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19 de março de 2021

Você chegou para ficar


Você veio para ficar Elliot Wise, segundo filho do duque de Lennox, já não era o mesmo há um ano. 

Uma horrível tragédia caiu sobre ele, destruindo sua vida, por isso, diante da notícia de ser o herdeiro do ducado do Weston, não mostrou muito entusiasmo. Tal herança acarreta um título e responsabilidades com nome de mulher. Quem é essa jovem, que não se comporta como uma dama, mas que desperta sentimentos que acreditava esquecidos há muito
tempo?
Cassie Price, vive de perto a perda do velho duque de Weston,
sendo este seu padrinho, agora verá um desconhecido herdar seu título e se instalar na casa. Algo lhe diz que o novo duque não será tão permissivo com ela. Esse homem vai querer mandar e opinar em seu futuro, e isso é algo que ela não pensa permitir.


27 de janeiro de 2018

O Renascer de Gabrielle

Gabrielle carrega um segredo.

Terríveis acontecimentos a obrigam a deixar seu lar natal em Edimburgo e mudar-se a Londres e viver com seus tios. 
Mas Gabrielle já não é a mesma porque alguém em quem confiava a deixou reduzida a cinzas.
William Clarkson, marquês de Harlock, tem muito claro que não deseja casar-se nunca.
Um desengano amoroso terminou com seus desejos de ligar-se a alguém e formar uma família. 
Assim, quando Gabrielle aparece em sua vida com sua atitude fria e irônica, não entende por que não pode deixar de pensar nela. Mas chegar ao coração de Gabrielle será uma tarefa muito difícil. Será capaz de renascer de suas cinzas?

Capítulo Um

Londres, março de 1833
Gabrielle despertou sobressaltada e com a respiração ofegante, como se tivesse estado correndo durante quilômetros sem parar. Desorientada, olhou a seu redor até que reconheceu o lugar no que se encontrava: seu novo aposento em Londres. Com lentidão, apartou as mechas pegajosas da testa, banhadas pelo suor que lhe cobria todo o corpo. Tinha sido um pesadelo. Um de tantos outros.
Sempre o mesmo.
Acendeu uma vela para poder vislumbrar melhor o que havia a seu redor, pois as sombras que invadiam a estadia a punham mais nervosa. O amplo aposento estava como sempre, limpo e ordenado, como gostava. Observou o piano que presidia o lugar e pensou em tocar um pouco, mas rechaçou em seguida a idéia: não queria despertar ninguém. Teria que tentar acalmar-se de outra forma.
Com o peito ainda subindo e baixando com rapidez sob o tecido da fina camisola, levantou-se e se aproximou da enorme janela que ocupava grande parte da parede esquerda.
 Sentia o chão frio sob os pés, mas isso a ajudou a limpar e a eliminar os restos do pesadelo. Tinha sido tão real… Como era quase todas as noites. Às vezes despertava gritando sobressaltada e outras simplesmente ficava paralisada pelo medo, como se estivesse de novo naquela sala, completamente indefesa e à mercê de seu atacante. Estava chegando a um ponto em que, se pudesse fazê-lo, preferiria não voltar a dormir nunca mais.
Abriu a janela, que emitiu um ligeiro clique, e saiu ao enorme terraço que dava ao jardim da propriedade. Tinham-lhe dado aquele quarto porque seus tios pensaram que gostaria de observar a vista. E tinham razão, pois as árvores e arbustos recordavam aos que tinha em sua casa, em Edimburgo. Além disso, as noites frias se tornavam mais suportáveis, anunciando a chegada da primavera. Aquela era uma de suas épocas favoritas do ano desde que era menina.
Recordou como ia com seu irmão a passear pelos jardins da casa em maio quando era menina, enquanto as abelhas zumbiam perto dos canteiros de flores que, conforme lhe contaram, sua mãe tanto adorava.
Pedia-lhe para jogar e ele se fazia de surdo até que ela se decepcionava porque não fazia caso. Então, ele a agarrava pela cintura, surpreendendo-a, e a jogava ao ombro entre as risadas de ambos.
Sorriu involuntariamente quando aquela lembrança a envolveu como uma manta protetora, afastando todo mal. Perder Xander foi terrivelmente o pior. Ele era o único que a entendia, o único que tinha acreditado quando tudo passou, além de Helena.
Doía pensar em ambos, tão longe dalí: seu irmão e sua melhor amiga. Desejou que estivessem em Londres com ela. Desejou que a abraçassem e lhe dissessem que tudo ficaria bem, que tudo se arrumaria.
Respirou fundo, mais serena. Olhou para a rua, algo mais à frente do jardim, e observou a neblina que formava redemoinhos no exterior.
 Certamente, de dia a vista dalí era fantástica. Gostava de observar a caminhada das pessoas que se dirigiam a realizar seus afazeres diários. Mas agora, noite fechada, não se podia distinguir nada exceto a cinzenta bruma e isso a deprimia. Embora também chovesse frequentemente, na Escócia tudo era mais mágico.
As verdes Highlands eram uma paisagem digna de observar, embora só tinha estado apenas uma vez. De repente, umas imagens voltaram para sua mente e pôs-se a tremer de novo. Zangou-se consigo mesma por assustar-se tanto; ali não podia fazer-lhe dano. Esteve se convencendo disso até que a respiração se normalizou uma vez mais. Caso seguisse assim, voltaria-se louca.
Já tinham se passado vários meses desde aquilo, mas tudo estava muito recente ainda. Sempre o estaria. Estava segura de que jamais conseguiria desprender-se da sensação de desamparo e impotência que a assaltou aquela noite.
Tinham-lhe destroçado a vida e só ela pagava o preço. Felizmente, apenas seu irmão e sua amiga, junto com o pai desta, tinham entrado na sala para ajudá-la e ambas as famílias puderam ocultar tudo.
Se o resto da sociedade soubesse, acabaria desonrada. Porque, embora fosse frustrante, Gabrielle sabia que ninguém acreditaria que a tinha forçado.
Todo mundo pensaria que ela se ofereceu, porque seria sua palavra contra a dele. Por desgraça, as coisas eram sempre assim.
Suspirou derrotada e voltou a entrar em seu quarto. Sentou-se frente a penteadeira e se olhou no espelho. Cabelo comprido e negro, olhos verdes. Seu reflexo era familiar, mas ao mesmo tempo não se reconhecia. Tinha mudado por dentro de forma irreversível.
Desgostosa consigo mesma, tombou-se na cama e olhou ao teto enquanto tentava deixar a mente em branco. Levava ali mais de cinco meses, mas não conseguia acostumar-se a seu novo lar, apesar de não ter saído de casa desde de que alí chegara. Não se sentia com forças, embora as paredes começavam a cair sobre sí. Por sorte, os meses prévios à temporada eram de poucos compromissos sociais e sua tia a tinha dispensado de todos. Em realidade, não sabia se os londrinos conheciam sua existência e tampouco lhe importava. Queria fazer-se pequenina e desaparecer.