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1 de abril de 2011

Vida em Pecado


Uma fatalidade priva Belinda Sutton de sua vida de luxo e riqueza.

Exposta à devassidão e à miséria das ruas de Londres, sem família, amigos ou dinheiro, ainda lhe resta a coragem.
Com obstinação, talento e beleza consagra-se como atriz.
Ela só não encontra forças para lutar contra o fascínio do espião americano, Shane Kincaid, que por duas vezes salva a sua vida.
Desde o primeiro olhar nasce entre os dois uma atração poderosa, mas ambos têm fortes motivos para renunciar à felicidade de viverem juntos.
0 casamento com um nobre inglês parece a solução ideal para os problemas de Belinda. Porém título e nobreza não curam mágoas de um amor frustrado... e jamais esquecido.

Capítulo Um

O garanhão negro cruzava as campinas, mal encostando os cas­cos na relva macia, acompanhando o ritmo célere dos ventos vin­dos do mar.
As mãos que seguravam as rédeas incitavam-lhe o desejo de voar.
Mãos delicadas, mas firmes de uma jovem de cabeleira pra­teada e solta ao vento, calças masculinas de montaria destoando de sua figura frágil e esguia.
Era o retrato da natureza primitiva da região que moldara seu espírito indomável.
O delírio da velocidade não impedia que Belinda admirasse a paisagem, enchesse os pulmões com o ar perfumado de brisa ma­rinha, capim silvestre e flores do campo ou sentisse a carícia do sol.
O verão suavizava a natureza agreste da Cornualha, mas a do­çura estival não conseguia apagar seus contrastes inesperados.
Os muros de pedras escuras e gastas pela passagem dos séculos ago­ra alegravam a paisagem, cobertos por rosas silvestres e pelo man­to alvo do jasmim cujo aroma se espalhava pelos campos.
A relva, muito verde, terminava abruptamente à beira dos penhascos e, contra o céu azul, sereno e sem nuvens, erguia-se a espuma das ondas que se chocavam de encontro aos rochedos pontiagudos da costa traiçoeira e temida do extremo sudeste da Inglaterra.
Beleza e rebeldia, serenidade e ímpeto retratavam a Cornua­lha e a personalidade de Belinda Sutton.
— Não seja louca, Belinda! Pare!
Com um rápido olhar, Belinda verificou o quanto se distan­ciara e sua risada alegre foi a única resposta.
Desta vez, venceria aquele convencido que só sabia vangloriar-se de triunfos bastan­te improváveis,
A égua castanha de Harry Trevelyan não se com­parava ao magnífico garanhão que ganhara de seu pai, havia poucas semanas, ao completar dezenove anos.
Além disso, ele era prudente demais e tinha medo de arriscar-se.
A ousadia de Belinda chegaria às raias da irresponsabilidade se ela não confiasse plenamente em sua habilidade e em seu ca­valo.
Segura, impeliu-o a saltar sobre o muro de pedras que mar­cava o fim da corrida e, com um sorriso triunfante, esperou pela chegada do perdedor.
— Eu não disse que venceria? — gritou ela, eufórica ao vê-lo desmontar. — Só me faltava um bom cavalo e, agora que o te­nho, você não me derrotará mais!
De cabelos loiros, olhos azuis e traços aristocráticos, Harry Trevelyan seria atraente se não tivesse uma expressão petulante e desdenhosa.
Naquele momento, a irritação sobrepujara suas outras falhas de caráter.
— Só me venceu porque é completamente irresponsável, Be­linda. — Ele não escondia o aborrecimento.
— Agiu com uma total falta de juízo e por mera sorte não provocou um acidente fatal a você ou a sua montaria.
Eu demonstrei suficiente sensa­tez em não arriscar a vida de minha égua que poderá vir a ser uma campeã!
Os olhos cor de mel refletiam a mesma malícia do sorriso que curvava os lábios sensuais de Belinda.
— Ora! Você não sabe perder, Harry? Admita a verdade e não procure desculpas esfarrapadas para justificar-se... Eu ganhei!

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