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10 de março de 2012
Inesperada Paixão
Ela deveria dizer "não"... Mas disse "sim"!
Somente uma aguda curiosidade poderia compelir Fredrick Smith a procurar descobrir a verdade sobre o pai que o abandonou.
E somente uma tempestade torrencial poderia obrigá-lo a parar numa hospedaria no meio do caminho.
Porém, ali ele encontra um verdadeiro tesouro, uma mulher linda, cujos trajes antiquados e austeros não escondem o corpo escultural e a sensualidade latente.
Em pouco tempo, o poder de sedução de Fredrick derrete a barreira de gelo que Portia Walker ergueu ao seu redor, fazendo-a sorrir e suspirar...
No momento em que Fredrick entra na hospedaria de Portia, com as roupas molhadas, o rosto másculo e perfeito e os penetrantes olhos cinzentos, ela toma consciência do perigo que aquele homem representa.
Depois de viver situações dolorosas, Portia jurou que nunca mais um homem controlaria seu destino outra vez. Mas os juramentos enfraquecem diante de um desejo avassalador, que promete.
Capítulo Um
Aconstrução na Lombard Street erguia-se, imponente, com um belo jardim, em um bairro respeitável.
O proprietário, o Sr. Dunnington, era um homem reservado.
Até mesmo os conhecidos mais íntimos pouco sabiam acerca do cavalheiro.
Nada além de que fora tutor, tinha recebido uma pequena herança e, depois de comprar aquela casa, a convertera em uma escola exclusiva para rapazes de nascimento ilegítimo.
Bastardos, alguns os chamariam, mas com dinheiro para assegurar que recebessem uma educação adequada e meios suficientes para seguir uma carreira decente.
Além de lecionar, o Sr. Dunnington sempre havia sido um intrigante mistério.
É claro que ninguém podia imaginar quanto. Por certo, nem os três cavalheiros que se encontravam sentados na biblioteca da casa naquele exato momento.
A primeira vista, tinham pouco em comum, a não ser pelo fato de que eram do tipo de enlouquecer a mais exigente das mulheres.
Raoul Charlebois, apoiado de modo descontraído na escrivaninha de mogno, talvez fosse o mais cativante dos três. Não por seus cabelos loiros nem pelo corpo esbelto.
Os movimentos graciosos e as feições clássicas pareciam hipnotizantes.
Não era de admirar que fosse o ator mais célebre de Londres.
Ian Breckford, por sua vez, era bem sucedido em tudo o que fazia.
Excelente espadachim e cavaleiro veloz fizera fortuna nas mesas de jogo.
As mulheres o chamavam de Casanova.
Um autêntico hedonista, admirado e invejado por todos os homens de Londres. Fredrick Smith não possuía a beleza loira de Raoul, tampouco o charme moreno de Ian. Seus cabelos eram cor de mel, com leves ondulados sobre as orelhas e a nuca.
As feições, delicadamente esculpidas, eram a ruína de sua existên¬cia desde menino.
Que garoto queria parecer um querubim?
Por sorte, a idade conseguira acrescentar um inconfundível ar de masculinidade às grossas sobrancelhas, às maçãs do rosto angulosas e ao nariz reto.
Nada, contudo, poderia alterar os olhos, que eram de um tom incomum de cinza.
O físico exibia músculos rijos, realçados pela roupa elegante que usava.
Não que ele aprovasse os estilos mais recentes. Não havia nada de simpático nos sapatos pretos que comprara na última hora para ir ao funeral.
Apertavam tanto seus pés que ele começava a temer que a circulação sangüínea fosse comprometida.
Se soubesse que aquele compromisso ia lhe tomar boa parte do dia, teria usado suas confortáveis botas de couro.
Havia se passado quase uma hora desde que o pequeno, irritante e exigente advogado deixara a sala, mas o silêncio permanecia tão pesado quanto no momento em que o testamento fora lido. Sentado próximo às chamas crepitantes que lutavam contra o frio de fim de janeiro, Fredrick tomou um gole do bom conhaque que tivera a excelente idéia de trazer. Já imaginava que o dia seria difícil.
O Sr. Dunnington havia sido mais que um professor para ele e os dois companheiros.
Fora um pai, um mentor, o esteio de suas vidas.
Mesmo após terem partido daquela casa em busca de fortuna, nunca perderam o contato com o homem que lhes tinha dado algo que nenhum deles esperara ter: uma família. Algo raro e precioso para um bastardo.
Saber do falecimento de Dunnington havia aberto uma imensa ferida em seu coração.
O estalar de faíscas na lareira foi suficiente para arrancar os três cavalheiros do entorpecimento em que se encontravam.
Raoul se ergueu e cruzou o espaço até a janela. — Inacreditável — murmurou.
— Essa palavra resume a situação muito bem — disse Fredrick, seco. Ian pigarreou.
— O velho sempre foi meio maluco, e já desconfiávamos que escondesse algum mistério do passado, mas isso... Maldição!
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