Durante seu retiro de verão no campo, ele se torna relutante anfitrião e babá de sua ex-noiva, uma mulher que ele pensava estar morta há muito tempo, uma mulher que Giles confundiu com um fantasma enquanto sentia prazer nos braços de outra mulher. Dor insuportável e láudano mantiveram Lillian Winter afastada da sociedade desde o acidente que arruinou sua vida. Ela suportou seis anos de agonia nas mãos de praticantes incompetentes e anseia pelo fim de seu sofrimento. Encontrar-se sob os cuidados do Conde de Daventry traz um alívio surpreendente para seus ferimentos e um vislumbre da vida que lhe foi negada. No entanto, à medida que prazeres recém-descobertos diminuem a resistência de Lilly ao perverso conde, um perigo há muito esquecido volta a persegui-la.
Capítulo Um
Verão de 1813
GILES forçou um sorriso em seus lábios para dar as boas-vindas a Lorde Winter em sua propriedade rural em Northamptonshire.
— Winter — Giles chamou. — Bem-vindo a Cottingstone.
O recém-chegado fez uma careta. Pelo menos o velho barão poderia fingir estar satisfeito por Giles ter quebrado sua regra de receber um convidado em Cottingstone Manor. Mas não, o rosto de Lorde Winter mostrava uma carranca perpétua, como em todas as outras vezes que eles haviam se encontrado em Londres.
— Daventry. — A voz trêmula do homem mais velho, um pouco mais baixa que a de Giles, traía exaustão. — Faz muito tempo que não venho aqui. O lugar não mudou muito.
Giles estremeceu. A tragédia havia escapado de sua mente.
— Venha, você deve estar cansado. O jantar não será servido dentro de uma hora, mas tenho um uísque excelente para acalmá-lo enquanto esperamos.
O barão esmagou o punho de Giles.
— Eu prefiro Brandy – especialmente hoje. Mas primeiro… — Winter voltou para a carruagem.
Giles deu um passo para trás em direção a seu mordomo.
— Dithers?
— Trocarei os decantadores quando voltar para casa, milorde.
— Faça isso e pergunte ao cozinheiro se o jantar pode ser antecipado — Giles murmurou. — Lorde Winter não parece estar bem de saúde.
— Não acredito que o problema seja a saúde dele, milorde — respondeu Dithers.
Sem outra explicação, o mordomo deu um passo para trás, deixando Giles ponderar sobre a saúde de quem ele havia se referido. O barão viajava sozinho. Todos os seus servos pareciam um bando disciplinado e saudável. Mas eles se moviam com cuidado na carruagem e não falavam muito alto. Os cavalos também se acomodaram rapidamente. Calmo, eficiente, misterioso.
Quando Giles saiu do caminho de um lacaio sobrecarregado, um uivo de gelar o sangue irrompeu além da casa. Todos os homens pararam e olharam, não na direção do som, mas para a carruagem escura que estavam descarregando.
O constante bater de patas anunciava a chegada do velho Lébrel Irlandês de Giles, Atticus. A julgar pela velocidade do cachorro e sua agitação, algo estava seriamente errado. Na verdade, esse nível de energia do cão era mais do que surpreendente.
Atticus derrapou até parar ao lado da porta fechada da carruagem. Se a porta estivesse aberta, Giles tinha certeza de que o cão teria entrado. Ele ignorou os cavalos inquietos e os criados atordoados para puxar sua besta para fora do caminho. O cão era pesado e estava determinado a ficar exatamente onde estava, mas Giles conseguiu afastá-lo.
Lorde Winter olhou para o cachorro, acenou com a cabeça e entrou na carruagem. Quando ele saiu alguns momentos depois, segurava um corpo em seus braços.
Atticus, geralmente tão dócil, grunhiu e choramingou, lutando contra Giles de maneira a causar alarme. Lorde Winter ajustou a figura de capa preta e o pacote gemeu.
Cada fio de cabelo na nuca de Giles se arrepiou. Esse era o gemido de uma mulher – e uma que sentia muita dor. Ele renovou seu aperto no cão inquieto.
Lorde Winter moveu-se lentamente em direção à casa, mantendo seus movimentos suaves. O conjunto sombrio de suas feições mostrava quanto esforço ele despendia para não empurrar seu fardo. Havia agonia naquele rosto áspero, muita dor para um homem suportar sozinho.
Com uma sobrancelha erguida, Giles olhou para seu mordomo, mas Dithers não revelou nada. O mordomo correu à frente para abrir as portas principais. Giles o seguiu, imitando os passos silenciosos do barão e mantendo Lorde Winter à vista.
