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3 de julho de 2019

O Cisne Esmeralda

Série Bracelete Mágico
Em uma noite pavorosa, duas meninas de berço nobre são separadas. 

Uma delas, Maude, acaba se convertendo na frágil e manipuladora pupila do elegante Gareth, Conde de Harcourt e a outra, Miranda, se transforma em uma astuta e encantadora moleca que ganha a vida como artista itinerante pelas ruas.
Harcourt se encontra casualmente com Miranda e, diante da espantosa semelhança entre as irmãs, inventa um ambicioso plano: fazer com que Miranda ocupe o lugar de Maude e conquiste o rei da França. Ou seja, converter o patinho feio em um lindo cisne. Mas se sair tudo bem, pode ser que Miranda se converta em algo irresistível... inclusive para Harcourt.

Capítulo Um

Dover, Inglaterra, 1591.
A semelhança era extraordinária. Gareth Harcourt, atraído, abriu caminho até situar-se em frente à multidão, junto ao cenário que um grupo de artistas de rua montara no cais do porto de Dover.
Tinha os olhos do mesmo azul da cor do céu; a cútis, da mesma cor creme, e os cabelos, do mesmo tom de marrom escuro, e até os mesmos reflexos avermelhados sob a luz do sol. Mas a semelhança terminava ali, porque enquanto os cabelos escuros de Maude caíam em uma nuvem de cachos, confeccionados diariamente a base de envoltórios e presilhas, os que coroavam a cabeça da acrobata estavam cortados em um corte reto que parecia ter sido feito, mais com o auxílio de uma tigela que com as ferramentas mais sofisticadas de uma cabeleireira.
Gareth contemplou divertido, como a diminuta figura atuava sobre uma estreita viga colocada sobre dois postes a uma altura considerável do solo. Agia naquela altura de seis pés, como se estivesse no chão, fazendo cambalhotas laterais, andando sobre as mãos e realizando saltos mortais para trás, em uma série deslumbrante de manobras que levantavam gritos de admiração entre o público.
Gareth pensou que o corpo de Maude era mais ou menos esbelto, com pequenas diferenças: Maude era mais pálida, mais fina e menos desenvolvida. A acrobata, apoiada sobre as mãos, com a saia laranja brilhante caindo-lhe sobre a cabeça, mostrava umas panturrilhas firmes, vestidas por uma questão de decência em umas calças muito justas, de couro, e a força de seus braços aparecia, quando eles suportavam o peso de seu corpo. Levantou um braço e saudou alegremente antes de voltar a se agarrar à viga com as duas mãos, balançando-se para um lado e dando cambalhotas o tempo todo, mudando a posição das mãos com grande velocidade e fazendo com que sua saia laranja brilhante se convertesse em uma mancha de cor ao representar uma espécie de roda de Santa Catarina.
No alto do giro se jogou para trás, executou um impecável salto mortal, aterrissou sobre os dois pés, se jogou para trás curvando-se como um arco e se endireitou, e sua saia voltou ao seu lugar rodeando-a enquanto fazia uma triunfal reverência.
Gareth se viu aplaudindo com os outros. O rosto dela estava vermelho pelo esforço, seus olhos estavam ardendo, as gotas de suor aglomerando-se em sua ampla frente e um sorriso exultante. Levou dois dedos à boca e assoviou. Aquele som penetrante fez aparecer sem saber de onde, um macaquinho com uma jaqueta vermelha e um boné que ostentava uma pena laranja brilhante.
O animal tirou o boné e saltou intencionalmente entre os espectadores com gestos que pareceram um tanto obscenos para Gareth, que jogou uma moeda de prata dentro daquele boné estendido, recebendo como resposta uma saudação simiesca.
Um menino de uns seis ou sete anos saudou freneticamente a jovem no final do cenário, onde estava sentado, e arrastando dolorosamente um pé disforme, cambaleou para ela. A jovem o pegou imediatamente nos braços e dançou com ele pelo cenário.
Gareth pensou que era extraordinário o modo como imbuía a pobre criança de sua graça e desenvoltura, fazendo-a se esquecer de seu defeito e transformando seu rosto em uma imagem de puro deleite. Irradiava exuberância e energia, e as transmitia ao menino que segurava nos braços. Ao deixá-lo sobre uma banqueta em um canto, seu corpinho encurvado voltou a perder o ânimo, mas ainda sorria quando o macaco voltou saltando ao cenário estendendo o boné.
A jovem virou seu conteúdo em uma bolsa de couro que levava na cintura, jogou um beijo jovial ao público, voltou a afundar o boné na cabeça do animal e com um salto mortal para trás abandonou o cenário.
A semelhança é assombrosa, Gareth pensou outra vez. Em tudo menos na personalidade, se corrigiu.
Maude tinha menos energia que qualquer pessoa que ele conhecia. Passava os dias deitada sobre um divã acolchoado de madeira, lendo folhetos religiosos e aplicando sais ao pequeno nariz, cuja ponta, geralmente, estava rosado. Quando conseguiam convencê-la a se mexer, revolvia tudo, arrastando lenços e xales, rodeada de um acre halo medicinal devido aos infinitos remédios e tônicos para os nervos que lhe dava sua velha enfermeira. Falava com uma voz tão tênue e suave que mantinha sua audiência na expectativa de que não resistiria até o final da frase.
Mas Gareth era consciente de que sua prima, apesar de toda sua aparente fragilidade, escondia sob sua pálida aparência uma vontade de ferro. A jovem Maude sabia perfeitamente como satisfazer seus caprichos, e se tivesse algo que ela ignorasse sobre chantagem emocional, então seria algo que não valia a pena ser conhecido. Aquilo a convertia em uma oponente digna de Imogen...








