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14 de agosto de 2016
Infame Sedutor
Ele se casou pelo dote dela...ou por vingança?
Inglaterra, 1818.
A reputação do visconde de Stratton precedia-o: aventureiro e audacioso, ele era notório por suas belas amantes.
A família de lady Elizabeth lhe devia dinheiro, e a única esperança que ele tinha de recebê-lo era apossando-se do considerável dote dela... mas teria de se casar com Elizabeth para obtê-lo!
Lady Elizabeth não desejava se casar com um conquistador infame como aquele, mesmo ele sendo irresistivelmente bonito. Se já era um homem rico, por que Stratton concordara em se casar com ela? Especialmente estando a reputação dela manchada por um escândalo!
Era por amor... ou por vingança?
Capítulo Um
— Elizabeth!
Lady Elizabeth Rowe virou-se no vestíbulo da elegante casa de sua avó e deparou com a contrariada senhora segurando o nariz entre o indicador e o polegar, uma expressão de aversão no rosto. Elizabeth logo compreendeu. Constrangida, baixou o olhar para a barra de seu vestido. Estava suja. Soltou um suspiro e deu de ombros, desculpando-se. Era possível que as manchas no tecido fossem do barro dos canteiros de flores que contornara depois que descera da carruagem simples do reverendo Clemence. Infelizmente, suspeitava, assim como a avó, que havia sujeira de tipo mais ofensivo em sua roupa. Provavelmente, eram detritos das sarjetas do bairro miserável de Wapping, onde estivera auxiliando o vigário nas aulas da escola dominical, dadas por ambos na rua Barrow.
— Olhe para você! — esbravejou Edwina Sampson na direção da neta, joias faiscando nos dedos rechonchudos enquanto sacudia a mão num gesto desgostoso. — Não há dúvida quando você está em casa. Eu simplesmente sigo meu olfato!
— Não fique tão aborrecida, vovó — disse Elizabeth num tom apaziguador. — Há coisas piores na vida do que um pouco de sujeira. Acabei de estar entre pobres-coitados que convivem com esse cheiro fétido diariamente. E ainda passam fome, além de sofrer tantas outras privações.
Edwina Sampson empertigou-se.
— O que está faltando é decência e trabalho árduo! Feche essa porta! — ordenou de repente a um homem alto e compenetrado, parado na entrada do vestíbulo, que olhava com as sobrancelhas grisalhadas arqueadas para o rastro de sujeira no chão de mármore. — Depressa, homem! Eu aqueço esta casa para você deixar simplesmente que o calor se vá? Sabe quanto custa um saco de carvão? Uma carroça de lenha?
— Na verdade, eu sei, senhora — respondeu Harry Pettifer calmamente. — Nesta semana mesmo, paguei a conta ao fornecedor de lenha e carvão.
— Isso é insolência, Pettifer?
— Jamais sou insolente, madame — informou-a o mordomo com ar imperturbável, enquanto seguia pelo vestíbulo.
Quando passou por Elizabeth, piscou-lhe um olho. Ela sorriu. Durante os poucos anos desde que fora morar com a avó, naquela área tranquila e elegante de Marylebone, já testemunhara discussões bastante interessantes entre os dois.
Enquanto descalçava os sapatos enlameados com cuidado, notou que a pequena comoção atraíra outros criados. Prontamente, Pettifer instruiu-os a limpar o vestíbulo.
— Sim, e mande que andem logo com isso, homem! — resmungou Edwina. — Imagine se um visitante resolver aparecer de repente e vir a entrada de minha casa nesse estado!
Elizabeth adiantou-se até as escadas apenas de meias nos pés, a barra da saia erguida.
— Pare de implicar tanto com Pettifer — pediu à avó. — Você sabe muito bem que precisamos dele... muito mais do que o bom homem precisa de nós, eu desconfio. Ouvi dizer que Alice Penney o está cobiçando outra vez. Está determinada a levá-lo para trabalhar para ela em sua casa em Brighton.
— Está? — A reação de Edwina foi de indignação. — Quem lhe disse isso?
— Vou subir para trocar de roupa e, depois, me reunirei a você na sala para lhe dar mais detalhes sobre a popularidade de Pettifer. Nesse meio tempo, acho melhor você tratá-lo com um pouco mais de gentileza, ou ele ficará tentado a ir desta vez — disse Elizabeth por sobre o ombro com um sorriso de provocação, enquanto subia as escadas agilmente.
Momentos depois, estava em seu quarto, onde pairava a agradável fragrância de lavanda. Sua criada, Josie, torceu o nariz ao ver-lhe o estado das saias e ajudou-a rapidamente a retirar o vestido do dia. A avó estava certa, pensou Elizabeth, enquanto lavava o rosto em água perfumada com pétalas de rosas. Era o mau cheiro o que mais incomodava. Mesmo em casa e com roupas limpas, o forte odor que impregnava Wapping parecia permanecer em suas narinas.
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