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9 de junho de 2020

Senhora do Guerreiro




Jarrett é um guerreiro.

Corajoso, forte e valente, ele pertence ao campo de batalha, mas o destino tem outros planos. Capturado por seus inimigos sendo torturado por diversão, ele anseia pela morte que lhe é negada pela maje1, que cura seu corpo quebrado noite após noite. O toque gentil de Leyla restaura sua esperança e sua ternura repara seu coração machucado.
Mas será que a crescente paixão e devoção um pelo outro será forte o suficiente para prevalecer contra aqueles que tentam desesperadamente mantê-los separados?

Capítulo um

Espalhado na mesa de ferro, ele puxou as grossas tiras de couro que prendiam seus pulsos e tornozelos, contorcendo-se impotente em uma agonia de sangue e carne machucada. Chorando, amaldiçoando, ele caiu para trás, seus olhos se fechando sob o pesado capuz preto que cobria sua cabeça e pescoço como uma mortalha. O material, criado por um antigo feiticeiro Fen, parecia respirar com vida própria, permitindo que o ar circulasse enquanto apagava completamente a luz. Onde ela estava?
Ele cerrou os punhos contra a dor que se estilhaçava através do seu corpo, rezando para que ele sangrasse até a morte antes que ela viesse, mas ao mesmo tempo rezando para que ela se apressasse. Ele podia sentir o sangue escorrendo de suas feridas. Pior do que a dor era a fraqueza, o cansaço que o envolveu depois de desafiar os seus torturadores por horas a fio.
Ele ansiava pelas névoas da escuridão que giravam fora de alcance, sabendo que a morte era a única saída do inferno em que vivia, sabendo que, por mais que desejasse, a morte não o encontraria neste dia. Seus algozes eram hábeis nos jogos, infligindo cuidadosamente ferimentos que às vezes eram extremamente dolorosos, mas nunca fatais.
Uma vez ele tentou morrer de fome, mas os gigantes que guardavam a masmorra forçaram a comida a descer por sua garganta por meio de um fino tubo oco. Fora uma experiência muito desagradável, que ele não desejava repetir.
Nos dias em que foi deixado sozinho em sua cela, aprisionado na escuridão, em vez da escuridão eterna do capuz, ele ansiava pela presença de Maje, o som de sua voz. Ansiava pelo toque das mãos dela, imaginando como seria sentir o toque dela, não o toque de cura, mas o toque de amor.
Ele estava à beira do esquecimento quando ouviu a porta abrir, e ela estava lá. Podia sentir a presença dela ao lado dele, a empatia irradiando dela em ondas douradas de tranquilidade que eram quase tangíveis.
Ele sentiu o calor de suas mãos se movendo em direção a ele e balançou a cabeça violentamente de um lado para o outro.
—Não.— Sua voz era fraca, desigual, abafada pelo capuz.
—Eu devo.— Sua voz era baixa e suave.
—Não.— Ele abriu os olhos, desejando poder ver o rosto dela apenas uma vez. — Deixe-me morrer—, ele implorou. Mas era uma esperança tola, pois as feridas, embora dolorosas, não ameaçavam sua vida. Ainda assim, sempre havia a possibilidade de sangrar até a morte se ela não usasse o seu dom.
—Eu não posso.— ela retrucou.
—Por favor ...— Ele forçou a palavra com os dentes cerrados, odiando a fraqueza que o fez implorar, a miséria e a exaustão que o despiram de sua coragem, seu orgulho.
—Eu não posso—, ela disse novamente, e ele pareceu secar diante dela, como se tivesse perdido toda a esperança. E talvez tivesse, pensou tristemente, mas ela não podia deixá-lo morrer. Ela era uma Maje.