Série Bracelete Mágico
1- O Sapatinho de Cristal
2- A Rosa de Prata
3- O Cisne Esmeralda
Série concluída

19 de junho de 2019

A Rosa de Prata

Série Bracelete Mágico

A jovem Ariel Ravenspeare havia sido educada para odiar o conde de Hawkesmoor e tudo o que ele representa.

Ambas as famílias são inimigas declaradas durante gerações.
Contudo, uma coisa é odiar, outra muito distinta é levar a cabo um plano que seus cruéis irmãos querem que ela faça, arrastrando Hawkesmoor para um casamento que irá destruí-lo e em que eles vão usá-la como isca.
Obrigada a casar, Ariel se encontrará inesperadamente com um homem difícil de manipular, surpreendente e muito bonito.

Capítulo Um

Londres, 1709.

A rainha Anne deixou cair o corpo volumoso na grande cadeira, pontuada por laços dourados e veludo carmesim, que presidia a longa mesa no Grande Salão do Palácio de Westminster. Suas damas estavam dispostas de ambos os lados e seguravam a cauda carmesim de seu vestido de noite em dobras graciosas, cobrindo discretamente os pés inchados, engessados ​​e enfaixados que cuidadosamente se erguia sobre um banquinho de veludo.
Apesar de suas atenções, a rainha estremeceu de dor. A gota estava fazendo com que ela experimentasse o pior dos momentos.
Enquanto estavam sentados em seus assentos, os homens na sala estavam alertas, conscientes de que sua soberana podia ser irritada, intransigente e provavelmente caprichosa durante o conselho do dia.
— Estou bem. Podem me deixar. — A rainha dirigiu o leque fechado para as senhoras, que depois de um arco afastaram-se da cadeira de dossel atrás da tapeçaria que separava a câmara do conselho da antecâmara.
A rainha deu um gole ávido do revigorante cálice de vinho. Sua cor estava mais vermelha e seus olhos estavam inflamados e irritados, quase enterrados em dobras de carne heterogênea. Seu cabelo estava despenteado e sua túnica estava solta sobre o corpo sem uma faixa; Seus olhos estavam pesados ​​de dor. Ela olhou através da mesa franzindo a testa enquanto examinava cada um dos cavaleiros.
Finalmente, seu olhar caiu sobre um homem no final. Um homem de trinta e poucos anos, cabelos curtos e escuros, cuja poderosa armadura estava coberta por um manto escuro e calças de veludo cinza. Suas mãos grandes e magras estavam descansando sobre a mesa, e ela podia ver os dedos proeminentes e as unhas curtas e arqueadas. Eram mãos de espadachim, endurecidas com os calos de mais de uma batalha nos campos da Europa.
— Lorde Hawkesmoor, damos as boas-vindas a você. Você nos traz um relatório do Duque de Marlborough.
Simon Hawkesmoor fez uma reverência na cadeira.
— E isso agrada Sua Majestade. Sua Graça me impôs a tarefa de fazer um relatório completo sobre a batalha de Malplaquet. — Sua voz era baixa e profunda, estranhamente melodiosa, e vinha de um rosto escabroso desfigurado por uma ferida, uma cicatriz em sua bochecha.
