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19 de novembro de 2010

Desvairado Amor







Uma luta sem tréguas entre pai e filho pelo amor de uma mulher!

Na magnífica terra das sequóias, chega Maya Charters, tendo como único legado o conselho de sua mãe jamais ceder à paixão e casar-se somente com um homem rico e maduro, capaz de lhe assegurar o sustento.

Desafiando os obstáculos impostos a uma recém-chegada, Maya torna-se uma mulher altiva e corajosa.

Mas o amor de dois homens indômitos divide seu coração.
Como decidir entre o jovem e apaixonado Will Hawthome e seu pai, Hale Hawthome, que, ao lhe oferecer a dádiva da segurança, não consegue apagar o desejo ardente que governa seus dias e atormentas suas noites?
Uma história emocionante que mostra o frágil limite entre o ódio e o amor.

Capítulo Um

Mansamente, a escuna Brother Samuel emergiu da neblina acinzentada para a luminosidade do sol, e Maya Charters, encostada ao gradil da embarcação, deliciou-se com o calor envolvente.
Como por encanto, esqueceu-se das dúvidas quanto à necessidade de fugir do passado.

A beleza de Cape Mendocino, Califórnia, cujas águas à volta faiscavam sob os raios de sol, transmitia-lhe segurança.
O oceano Pacífico fazia jus ao nome. A superfície calma assemelhava-se ao cetim e o ar translúcido atingia a perfeição.
Cinco golfinhos quebraram a tranqüilidade.
Os corpos esguios pulavam tão próximos da escuna que Maya podia ouvir-lhes e ritmo da respiração.
Hipnotizada pelas criaturas ágeis e pujantes, ela manteve-se imóvel. Ao mesmo tempo, admirava e invejava-lhes a liberdade tão perfeitamente ajustada a seu hábitat.
Ela viajara milhares de quilômetros na esperança de encontrar também um mundo onde a vida valesse mais do que a guerra, a fome, a miséria e a morte.
Da mesma maneira repentina com que haviam surgido das águas, os golfinhos desapareceram sob elas.
Maya vasculhou a superfície do oceano, desejosa de encontrar vestígios dos animais. Porém eles não pontilhavam mais a massa azulada do mar aberto à volta da escuna. Tampouco encontravam-se na zona sombreada pela neblina densa próxima da costa.
A existência da terra podia ser constatada pela linha irregular, verde-escura, acima da muralha de névoa.
Árvores gigantescas, de mais de três mil anos, achavam-se lá. As copas altíssimas, como braços estendidos, absorviam a luz benéfica do sol.
Mais altas do que Deus, eram elas, de um verde-escuro quase negro e tão densas que a luz do sol jamais alcançava o solo.
Reclinada no gradil, Maya relembrou as palavras do pai falecido e percorreu o olhar pelo topo da cerração, numa tentativa de ver mais das árvores prodigiosas.
Além de suas coroas imponentes, erguia-se uma região montanhosa coberta por florestas verdejantes.
A semelhança do mar, a terra estendia-se tranqüila, intata e sem fim.
No amanhecer sereno, não havia ninguém no tombadilho para perturbar o enlevo de Maya com a terra e o mar.
Nem mesmo o timoneiro, a meia-nau da embarcação madeireira, dispensava-lhe mais os olhares de mal disfarçada luxúria.
O turno de quatro horas ao leme chegava ao fim, e ele pensava apenas no beliche que o esperava para o merecido descanso. Já não prestava muita atenção à jovem lindíssima debruçada no gradil da popa.