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14 de dezembro de 2017

O Prisioneiro da Torre

Depois de doze longos anos, uma viúva e um conde cínico foram reunidos contra todas as probabilidades. 

Mas quando o passado ameaça destruir sua recém encontrada felicidade, poderia o amor ser suficiente para salvar esse homem marcado pela guerra e uma longa vida de solidão?







Capítulo Um

― Mas certamente você pretende conhecê-la?
― Se ela for sua escolhida, Jamie, eu prometo que eu ficarei bem satisfeito.
Houve um breve silêncio. Alex Leighton, o nono Conde de Greystone, forçou o olhar a permanecer na página impressa que estava lendo. Ele sabia que seu irmão estava tentando formular algum pedido, um que não ofenderia, por sua presença quando as visitas chegassem. Ao longo dos anos, Greystone tornou-se bastante habilidoso em negá-los, não importa o quão bem intencionado fosse. Como seria Jamie, é claro.
― Se ela for se tornar minha esposa…
As palavras de seu irmão se arrastaram para o silêncio. Dessa vez ele olhou para cima, pacientemente esperando pelo que ele sabia que estava vindo.
― Se todos nós formos viver na mesma casa…
Novamente suas palavras vacilaram. Alex resolveu ter piedade de seu irmão, que realmente era o melhor dos irmãos e que tolerava mais dele do que ele tinha o direito de esperar.
― Perdoe-me. Eu pensei ter-lhe dito, ― ele disse. ― Estou me mudando para Wyckstead.
― Para Wyckstead? ― a voz de Jamie aumentou ao final do nome, como se seu irmão tivesse anunciado que estava mudando-se para uma caverna. ― Ela é só um pouco maior que uma cabana de caça.
― E vai combinar perfeitamente comigo. Os estábulos estão bons, e há bastante espaço para os meus livros.
― Isso não vai servir. Eu não vou permitir, ― Jamie disse decididamente. Seu belo rosto ganhou cor como acontecia quando ele ficava de mau-humor.
― Perdoe-me, ― Greystone disse suavemente, jogando uma das cartas que ele raramente usava, mas uma que seu pobre irmão não poderia derrotar. ― Eu descobri que não tenho vontade de viver aqui com você e sua recente noiva bonita.
Jamie corou ainda mais forte. Sua boca finamente moldada se abriu uma vez, mas como não havia nada para ser dito sobre seu razoável desejo, ele sabiamente não disse nada.
― Quando eles chegam? ― o conde perguntou. Não porque ele se importava, mas para quebrar o silêncio constrangedor.
― Essa tarde, ― seu irmão disse rigidamente. ― Se eu soubesse que você desaprovaria.
― Você me entendeu mal. Eu não tenho nenhuma objeção para essa festividade. Essa é sua casa, Jamie. Você pode se divertir nela sempre que desejar. Contanto que você não espere que eu seja o anfitrião. Certamente você me conhece melhor que isso.
O silêncio que respondeu a esse estratagema igualmente imperdoável foi, felizmente, mais de teimosia do que constrangedor.
― Eu pensei que você gostaria de conhecer a mulher com a qual eu pretendo me casar.
― Eu não posso imaginar por que você deveria, ― Alex disse, sorrindo para ele levar a picada da repreensão.
― O que eu devo dizer a eles sobre sua ausência?
Foi óbvio pela sua pergunta que Jamie havia cedido.
― Que eu fui para Paris? ― Greystone sugeriu, sorrindo.
Seu irmão levantou uma sobrancelha em um gesto de “eu-não-estou-me-divertindo”, um que o conde reconheceu como uma cópia do seu próprio.
― Não? ― ele respondeu. ― Então diga a eles que eu estou indisposto. Se eles forem mal-educados o suficiente para questionar isso, talvez você deva repensar sua proposta.
― Eu queria sua aprovação.
― Você a tem desde que eu coloquei você em seu primeiro pônei e você falhou e caiu. Agora, vá recepcionar suas visitas e me deixe em paz, por favor.
― Eu venho te ver depois, ― Jamie prometeu, com seu sorriso restaurado.
― Eu acredito que eu estarei em Paris, ― o Conde de Greystone disse, voltando sua atenção para o livro em seu colo.
Seu irmão riu. Então Jamie tocou seu ombro em despedida, antes de atravessar a porta exterior da sala de estar do conde, que estava localizada na parte mais antiga da casa.
Os olhos de Alex continuaram olhando para baixo, até que o som dos passos de seu irmão desapareceram através do chão de pedra da casa. Somente então, ele colocou seu livro de lado e inclinou novamente sua cabeça na cadeira.
Ele nunca ficava confortável quando havia pessoas de fora em Leighton. Mesmo sem encontrá-los, ele sempre estava consciente de sua presença. Ter alguém mais em casa perturbava o calmo curso de seus dias. E a solução seria se mudar para Wyckstead.
Ele abriu os olhos, olhando em volta para os objetos bem amados com os quais ele havia preenchido essa sala. Seus livros e suas armas, as poucas lembranças de amigos e lugares que ele tinha escolhido manter.
Seu mundo. Um que ele quis, que ele desejou, escolheu manter inviolado. A propriedade e tudo que contém nela eram seus e iriam ser até a sua morte.
O que ele disse ao Jamie, entretanto, não era nada além da verdade. Ele não tinha nenhum desejo de viver aqui com seu irmão e a esposa dele. Muito melhor uma breve interrupção do seu ambiente, que uma inveja devagar e fervorosa da felicidade que tão sinceramente desejava para eles.
― E não importa o que você faça, Emma, ― seu cunhado disse pela décima vez, ― não divague.
― Emma nunca fica divagando.