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7 de setembro de 2014

Em busca da esposa Perfeita

Charlotte Wilcox, filha de um barão sem dinheiro, tem vivido com seu pai em uma pequena aldeia desde que sua mãe morreu quando era criança, e embora se sentisse feliz em sua casa e não se importasse com o fato de permanecer solteira aos vinte e três anos,

É pressionada por sua família para encontrar um marido que a sustente.
Para isso viaja para Bath, onde sua tia Margaret se encarrega de instruí-la para que consiga uma oferta adequada de casamento.
Para Charlotte, ás regras estritas que regem os membros da sociedade aristocrática parecem absurdas e ultrapassadas, temendo que nunca consiga chegar a ser a esposa perfeita que sua tia pretende e que todo cavalheiro deseja.
No primeiro baile que participa conhece Edward Holne, Visconde de Eversley e qualquer regra que sua tia seja capaz de ensiná-la, será inútil para a atração que surge entre eles.

Capítulo Um

Bath, condado de Somerset, Março de 1831
«...A esposa perfeita sempre tem presente que a felicidade do marido é a maior de suas preocupações embora para isso deva renunciar à sua própria. Esse consigo é suficiente para lhe proporcionar uma intensa sorte.
Nunca peça ao marido explicações a respeito de suas palavras ou ações, nem se queixe se ele chegar tarde ao lar. Tem presente que ele é o amo da casa e de sua pessoa.
Sempre deixe falar primeiro ao marido e lhe escute com atenção, pois qualquer tema de conversa que ele exponha é mais importante que os que você puder conceber. E, quando lhe permitir falar, faça-o em tom humilde e direto, sem estender-se em banalidades próprias de mulheres que acabam aborrecendo ou exasperando o marido.
Não lhe aflija com problemas domésticos ou sobre seus interesses e afeições, que são insignificante comparados com os dos homens...»
Charlotte fechou o livro e emitiu um buf1o de exasperação nada elegante. 
Quanto mais lia, mais absurdo lhe parecia seu conteúdo. Como era possível que tia Margaret defendesse tamanhos desatinos?
Tinha-lhe deixado o manual lhe recomendando que o lesse atentamente e assimilasse seus ensinamentos por tratar-se das principais normas de conduta que deveriam reger sua futura vida de casada. Mas ela não acreditava que pudesse realizá-las; inclusive duvidava seriamente de que algumas fossem realmente acertadas. 
Seu pai a tinha educado para que pensasse e atuasse com liberdade, sempre que esta não ocasionasse prejuízo a seus semelhantes, a fazer dos conhecimentos uma fonte de satisfação, a sentir-se orgulhosa de sua inteligência, de suas vontades de aprender e raciocinar, e não estava disposta a sacrificar tudo isso para conseguir um marido. Preferia ficar solteira a converter-se em uma marionete descerebrada nas mãos de um homem que se nomeava em árbitro do que devia fazer ou dizer. 
Era uma idéia tão humilhante que se considerava incapaz de aceitá-la.
Apreciava muito a sua tia e agradecia seus esforços para casá-la, mas não estava de acordo em que essa atitude fosse adequada para uma esposa irrepreensível, como ela assegurava, e garantisse a estabilidade do matrimônio.
Desde que chegou há Bath duas semanas antes, sua tia não tinha deixado de tentar polir seu rebelde caráter e rústicas maneiras; algo que sempre lhe recordava, assim como adestrá-la nas práticas sociais necessárias para que pudesse ter um certo êxito na temporada social que acabava de começar. 
Tudo isso para conseguir uma proposta de matrimônio, a principal razão de que estivesse ali. 
Charlotte imaginava que, convertê-la em uma correta dama, estava custando a sua tia mais esforço do que calculou no inicio, embora soubesse que seu orgulho lhe impediria de admiti-lo e, é obvio, abandonar a tarefa.
Com um suspiro entre divertido e resignado, fechou os olhos e se entregou a um leve sono propiciado pela placidez que o delicioso almoço lhe tinha ocasionado. Essa era outra das pautas que se negava a seguir: a frugalidade na alimentação que o manual indicava e que sua tia defendia ao extremo, o que a obrigava a se introduzir com freqüência na cozinha e procurar um extra de mantimentos que a ajudassem a agüentar aquela espécie de penitência.
Margaret insistia em que uma dama refinada devia comer pouco e isso a torturava. Certo que a gulodice era inclusive pecado, que provar mais de um bocado resultava excessivo; por isso tinha decidido, com a cumplicidade da cozinheira, prover-se ela mesma do necessário para não morrer de fome enquanto estivesse naquela casa.
Tampouco estava de acordo em levantar-se quase à alvorada para dar um passeio a cavalo pelo parque. Segundo sua tia, tratava-se de um costume elegante ao mesmo tempo em que proveitoso tendo em conta que a essa hora muitos cavalheiros solteiros se dedicavam a tão saudável passatempo. E, embora nenhum lhe tivesse dirigido a palavra, provavelmente pelo fato de passar velozmente a seu lado, Margaret não se desanimava e insistia nisso a cada dia. Enfim, uma insensatez atrás da outra que estava lhe custando muito esforço aguentar.
—Mas é que te tornaste completamente louca, criatura?