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21 de outubro de 2009

Herança De Paixão



Uma batalha de amor mais árdua do que a guerra!

Danielle de Aville foi obrigada, por decreto do rei, a casar-se com Adrien MacLachlan, o guerreiro escocês responsável pela queda de seu castelo.
De uma hora para outra estava presa a um casamento que nenhum dos dois desejava.
Mas ao ser levada para a Escócia e arrebatada pelos braços fortes de Adrien, em pouco tempo Danielle viu-se entregue a uma paixão alucinada pelo marido que jurara desprezar...Adrien não podia se permitir confiar naquela beldade de olhos verdes em cujas veias corria o sangue dos soberanos franceses.
A lealdade de Danielle, dividida entre as duas nações, só inflamava ainda mais os conflitos entre ambos, porém Adrien não conseguia controlar o desejo intenso que sua esposa lhe despertava, nem fazê-la ceder à sua vontade, enquanto lutava como nunca para conquistar o coração daquela mulher, na mais difícil de todas as batalhas...

Prólogo

O Ano de Nosso Senhor de 1357
Parado na soleira da porta, Adrien MacLachlan examinou o interior enfumaçado da taverna, sua figura alta barrando a entrada durante alguns segundos.
Ele era um cavaleiro, um dos mais famosos dentre todos os guerreiros do rei Edward III. Todavia, naquela noite, não usava armadura.
Fora avisado do encontro e vestira-se a exemplo dos frequentadores assíduos do estabelecimento de má reputação.
Como os ladrões e assassinos, trajava túnica de linho, calça, botas e uma capa escura com capuz, que escondia tanto suas feições como as armas que escolhera levar: a magnífica espada Toledo e a faca afiada, presa à panturrilha, o manejo de ambas ensinado por seus parentes escoceses.
Há muito aprendera a lição amarga de que qualquer luta costuma ser inesperada, breve e fatal.
Após rápida inspeção, satisfez-se. Ela ainda não havia chegado. Marchando para um canto do salão, sentou-se com as costas voltadas para a parede e os olhos fixos na porta da frente.
Depois de pedir um caneco de cerveja a uma serva de seios fartos, observou a clientela, questionável em todos os aspectos.
O lugar realmente fazia jus à fama: um covil de matadores, assaltantes e canalhas. Na mesa ao lado, um marinheiro de dentes podres e seu comparsa cochichavam,
fitando-o de soslaio. Sem dúvida o avaliavam, discutindo se valeria a pena tentar roubá-lo. Naturalmente fora sozinho àquele local perigoso porque quisera.
Muitos dos ilustres e bravos cavaleiros o teriam acompanhado, se os houvesse chamado. Porém, tratava-se de um assunto pessoal, um assunto que preferira não levar ao conhecimento do rei.
A vida dela talvez dependesse disso.
Rezava para que seus informantes estivessem certos e que ela aparecesse na taverna. Porque senão...
Um misto de medo e fúria fazia seu sangue ferver nas veias.
Como ela pudera ser tola a ponto de correr tais riscos? Acaso se considerava assim tão forte, tão poderosa, ou apenas tão nobre que seria capaz de conter os instintos básicos de homens desonestos? Ah, como ansiava pôr as mãos naquela mulher...
De muitas maneiras.
O dever exigia sua presença ali. A pequena megera merecia um bom castigo.
Mas, por Deus, ela era sua responsabilidade e um prêmio por demais valioso para malfeitores de qualquer espécie. Bem no fundo do coração, temia por ela, sabia que morreria por ela. Morreria por dentro, se algo lhe acontecesse.
Uma figura encapuzada entrou na taverna.
Embora o salão estivesse cheio de figuras encapuzadas, jamais teria dificuldade para reconhecê-la. Afinal, praticamente vira-a desabrochar, transformar-se nessa criatura bela, de movimentos fluidos e graciosos.
De novo a raiva o dominou. Lutando para controlar o sentimento intenso, esforçou-se para pensar objetivamente.
Impossível. Ainda que ela fosse a mais pobre das camponesas, despertaria o desejo avassalador dos mais ricos e nobres guerreiros do reino. Cílios negros como a noite emolduravam olhos cor de esmeralda.
Traços perfeitos. Alta, esguia, dona de curvas sedutoras.
E ela fora à taverna encontrar-se com um homem. Um francês. Um inimigo!Do lado oposto do salão, um vulto levantou-se.
Apesar da capa sobre os ombros, o infame tinha o rosto descoberto.
Conde Langlois, cavaleiro a serviço do rei da França. Vira-o algumas vezes, à distância, no campo de batalha.
O conde aproximou-se da mulher e a conduziu escada acima, para um dos quartos.
Cerrando os dentes, Adrien sufocou a fúria.
Ela deveria ter aprendido. Deveria ter aprendido a lição que lhe ensinara!
Determinado a acalmar-se antes de agir, inspirou fundo e contou até dez.
Então, seguiu o casal.Danielle d'Aville nunca se sentira tão apavorada em toda sua vida.
Desde muito cedo, porém, acostumara-se a não deixar transparecer as verdadeiras emoções, convicta de que uma expressão altiva e distante funciona como uma espécie de escudo, mantendo os indesejáveis afastados.
Entretanto, não experimentava apenas medo naquela noite.
Sua alma estava cruelmente dividida. Anos atrás, fizera um juramento a uma moribunda e essa promessa a obrigava agora a enviar um aviso ao rei Jean. Seria a última vez que tentaria ajudar Jean.
Mas, embora não fosse revelar nenhum grande segredo, seu coração sangrava por estar traindo o rei Edward. E, principalmente, por estar traindo um outro homem...
Oh, Deus, como iria se perdoar?
Para piorar sua aflição, algo no conde Langlois, considerado o guerreiro mais bonito e cobiçado da corte francesa, a estava deixando inquieta.
Ele sempre fora cortês e respeitador antes, porém, naquela noite... parecia um predador. Talvez houvesse se arriscado demais, combinando o encontro num lugar de péssima reputação.
O conde a guiou pelo corredor longo e pouco iluminado até um quarto onde o fogo já ardia na lareira. Sobre a pequena mesa de canto, havia uma garrafa de vinho, pão e queijo. A cama rústica dominava o ambiente, os lençóis arrumados, como se à espera de amantes.
Inquieta, ouviu o cavaleiro fechar a porta. De cabeça erguida e ombros eretos,
virou-se para fitá-lo. Langlois era um homem bonito, os olhos escuros como os cabelos e a barba bem aparada. Entretanto, sua aparência a fazia pensar num abutre... ou num lobo!