Humphrey Wescott, Conde de Riverdale, morreu, deixando para trás uma fortuna e um segredo escandaloso que alterará para sempre a vida de sua família ― enviando uma filha numa viagem de auto-descoberta…
Com o casamento de seus pais declarado bígamo, Camille Westcott é agora ilegítima e sem título. Procurando evitar as armadilhas de sua antiga vida, ela sai de Londres para ensinar no orfanato em Bath onde morava sua meiairmã, recentemente descoberta. Mas logo que se instala, ela tem de pousar para um retrato encomendado por sua avó e suportar um artista que mexe com todos os seus nervos. Professor de arte no orfanato que já fora a sua casa, Joel Cunningham foi contratado para pintar o retrato da nova e altiva professora. Mas á medida que Camille pousa para Joel, o seu desprezo mútuo logo se transforma em desejo. E é apenas o vínculo entre eles que lhes permitirá enfrentar a dura tempestade que vem seguir...
Capítulo Um
Depois de vários meses a esconder-se, chafurdar na miséria e negação, raiva e vergonha, e qualquer outra emoção negativa que alguém quisesse chamar, Camille Westcott finalmente assumiu o controle da sua vida numa manhã ensolarada e ventosa de julho. Com a idade de vinte e dois anos. Ela não precisou assumir nada antes da grande catástrofe, alguns meses antes, porque ela era uma lady ― Lady Camille Westcott para ser exata, filha mais velha do Conde e da Condesa de Riverdale ― e as ladys não tinham ou precisavamde controle sobre suas próprias vidas. Em vez disso, outras pessoas o tinham: pais, criadas, enfermeiras, instrutores, ajudantes, maridos, sociedade em geral ― especialmente a sociedade em geral, com as suas inúmeras regras e expectativas, a maioria delas não escritas, mas, no entanto, reais e a ter em atenção. Mas ela agora precisava se afirmar. Ela não era mais uma dama. Ela agora era apenas a Srta. Westcott, e nem tinha certeza do nome. Um bastardo tinha direito ao nome de seu pai? A vida surgiu à frente dela como um estranho assustador. Ela não tinha ideia do que esperar. Não havia mais regras, nem mais expectativas. Não havia mais Alguém Para Abraçar ― (Westcott 02) ― Mary Balogh 6 sociedade, nem mais lugar ao qual pertencesse. Se ela não assumisse o controle e fizesse alguma coisa, quem faria? Era uma questão retórica, é claro. Ela não tinha perguntado em voz alta no ouvido de ninguém, mas ninguém teria uma resposta satisfatória para lhe dar, mesmo que a tivesse. Então ela estava fazendo algo sobre isso sozinha. Era isso ou se encolher num canto escuro em algum lugar para o resto dos seus dias. Ela não era mais uma dama, mas era, por Deus, uma pessoa. Ela estava viva ― ela estava respirando. Ela era alguém. Camille e Abigail, sua irmã mais nova, moravam com sua avó materna numa das imponentes casas do prestigiado Royal Crescent em Bath. Estava no topo de uma colina, acima da cidade, esplendidamente visível a quilômetros de distância, com sua extensa curva interior, de grandes casas georgianas todas juntas como numa só, num parque aberto, inclinado diante dele. Mas a visão funcionava em ambos os sentidos. De qualquer janela virada para a frente, os habitantes do Crescent podiam contemplar a cidade e através do rio até aos edifícios além para o campo e para as colinas à distância. Era certamente uma das mais lindas vistas de toda a Inglaterra, e Camille ficou encantada com ela quando era criança, sempre que sua mãe a trouxera juntamente com o seu irmão e irmã em visitas prolongadas a seus avós. No entanto, perdeu algo do seu encanto agora que ela era forçada a viver ali no que parecia muito como o exílio e a desgraça, embora nem ela nem Abigail fizessem nada para merecer qualquer desses destinos.
Série Westcott