nem em dez vidas eu teria coragem de fazer) que a gente fica muito chocada com ela. Deus me livre de mulher vingativa, viu? 
Mas, logo depois a gente começa a torcer por ela, que tem o topete de se entranhar no mundo dos homens (proibidíssimo para mulheres) só para ter acesso total a ele e assim concretizar sua vingança. Uma baita reviravolta aí, gente! 
Não é que a Thyia se apaixona pelo Colosso Anaxágoras e não pode nem pensar em se delatar, sob pena de morte. 
E quando ele é seqüestrado e vendido como escravo ( o homem é tão bonito, que reis, amigos, escravos e mulheres se apaixonam por ele...) ela fica doida, se joga na estrada a sua procura e quase mata a gente de preocupação e incerteza. 
Será que ela vai dar conta... Bem, tem romance e cenas hot? Claro que tem, mas não como estamos acostumadas... 
Agora, fiquei chocada mesmo com a primeira vez dos dois... Selvagem (bem, quase...rs) 
Depois de tanto tempo... De tanta luta e mortes... Que cena!!! Não esperava... 
Sei que muitas vão amar e odiar a história, mas... 
“Foi assim que escreveram”...rsrsrsr 


Capítulo Um 


 — Eles estão chegando, — murmurou Delfia afastando do rosto uma mecha escura do cabelo. 
— Ouça. Os gritos longínquos reverberavam nas ladeiras escarpadas da montanha. Silenciosas e imóveis os ouvimos subir pelos abruptos atalhos do *Taigeto, para os *Apotetes, que tínhamos alcançado pouco antes. 
 — Não perderam tempo... Saía o sol. O sereno que molhava as folhas das sarças que nos ocultavam encharcava nossos vestidos de lã e deslizava pelos braços nus. 
A pequena muralha de espinheiros constituía nossa única proteção entre a pedra e o precipício. Estávamos separadas deste por alguns metros, da saliência que conduzia a um atalho estreito que chamávamos de, a cobra. 
Delfia estremeceu instintivamente. O ar cortante da alvorada não nos incomodava habituadas como estávamos desde nossa mais tenra infância, a suportar os piores rigores do clima. 
Sem me preocupar com as sarças que me arranharam a pele ao me levantar caminhei até a beira do abismo movendo as articulações duras de meus tornozelos e joelhos. 
— Thyia! O que faz? Eles estarão aqui a qualquer momento! 
Encolhi os ombros e me voltei para a amora que acabava de me interpelar. 
O matagal ocultava por completo minha companheira. 
 — Ainda estão a meio caminho. 
Mantive-me o mais perto possível da beira do abismo para observar lá embaixo, o vale verdejante onde serpenteavam as frescas águas do Eurotas, o rio que atravessa o vale de Esparta. 
A brisa primaveril me açoitou o rosto, e levantei as vestes para deixar que me acariciasse as coxas e me impregnasse do perfume das oliveiras, as hortas, as vinhas e os ciprestes. 
Ao pé do Taigeto pulsava o coração da Lacedemônia: Esparta. 
Uma cidade modesta, ou melhor, dizendo, uma constelação de povoados desprovidos de muralhas e espalhados pelas férteis colinas. Panfila, minha ama-de-leite havia me explicado que o neto do chefe dos legetos, Eurotas, um dia canalizou as águas lamacentas de volta do mar criando um rio ao qual deu seu nome. 
Sua filha Esparta, desposou Lacedemon, o filho de Taigeta, heroína epónima do monte Taigeto e rebatizou ao país e o povoado com seu próprio nome. 
Logo chegaram os heráclidas, descendentes de Hércules, filho de Zeus, e sua vasta dinastia real, para conquistá-la e habitá-la. Modéstia, eu reconheço, nunca foi uma de nossas principais qualidades... 
 Os gritos me fizeram estremecer. O pequeno grupo avançava depressa e estava mais perto do que tinha acreditado. 
 — Volte a se esconder, Thyia! 
 Meu pulso acelerou. Ouvi suas risadas e o barulho dos pedregulhos que rolavam sob seus pés e ricocheteavam pela ladeira acidentada da montanha. 
Podia sentir como o sangue pulsava em minhas têmporas. 
Minhas pernas queriam correr para as sarças, mas minha alma se negava a fazê-lo. 
O perigo me embriagava. Nessa época ainda não tinha tido contato bastante com ele para temê-lo.  — Thyia! 
 — Psiu! Vão ouvi-la. 
 — Thyia! — Olhe que covarde é. — Provoquei enquanto voltava para seu lado. 
 — Repete isso e te faço engolir a língua! 
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