Logo na entrada, o barão parou e inclinou a cabeça para o embrulho em seus braços.
— Atticus. — Uma voz chegou aos ouvidos de Giles, estranhamente suave e cheia de dor.
Giles apenas conseguiu impedir que o cachorro se atirasse contra a mulher.
— Atticus, venha. — Mais uma vez, aquela voz chamou seu cão, e um braço pálido escorregou por baixo da capa de viagem preta para cair frouxamente.
Atticus ganiu, puxando Giles para frente a contragosto. O cachorro alcançou a mão da mulher, raspando sua língua molhada contra ela. A princípio, ela recuou, mas voltou a esfregar o cachorro. Como Giles estava segurando a besta, não pode deixar de notar o tremor que vibrou em Atticus. Giles ficou atordoado com a sensação.
— Atticus, venha. — A mulher voltou a falar, e Giles ficou tenso quando a voz fez cócegas em sua memória.
O Lébrel Irlandês se acalmou, libertou-se do aperto frouxo de Giles e se moveu para junto de Lorde Winter. Confuso, Giles os seguiu escada acima.
Uma vez no quarto, uma enfermeira, que Giles só agora percebeu, puxou as cortinas, conduzindo Dithers para fora com movimentos agitados de suas mãos. Depois de escurecer o quarto, Lorde Winter baixou seu fardo para a cama alta, removeu o manto escuro e apertou os cobertores ao redor dela.
De sua posição na porta, Giles não notou mais detalhes da mulher, mas sua identidade o intrigou. Ela sabia o nome do seu cachorro? O que Lorde Winter estava fazendo dirigindo pela Inglaterra com uma mulher doente a reboque? Certamente, ele poderia ter providenciado algum outro cuidado em vez de arrastá-la no que parecia ser uma jornada dolorosa.
Para sua surpresa, Atticus atravessou a sala e subiu no estrado. Uma vez na cama, o cão farejou perto da mão da mulher. Com certeza Lorde Winter iria enxotá-lo, mas a mulher agarrou o pelo desgrenhado do cachorro, puxando-o para junto de si.
Seu convidado não disse nada quando se juntou a Giles na porta, então Giles deu um passo para o lado para permitir que o barão passasse. Winter olhou por cima do ombro uma vez antes de fechar a porta para a mulher, o cachorro e a enfermeira.
O que diabos estava acontecendo? Giles raramente recebia convidados, mas esse arranjo clandestino parecia absurdo. Talvez uma boa dose de álcool e uma refeição sólida fizessem a vida em Cottingstone parecer normal novamente. Giles não tinha muita esperança, mas o que mais ele poderia fazer?
Verão de 1813
GILES forçou um sorriso em seus lábios para dar as boas-vindas a Lorde Winter em sua propriedade rural em Northamptonshire.
— Winter — Giles chamou. — Bem-vindo a Cottingstone.
O recém-chegado fez uma careta. Pelo menos o velho barão poderia fingir estar satisfeito por Giles ter quebrado sua regra de receber um convidado em Cottingstone Manor. Mas não, o rosto de Lorde Winter mostrava uma carranca perpétua, como em todas as outras vezes que eles haviam se encontrado em Londres.
— Daventry. — A voz trêmula do homem mais velho, um pouco mais baixa que a de Giles, traía exaustão. — Faz muito tempo que não venho aqui. O lugar não mudou muito.
Giles estremeceu. A tragédia havia escapado de sua mente.
— Venha, você deve estar cansado. O jantar não será servido dentro de uma hora, mas tenho um uísque excelente para acalmá-lo enquanto esperamos.
O barão esmagou o punho de Giles.
— Eu prefiro Brandy – especialmente hoje. Mas primeiro… — Winter voltou para a carruagem.
Giles deu um passo para trás em direção a seu mordomo.
— Dithers?
— Trocarei os decantadores quando voltar para casa, milorde.
— Faça isso e pergunte ao cozinheiro se o jantar pode ser antecipado — Giles murmurou. — Lorde Winter não parece estar bem de saúde.
— Não acredito que o problema seja a saúde dele, milorde — respondeu Dithers.
Sem outra explicação, o mordomo deu um passo para trás, deixando Giles ponderar sobre a saúde de quem ele havia se referido. O barão viajava sozinho. Todos os seus servos pareciam um bando disciplinado e saudável. Mas eles se moviam com cuidado na carruagem e não falavam muito alto. Os cavalos também se acomodaram rapidamente. Calmo, eficiente, misterioso.
