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17 de fevereiro de 2015

O Amor é a Solução










Como levar uma vida simples, depois de haver pertencido à nobreza?

Destituída da herança, depois da falência dos negócios do pai, Sheila Rosswood é expulsa da própria casa e se vê frente a frente com a pobreza. 
Para sobreviver, teve de trocar de nome e se mudar para Londres, Onde arrumou um emprego como secretária. 
Só não contava que seu patrão seria o cobiçado visconde Charles Stone, o mais abastado e atraente dos nobres!

Capítulo Um

1855, Inglaterra.
— Lamento muito, milady, mas acredito que tenho más notícias para lhe dar — disse o homem, com lentidão, como se cada palavra estivesse sendo pronunciada com dificuldade.
Lady Sheila Rosswood suspirou e respondeu:
— Eu já estava esperando por isso. O senhor veio dizer que meu pai não deixou dinheiro para mim.
— Infelizmente — falou o homem —, existem alguns débitos pendentes, mas estou certo de que serão assumidos pelo novo conde como sendo dívidas da propriedade, e não de seu falecido pai.
Apesar de não acreditar que seu primo fosse fazer tal gentileza, lady Sheila preferiu não dizê-lo em voz alta, atendo-se apenas ao necessário.
— Não restou nada do dinheiro que mamãe havia deixado como herança para mim? indagou, tentando manter a calma.
O representante do banco olhou para os papéis que tinha em mãos, como se procurasse alguma informação a mais.
— Eu estava temendo que milady visse a me fazer tal pergunta. O dinheiro foi gasto por seu pai, na última e mais desesperada empreitada que fez. Como em todas as tentativas anteriores, também foi um fracasso total.
Deixando escapar um suspiro profundo, lady Sheila fechou os olhos por um momento. Então se levantou e caminhou até a janela.
Parecia quase impossível que seu pai tivesse gastado tudo o que tinham nos investimentos que fizera, aplicando em empresas que ofereciam a oportunidade de um enriquecimento rápido. Todavia, nenhuma das companhias fora bem-sucedida. Em geral, faliam antes mesmo de completar seis meses de existência.
O falecido conde tinha certeza de que algum de seus esquemas seria, como ele costumava dizer, "triunfal". Isso o levara a continuar desperdiçando dinheiro em investimentos fúteis, mesmo após os apelos dos amigos e da família.
Sheila achava que o pai sempre considerara a vida como um grande jogo. Nem mesmo o fato de estarem ficando cada vez mais pobres o impedira de continuar a assumir riscos cada vez mais ousados. E, no final da vida, o velho conde se descuidara por completo.
Porém, ele estava morto e lady Sheila precisava saber em que condição financeira se encontrava, antes da chegada do novo conde.
A casa, que abrigara a família nas últimas cinco gerações, estava em péssimo estado de conservação, mas continuava sendo uma construção lindíssima. A mobília e os bens ali guardados eram muito requintados e valiosos.
Sheila achou que fora muita sorte, o fato de seu pai não ter lançado mão daqueles objetos para levantar fundos, em seus esforços desesperados para ficar milionário.
Aquilo se devera aos fiscais de propriedade, e ao fato de ele ter aprendido, desde garoto, que a família deveria estar sempre em primeiro lugar. Assim sendo, nem sequer um quadro havia sido retirado das paredes.
Parecia inacreditável que toda a fortuna, deixada por sua mãe, como herança, houvesse acabado. Não imaginava que seria possível ficar sem dinheiro algum.
Dessa forma, seria obrigada a se colocar à mercê da generosidade do novo conde. A situação ficava ainda mais delicada pelo fato de seu pai nunca ter gostado do primo Thomas Ross, o novo conde.
Lady Sheila considerava que nada poderia ser mais humilhante do que ter de pedir ajuda a ele para sua subsistência. Não o via há dez anos, mas, pelo que se lembrava, tratava-se de um homem severo e desagradável. Contudo, essa era a impressão que tivera quando criança e, com sorte, seria um mero exagero infantil.
Entretanto, não era difícil deduzir que, como o velho conde o evitara e o ignorara por tanto tempo, seria improvável que Thomas viesse a simpatizar com Sheila, por qualquer que fosse o motivo.
Seria muito difícil pedir auxílio financeiro para outra pessoa, mais ainda para um homem que fora desprezado por seu pai ao longo de toda a vida.
Sentindo-se desolada, lady Sheila se afastou da janela e voltou a encarar o homem que representava o banco.
— O que, posso fazer? — indagou ela, sem conseguir ocultar o tom de desespero na voz.
O banqueiro era um senhor de meia-idade, considerado de grande importância no meio financeiro. Parecia ser um bom homem, e a olhou com ar triste, ao se ver forçado a falar:
— Temo que não há outra coisa que milady possa fazer, a não ser esperar e pedir ajuda ao novo conde.