— Eu confio que seus males estão se curando, senhor.
Lorde Hawkesmoor se curvou novamente.
— Eles estão razoavelmente bem, senhora. — Entregou um papel lacrado a um criado e entregou-o à rainha, que quebrou o lacre e leu em silêncio por alguns minutos. Então jogou isso de lado.
— Nosso general fala principalmente de suas façanhas no campo de batalha, Lorde Hawkesmoor. Lamento profundamente que seus males impedem o seu retorno ao seu lado. — O Duque de Marlborough também implorou a sua soberana que recompensasse as habilidades e a devoção do conde, mas a rainha Anne não era conhecida por sua generosidade.
Ela bebeu novamente da taça. Uma nova pontada de dor franziu sua testa e seu olhar melancólico vagou de volta em ambos os lados da mesa até que se estabeleceu em um homem de pele escura com feições angulosas e olhos cinza. Ele usava uma grande peruca e um terno com brocados de esmeralda o que contrastava surpreendentemente com o aspecto de lorde Hawkesmoor, sentado frente a ela. Por outra parte, os Ravenspeare, diferente dos Hawkesmoor, não haviam sido contaminados pela fria sobriedade dos puritanos.
Em 1649, o avô de Simon Hawkesmoor condenou o rei à morte. Sua família se destacou sob o protetorado de Oliver Cromwell e, com a Restauração, sua punição foi tão severa quanto a que os Chrechnechnians anteriormente impuseram aos monarquistas. Agora os dias de conflito estavam longe, pelo menos em público, porque em particular a rainha sabia que eles continuavam. E não havia duas famílias mais profundamente inimigas do que as linhagens de Hawkesmoor e Ravenspeare.
Ela sorriu, embora fosse mais uma careta do que uma expressão agradável. Sua camareira, Sarah, a duquesa de Marlborough, teve uma ideia mais do que feliz. 
Não era tarefa de uma monarca promover a paz e a felicidade entre seus súditos, pelo menos entre aqueles que ocupavam altos cargos na corte? E não era por sua vez o trabalho do monarca recompensar aqueles que a serviram bem, sem ter consumido suas despesas pessoais? A duquesa havia elaborado um plano elegante para gratificar ao duque de Marlborough, recompensando o conde de Hawkesmoor, sem custar à rainha mais de um vestido de noite, ou talvez um pouco por uma noiva... Além disso, em uma única pincelada criaria uma aliança entre duas famílias em guerra.
— Senhor Ravenspeare, você tem uma irmã jovem, eu entendo.
Ranulf, conde de Ravenspeare, pareceu surpreso.
— Sim, Sua Majestade. Lady Ariel.
— Quantos anos têm?
— Mais ou menos vinte anos. — Os olhos castanhos de Ranulf se estreitaram.
— E não esta casada... Ainda sem compromisso?








Série Bracelete Mágico
1- O Sapatinho de Cristal
2- A Rosa de Prata
3- O Cisne Esmeralda
Série concluída

11 de junho de 2019

O Sapatinho de Cristal

Série Bracelete Mágico     
Os padrinhos de Cordélia Brandenburg organizavam seu casamento com um homem a quem nunca havia visto. 

