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15 de janeiro de 2012

O Senhor de Morlaix



País de Gales, Idade Média 

Ela precisava dar um herdeiro ao marido... Emmeline não sabia nada a respeito do homem que aceitara sua oferta, nem mesmo seu nome. 
Por dinheiro, ele lhe daria o que ela precisava. 
No entanto, em vez de pagar o homem e se afastar sem pensar mais no que acontecera, ela viveu uma noite de paixão que a assombraria para sempre. 
Emmeline teve o bebê que tanto queria... mas a vida lhe cobraria um preço bem mais alto dez anos depois... Niall FitzJulien é o novo lorde do Castelo Morlaix. Para seu espanto, a mulher que está à sua frente para homenageá-lo segura a mão de seu filho... seu filho de dez anos de idade! 
Ele se recorda daquela noite, uma década antes, quando acordou na manhã seguinte a uma noite de paixão, apenas para descobrir que a mulher havia se esgueirado de sua cama... e levado consigo o seu coração. 
Agora ele compreende quão cruelmente foi usado, e como foi privado da convivência com o filho. Porém não mais. 
Agora, Emmeline será sua vassala, e irá servi-lo de todas as maneiras que ele determinar...

Capítulo Um 

— É aquele — apontou Gulfer. — O rapagão de cabelo ruivo e ombros largos. — Parado na rua escura, ele ergueu a tocha para mostrar que eram pacíficos, não ladrões ou assaltantes.
— O garoto pode ser ainda um fedelho, mas é mais alto que nós uma meia cabeça. E pelo tamanho daquele volume entre as pernas, parece que não vamos encontrar um melhor para a nossa tarefa. 
Observaram conforme dois rapazes pararam à porta da estalagem, com a luz por trás deles. Bêbados, agarravam-se um ao outro para não cair. 
O mais baixo começou a cantar. O outro cavaleiro deu de ombros.
— Tamanho não é tudo. Meu primo em Lincolnshire não é tão avantajado, mas é pai de doze filhos, apesar disso. 
Gulfer soltou um bufo de impaciência. — Deixe isso para lá, apenas olhe o rapaz. Levando em conta que há um bando de gentalha por aí por causa dessa maldita guerra, a gente poderia achar pior. Estou seguindo esse aí já faz dias, pelos becos de Wrexham, e digo que, de todos em que pensamos... cavaleiros, escudeiros, fidalgotes, até algumas crias de mercadores... aquele galinho de cabelo vermelho fica bem acima do melhor para o que precisamos. 
Uma sombra surgiu por trás dos rapazes bêbados. 
— Fora! — berrou o estalajadeiro. — O dinheiro de vocês acabou. Mas aqui dentro ou lá fora, parem com esse maldito barulho! 
A porta bateu atrás dos dois, empurrando-os para a rua. 
O rapaz mais alto conseguiu manter o equilíbrio, mas o cantor cambaleou e depois se sentou na sarjeta. 
— Puxa, Niall. — Esfregou a cabeça com uma das mãos, enquanto balançava o elmo na outra. — Que belo jeito de tratar a gente! Uma quinzena nesse buraco do inferno e nem nos dão as boas-vindas. 
Das sombras, Aimery bufou. — Aposto — disse, por trás da mão — que os dois não têm um tostão. Esses moços ganham pouco como soldados de aluguel. E o que ganham, jogam fora com bebida e jogo. — É como você, na idade deles. 
Ainda segurando a tocha no alto, Gulfer adiantou-se. 
O rapaz ruivo estava tentando fazer o outro ficar em pé.
— Cavalheiros, com licença — acrescentou. — Peço um favor. É um assunto sobre um pequeno emprego e uma excelente paga.
O jovem cavaleiro soltou o outro, que se sentou no mesmo instante. — Afaste-se. — Sua mão voou para o cabo da espada. — Temos emprego. Somos homens do conde Robert de Gloucester. — Certo, certo. 
De perto, o rapaz era ainda melhor do que Gulfer esperava; com feições benfeitas, podia até ser considerado bonito, com olhos cor de âmbar para combinar com os cabelos ruivos, um nariz longo e arrogante e uma boca que se entortava com graça nos cantos. 
A mão continuava na espada enquanto o olhar se alternava entre Gulfer e Aimery. 
— Fique tranquilo, jovem senhor — disse Gulfer. — Peço seus serviços para um pequeno dever digno de seu... ahn, de sua juventude e vigor. É uma tarefa que ocupará apenas esta noite, uma ocupação tão agradável que qualquer um iria desejar. Porém com uma finalidade muito séria e digna. 
O ruivo olhou para Gulfer por cima do nariz. Seu companheiro levantou-se, cambaleante. 
— O que estão vendendo? — perguntou, com um olhar de suspeita. 
Gulfer sorriu. — Meu jovem senhor, tire os pensamentos impróprios da cabeça!