Quando Giles saiu do caminho de um lacaio sobrecarregado, um uivo de gelar o sangue irrompeu além da casa. Todos os homens pararam e olharam, não na direção do som, mas para a carruagem escura que estavam descarregando.
O constante bater de patas anunciava a chegada do velho Lébrel Irlandês de Giles, Atticus. A julgar pela velocidade do cachorro e sua agitação, algo estava seriamente errado. Na verdade, esse nível de energia do cão era mais do que surpreendente.
Atticus derrapou até parar ao lado da porta fechada da carruagem. Se a porta estivesse aberta, Giles tinha certeza de que o cão teria entrado. Ele ignorou os cavalos inquietos e os criados atordoados para puxar sua besta para fora do caminho. O cão era pesado e estava determinado a ficar exatamente onde estava, mas Giles conseguiu afastá-lo.
Lorde Winter olhou para o cachorro, acenou com a cabeça e entrou na carruagem. Quando ele saiu alguns momentos depois, segurava um corpo em seus braços.
Atticus, geralmente tão dócil, grunhiu e choramingou, lutando contra Giles de maneira a causar alarme. Lorde Winter ajustou a figura de capa preta e o pacote gemeu.
Cada fio de cabelo na nuca de Giles se arrepiou. Esse era o gemido de uma mulher – e uma que sentia muita dor. Ele renovou seu aperto no cão inquieto.
Lorde Winter moveu-se lentamente em direção à casa, mantendo seus movimentos suaves. O conjunto sombrio de suas feições mostrava quanto esforço ele despendia para não empurrar seu fardo. Havia agonia naquele rosto áspero, muita dor para um homem suportar sozinho.
Com uma sobrancelha erguida, Giles olhou para seu mordomo, mas Dithers não revelou nada. O mordomo correu à frente para abrir as portas principais. Giles o seguiu, imitando os passos silenciosos do barão e mantendo Lorde Winter à vista.
Logo na entrada, o barão parou e inclinou a cabeça para o embrulho em seus braços.
— Atticus. — Uma voz chegou aos ouvidos de Giles, estranhamente suave e cheia de dor.
Giles apenas conseguiu impedir que o cachorro se atirasse contra a mulher.
— Atticus, venha. — Mais uma vez, aquela voz chamou seu cão, e um braço pálido escorregou por baixo da capa de viagem preta para cair frouxamente.
Atticus ganiu, puxando Giles para frente a contragosto. O cachorro alcançou a mão da mulher, raspando sua língua molhada contra ela. A princípio, ela recuou, mas voltou a esfregar o cachorro. Como Giles estava segurando a besta, não pode deixar de notar o tremor que vibrou em Atticus. Giles ficou atordoado com a sensação.
— Atticus, venha. — A mulher voltou a falar, e Giles ficou tenso quando a voz fez cócegas em sua memória.
O Lébrel Irlandês se acalmou, libertou-se do aperto frouxo de Giles e se moveu para junto de Lorde Winter. Confuso, Giles os seguiu escada acima.
Uma vez no quarto, uma enfermeira, que Giles só agora percebeu, puxou as cortinas, conduzindo Dithers para fora com movimentos agitados de suas mãos. Depois de escurecer o quarto, Lorde Winter baixou seu fardo para a cama alta, removeu o manto escuro e apertou os cobertores ao redor dela.
De sua posição na porta, Giles não notou mais detalhes da mulher, mas sua identidade o intrigou. Ela sabia o nome do seu cachorro? O que Lorde Winter estava fazendo dirigindo pela Inglaterra com uma mulher doente a reboque? Certamente, ele poderia ter providenciado algum outro cuidado em vez de arrastá-la no que parecia ser uma jornada dolorosa.
Para sua surpresa, Atticus atravessou a sala e subiu no estrado. Uma vez na cama, o cão farejou perto da mão da mulher. Com certeza Lorde Winter iria enxotá-lo, mas a mulher agarrou o pelo desgrenhado do cachorro, puxando-o para junto de si.
Seu convidado não disse nada quando se juntou a Giles na porta, então Giles deu um passo para o lado para permitir que o barão passasse. Winter olhou por cima do ombro uma vez antes de fechar a porta para a mulher, o cachorro e a enfermeira.
O que diabos estava acontecendo? Giles raramente recebia convidados, mas esse arranjo clandestino parecia absurdo. Talvez uma boa dose de álcool e uma refeição sólida fizessem a vida em Cottingstone parecer normal novamente. Giles não tinha muita esperança, mas o que mais ele poderia fazer?
Série Ilustres Patifes
02- Ferida