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28 de março de 2011

Noite De Sedução


Escalar janelas era uma boa maneira de um homem morrer, pensava Sean McCarthy enquanto arranhava a perna na pedra do peitoril da janela e caía pesadamente no chão duro.

Por sorte, uma árvore com grandes galhos facilitou a invasão.
E ele também era afortunado porque a mulher que estava deitada na cama a poucos metros dali dormia com a janela escancarada, mesmo no inverno.
Por um momento Sean permaneceu completamente imóvel, temendo que a sorte que o conduzira até ali pudesse abandoná-lo, deixando-o diante de uma mulher histérica.

Mas, quando o sangue parou de rugir no seu ouvido, o som da respiração da moça chegou até ele, uniforme e tranqüilo.

Capítulo Um

Dezembro 1888
Ela nada ouvira.
Abençoada providência, Kate continuava a dormir.
Sean levantou-se lentamente e com cuidado, sem saber o que a sua perna ou cotovelo poderiam encontrar no escuro.
Talvez devesse ter seguido a sugestão do Tio Connor e colocado láudano na bebida que servira a Kate durante a noite.
Ela lhe dera um sorriso, falando tolamente de amor e dedicação, tratando-o como um herói, um homem honrado.
O tempo todo, Sean pensara na melhor maneira de comprometê-la e acabar com esse irritante galanteio.
À luz das velas e nas festas da Véspera de Natal, Sean sentira-se extremamente seguro do amor dela e da sua habilidade.
No entanto, agora, no silêncio da noite, a pergunta não parava de martelar em sua cabeça.
Será que Kate o amava o bastante para perdoá-lo à luz do dia?
Sean apostaria que sim.
Aliás, estava apostando agora que ela o julgaria mais ousado do que importuno.
Mas o que faria se a admiração que com tanta freqüência dançava nos olhos dela se transformasse em desprezo?
Mas Sean não ia ficar pensando nessas coisas.
Seria tolice voltar atrás depois de chegar tão perto do objetivo, não é mesmo?
Se Sean fosse mais afortunado do que a maioria dos homens da família McCarthy, como o seu primo Niall insistia que ele era, a doce Kate só acordaria de manhã.
Se a sorte o abandonasse, ela acordaria e ficaria feliz em vê-lo, ou não.
As ações de Sean eram drásticas e uma Kate desapontada, desperta e consciente cedo demais não era o que ele desejava.
O que queria mesmo era que a empregada simplesmente os encontrasse juntos.
Sean tirou a roupa, dobrando com cuidado cada peça no banco coberto de seda perto da penteadeira.
Ele já estivera antes no quarto de algumas damas, mas sempre com permissão e a convite delas.
Sean sentiu-se estranhamente vulnerável ao tirar a roupa, mesmo no escuro.
Sempre achara que um irlandês no quarto de uma inglesa deveria estar vestido com armadura completa e uma espada do tamanho da de Chuchulain.
A não ser que a dama fosse sua esposa, ou estivesse prestes a sê-lo.
Sean ficou na dúvida se deveria ou não ficar de ceroulas, mas optou pela verosimilhança.
Um namorado impaciente demais para esperar pela noite de núpcias provavelmente não seria tão cuidadoso.
O cenário seria ainda mais bem montado se as suas roupas estivessem espalhadas ao acaso pelo quarto para que a empregada ficasse ainda mais chocada, mas elas eram o seu melhor traje de domingo e já mostravam mais sinais de desgaste do que deveriam, por pertencerem ao Conde de Blarney.
Sean parou por um momento, morrendo de frio na noite gelada de dezembro.
Era Véspera de Natal...

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