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18 de agosto de 2013

Horizonte Selvagem


A insuportável discriminação que Valery sofre em sua cidade natal obriga-a a tomar uma decisão: fugir!

Apesar dos perigos, ela resolve seguir para o Oregon e lutar por uma chance de felicidade.
Mas as antigas marcas ainda lhe trazem dor.
Em nome da "segurança" dos viajantes, o guia Joe Dossman, com autoridade e prepotência, rejeita integrar em sua caravana uma jovem solteira e de péssima reputação.
Mas não consegue impedi-la de seguir viagem. Para surpresa de Joe, ela se casa e se apresenta como a respeitável Sra. Abner Claunch. Decidida a tornar-se uma esposa fiel, Valery passa a travar uma dura batalha íntima.
O inflexível e atraente Joe se insinua em seus sentimentos, desafiando-a a trair uma promessa feita à fria luz da razão.
Porque na escuridão da noite nas trilhas do Oeste é a imagem de Joe que habita seus sonhos.

 Capítulo Um

Abril, 1850
Lívida, Valery parou à soleira da porta. O vestido lar­go, com gola alta e mangas compridas, escondia-lhe as curvas do corpo jovem, mas não diminuía a beleza de seu rosto. 
Os grandes olhos azuis e os lábios sensuais eram realçados pelos cabelos negros como ébano.
Os forasteiros, cavaleiros que chegavam de todas as partes, sentiam-se enfeitiçados ao vê-la passar. Mas lo­go desviavam os olhos, concluindo por suas roupas convencionais e ar recatado que ela certamente teria pais severos, ávidos em protegê-la.
Os moradores de Independência, contudo, sabiam de sua origem e do estigma que carregava... A filha de Kate, uma prostituta.
Sem mover-se do lugar, Valery disse ao homem ma­gro, de ceroulas e camiseta, deitado na cama com as pernas para fora.
— Ela se foi Abner.
— Quem?
— Kate. Está morta.
— Sinto muito Valery... — Ele se ergueu, sentando-se na cama penalizado.
A moça continuava imóvel, os punhos cerrados. Abner demorou um pouco a se dar conta de seus trajes impróprios. Esticou o braço depressa, para alcan­çar as calças, jogadas sobre uma cadeira.
— Deus do céu! Estou quase nu! — De costas para Valery, vestiu-se depressa. Apanhou as botas empoeiradas e as calçou, observando a figura frágil de Valery.
Ela parecia totalmente alheia à sua desajeitada afo­bação. Aliás, nem havia reparado no modo como ele estava vestido. Seus pensamentos estavam voltados pa­ra uma questão bem mais relevante...
Aproximou-se dela e segurando-lhe a mão, trouxe-a para dentro do quarto. 
Rapidamente fechou a por­ta. Se a senhora Herman, dona da pousada, a visse ali ficaria furiosa. Faria um escândalo, somente porque se tratava de Valery. 
Como a maioria das pessoas em Independência, Lizzy Herman apenas esperava o mo­mento em que a filha de Kate se perderia. Diversas ve­zes Abner tentara lhe dizer que não existia no Missouri garota tão doce quanto Valery Riley. Mas a teimosa mulher sempre retrucava:
—Você vai ver. Está no sangue.
Abner conduziu Valery até a cadeira.
— Relaxe um pouco querida — aconselhou de­dicado.
Ela hesitou, mas acabou obedecendo. Com o olhar distante, sentou-se e deu um longo suspiro.
— Por que Sara não está com você? — Abner per­guntou preocupado. 
A mulher havia sido contratada por Kate dois anos atrás para tomar conta de Valery, depois que os Valentine se mudaram para o oeste. Sa­ra e Valery viviam juntas em uma pequena casa, nos arredores da cidade.
— Sara? — Valery repetiu, como se nunca tivesse ouvido falar de tal pessoa. — Eu tinha ido ao armazém... O empregado de Roy Waddel então apareceu, para me avisar que Kate estava morrendo. — E balan­çou a cabeça lentamente. — Eu nem sabia que ela es­tava doente!
Como poderia saber? Indagou-se, se nunca mais procurara Kate? Desde a horrível noite em que flagra­ra a mãe com um homem no Flor-de-Lis, há cinco anos, Valery fizera tudo para esquecê-la.
— O doutor Bastion disse que os pulmões de Kate estavam congestionados — continuou a voz traindo sua amargura. — E que ela havia melhorado hoje ce­do. Mas, depois do almoço, a febre voltou. 
— Você conseguiu...