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18 de abril de 2010

Proposta de Noivado

Ela era amaldiçoada por seu próprio povo... 

Desde a sangrenta batalha de Falkirk, Cristiane MacDhiubh era desprezada pelos habitantes do vilarejo onde vivia. 
Filha de um escocês e de uma inglesa, ela não tinha pátria nem lar... até que o cavaleiro mais galante com que uma mulher poderia sonhar apareceu em busca de uma noiva! 
O primeiro casamento de Adam Sutton terminara de maneira trágica. 
Mas o dever exigia que ele se casasse de novo.  E certamente não faltavam à bela e corajosa Cristiane MacDhiubh qualidades para despertar as paixões adormecidas de Adam. Mas, por mais encantadora que ela fosse, consequiria algum dia curar sua alma tão amargurada e ferida? 

Capítulo Um

Vila de St Oln, Escócia, 1300
Cristiane MacDhiubh, a filha metade in­glesa de Domhnall MacDhiubh, sentou-se à beira de um penhasco e ficou olhando as ondas escuras do mar do Norte chocarem-se contra o paredão de pedra. O vento aumentara de intensidade e nuvens escuras co­briam o firmamento. Cristiane sabia que a chuva não iria demorar a cair.
Mas não se importava com isso, porque havia uma caverna por perto e poderia se refugiar nela. Não voltaria à vila, se tivesse escolha. Sabia muito bem que era apenas tolerada em St. Oln desde a morte de seus pais.
Cristiane procurou se ajeitar na rocha e ficar em uma posição mais confortável. Logo um casal de pequenas gai­votas se aproximou cauteloso, mas logo perdeu o medo e veio comer as migalhas de pão que ela trouxera para alimentar os pássaros.
Fazia anos que Cristiane ia até os penhascos onde estavam os ninhos de aves marinhas. Nenhum dos pás­saros tinha medo dela e vinham comer em sua mão. Um pouco ressabiados, mas isso era natural.
Logo Cristiane não os veria mais. Sua mãe, Elizabeth, antes de morrer, arranjara que levassem a filha até seu tio, que morava no condado de York, na Inglaterra. Quan­do seu marido morrera em uma disputa com um clã vizinho, Elizabeth começou a procurar um novo lar para a filha, porque sabia que ela não teria chance alguma de um futuro feliz no vilarejo.
Cristiane ficava imaginando se a mãe combinara um enlace para ela em York. Ali em St. Oln não arranjaria marido, sobretudo agora que seu pai falecera. Nenhum escocês ia querer uma esposa que tivesse sangue inglês, e Cristiane era filha de um escocês com uma inglesa. Isso a tornava uma espécie de inimiga, pois escoceses e ingleses sempre se odiaram.
Bem, não ia se preocupar agora com esse assunto de matrimônio, mas gostaria de ter uma família. Os homens locais se casavam com um pouco mais de vinte anos, e todos os rapazes que conhecia já estavam casados, e al­guns até com filhos. Era provável que ela não viesse a se casar, e nunca iria conhecer o prazer de ser mãe.
Sabia que era diferente das outras moças de St. Oln, não só porque tinha sangue inglês nas veias, mas porque seu pai a ensinara até a ler francês e latim. Desde criança, explorara os rochedos querendo saber como era a vida dos animais e das aves da região.
Ora não adiantava pensar nisso agora. Voltou a aten­ção para a gaivotinha que se aproximou e com seu bico longo e afiado pegou mais um pedaço de pão. Quando voou para se reunir a seu grupo, Cristiane ficou obser­vando as fortes ondas que batiam nos rochedos.
Iria passar mais um dia ou dois ali em St. Oln até a chegada dos cavaleiros que a levariam até York. Tinha de respeitar a vontade de sua mãe que agora estava morta e enterrada.
Não tivera dificuldade em prometer à mãe que partiria. Nada a prendia a St. Oln, e só lamentava não poder ver mais os pássaros, que faziam seus ninhos nos penhascos e eram seus amigos.
Não lhe restava escolha. O povo de St. Oln empobrecera com as lutas contra os ingleses e alguns clãs vizinhos, e não queria ter entre eles alguém com sangue inimigo.
Cristiane sempre soubera ter parentes na Inglaterra. O irmão mais velho de Elizabeth era o conde de Learick, que morava ao sul de York, e era para lá que sua mãe queria que ela fosse. No leito de morte, Elizabeth fizera a filha prometer que iria com os homens do conde de Bitterlee, quando eles viessem buscá-la.
Cristiane não tinha idéia que ligação a mãe mantinha com esse conde, porque nunca escutara antes o nome Bitterlee. E Elizabeth não estava em condições de lhe explicar bem os planos que fizera. Parecia estranho que não fosse seu tio quem a levasse para York.
Agora era tarde para saber o que sua mãe planejara. Elizabeth não costumava falar de sua família, que a man­dara da Inglaterra para St. Oln para se casar com Domhnall MacDhiubh, que era chefe de um clã escocês.
Cristiane sentiu as primeiras gotas de chuva caindo em seu.rosto. Ergueu a saia fina e rasgada para ter mais facilidade para subir nas pedras e chegar até a caverna, onde guardava seus poucos pertences. Visto que ninguém costumava vir até aquele lugar tão alto, Cristiane sabia que estaria segura.

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