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13 de agosto de 2010

Brumas do Passado





Um mundo de escuridão e mistério...

Foi isso que Olívia St. John descobriu ao chegar em Blackthorne para trabalhar como preceptora. Mas ela estava determinada a desvendar os segredos que cercavam as terras de Lord Quenton Stamford e arrancá-lo daquela melancolia voluntária.
Quenton Stamford jurara que jamais confiaria em uma mulher novamente. Até que Olívia St. John surgiu em sua vida. 

A determinação dela em vencer as próprias dificuldades despertou-o de seu longo pesadelo. Mas como podia seguir seu exemplo e aprender a amar novamente?

Capítulo Um

Cornualha, 1662.
As sombras do entardecer projetavam-se sobre as colinas ondulantes e as campinas verdes pontilhadas de ovelhas. Camponeses arrendatários, cansados após um dia nas plantações, pararam as atividades para ver ao longe uma elegante carruagem dirigindo-se ao castelo.
— O coração de pedra voltou. — Um homem velho apoiou-se no cajado e virou-se para o filho. — Não bastou ter matado a esposa e jogado o irmão do penhasco, deixando-o mudo e paralítico. Nem partir para a Inglaterra, levando uma vida de crime nos mares, deixando o avô para cuidar do caos aqui. Ainda deve achar que sua amizade com o rei lhe dá o direito de voltar e reclamar a herança, como se nada tivesse acontecido.
— Quem vai detê-lo? — resmungou o mais jovem.
— Quem... Os ricos vivem sob suas próprias regras. — O velho estreitou o olhar e observou a carruagem parar no pátio distante. — É ruim que nosso suor e sangue contribuam para tanta riqueza, mas seria ainda pior morar no castelo Blackthorne, como aqueles serviçais...
— Louvado seja! O lorde chegou! — A sra. Thornton, governanta de Blackthorne, o domínio do lorde Quenton Stamford, bateu as mãos para chamar a atenção dos serviçais, conclamando-os com sua voz aguda e desafinada.
Quanto mais agitada, mais alto falava: — Edlyn, sua lambari retardada e imprestável! Pare de se embonecar e vá logo com os outros!
Enquanto os serviçais saíam pela porta da frente e perfilavam-se no pátio a governanta e Pembroke, o mordomo, tomavam seus lugares um pouco à frente. Formavam uma dupla cômica, a sra. Thornton rechonchuda de avental manchado e lenço sobre os cachos grisalhos, Pembroke alto e magro como uma vara, com os cabelos pretos meticulosamente arrumados e a roupa igualmente engomada. A voz dela lembrava articulações enferrujadas, enquanto a dele era tão afetada quanto a usada pela realeza.
O cocheiro freou a composição, desceu e abriu a porta da carruagem. Uma figura de capa saltou, mal olhando para a equipe reunida.
— Bem-vindo ao lar, senhor — declarou Pembroke, após pigarrear ruidosamente.
— Espero que a viagem tenha sido aprazível — acrescentou a governanta.
— Permita-me apresentar-lhe os seus criados, senhor. — Pembroke voltou-se e viu as moças já na devida postura de reverência, enquanto os rapazes tiravam os bonés.
Lorde Stamford saudou-os com um movimento de cabeça quase imperceptível e voltou-se para a porta da carruagem, de onde saltava um menino pequeno.
Ereto como um poste, Pembroke não externou o menor sinal de surpresa, mas olhou curioso para a criança morena, de cabelos e olhos castanho-escuros.
O menino, por sua vez, admirava a fortaleza imponente cercada de amplos jardins bem cuidados, as torres acasteladas captando os últimos raios de sol.
O cocheiro já descarregava a bagagem, deixando-as no chão. Com um estalar de dedos, Pembroke destacou alguns membros da equipe para transportar as malas e bolsas do lorde.
— Gostaria de um jantar tardio,senhor? — indagou a sra. Thornton, nervosa.
— Não, não quero nada.