Um matrimônio que a levaria para Versalhes, longe das rígidas normas da casa onde passou sua infância. Como presente de noivado, ganhou um bracelete com um pequeno sapatinho de cristal como pingente. Muito adequado a seu futuro conto de fadas.
Mas Cordélia, jovem, espirituosa e completamente adorável, não demorará em encontrar problemas. Descobrirá horrorizada que seu marido é um tirano totalmente insuportável, que não se deterá frente a nada para satisfazer seus retorcidos desejos. No caminho, indo ao encontro de seu futuro marido, Cordélia irá acompanhada do sensual, galante e de olhar dourado, visconde Leo Kierston. Para ela será amor à primeira vista, mas Leo a vê como uma menina mimada.

Capítulo Um

O cortejo de carruagens douradas levadas por cavalos adornados com capas coloridas e com penachos de plumas, e o séquito de oficiais resplandecentes em seus uniformes azuis e dourado de Versalhes, atravessou as portas douradas do palácio e se deteve no centro da grande praça.
— Olha essas duas carruagens! — exclamou uma moça loira perigosamente inclinada numa janela, dirigindo-se à sua companheira que estava ao seu lado. — Elas vão me acompanhar à França, qual prefere Cordélia, a vermelha ou a azul?
— Não vejo muita diferença, — respondeu lady Cordélia. — Mas é ridículo. Lá vem o marquês de Dufort, entrando na cidade como se tivesse feito toda a viagem da França, quando ele saiu de Viena há apenas uma hora.
— É o protocolo, – respondeu escandalizada a arquiduquesa Maria Antônia, – Assim deve acontecer. O embaixador francês deve entrar em Viena como se viesse de Versalhes. Deve pedir, formalmente, minha mão à minha mãe em nome do delfim da França. Logo, me casarei por procuração antes de viajar à França.
— Qualquer um diria que não estavas comprometida com o delfim faz três anos, — fez constar Cordélia. — Grande confusão se armaria caso a imperatriz negasse o pedido ao embaixador, — disse risonha e maliciosa, mas a sua companheira pareceu não achar graça nenhuma.
— Não seja absurda, Cordélia. Não permitirei tanta impertinência quando for rainha da França, – disse franzindo o nariz.
— Tendo em conta que seu futuro esposo tem apenas dezesseis anos, suponho que terás que esperar um pouco antes de converter-se em rainha, — contradisse Cordélia, completamente indiferente à irritação de sua amiga “real”.
— Oh, bah! É uma desmancha prazeres. Quando me converter em delfina, serei a Senhora mais importante e popular de Versalhes, – Toinette se envolveu em um torvelinho de seda carmesim, enquanto fazia girar o aro de sua armação. Com um gesto exuberante, começou a dançar pelo quarto executando impecavelmente os passos de um minueto com seus pés calçados em delicadas sapatilhas.
Cordélia lhe lançou um rápido olhar por cima do ombro, mas voltou a olhar a cena muito mais interessante que se desenrolava no pátio abaixo. Toinette era uma bailarina de talento e não desperdiçava jamais uma oportunidade de mostrar.
— Olha! Quem será? — murmurou Cordélia com um repentino toque de interesse na voz.
— Quem? Onde? — Toinette voltou rapidamente à janela, afastou Cordélia para um lado, criando um forte contraste ao contrapor sua cabeleira dourada com a de sua amiga, negra como azeviche.
— Ali! Está desmontando do garanhão branco. Um Lipizzaner acredito.
— Sim, deve ser. Olhe que linhas, — as duas moças eram apaixonadas amazonas e por um momento, o cavalo lhes interessou mais que o ginete.
O homem tirou as luvas e olhou ao redor. Era alto, delgado, vestia um traje escuro de montar e uma capa curta com borda vermelha, solta nos ombros. Como se tivesse se dado conta de ser observado, ergueu os olhos até a fachada de cor creme do palácio. Deu um passo atrás e voltou a olhar, protegendo os olhos do sol com a mão.
— Entra, — disse a arquiduquesa. — Nos viu.
— E o que tem?








Série Bracelete Mágico
1- O Sapatinho de Cristal
2- A Rosa de Prata
3- O Cisne Esmeralda
Série concluída