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8 de abril de 2025

Ferida

Série Ilustres Patifes

O trapaceiro arrependido Giles Wexham, Conde de Daventry, extrai prazer de cada momento e gosta de sua vida despreocupada exatamente como ela é. 
Durante seu retiro de verão no campo, ele se torna relutante anfitrião e babá de sua ex-noiva, uma mulher que ele pensava estar morta há muito tempo, uma mulher que Giles confundiu com um fantasma enquanto sentia prazer nos braços de outra mulher. Dor insuportável e láudano mantiveram Lillian Winter afastada da sociedade desde o acidente que arruinou sua vida. Ela suportou seis anos de agonia nas mãos de praticantes incompetentes e anseia pelo fim de seu sofrimento. Encontrar-se sob os cuidados do Conde de Daventry traz um alívio surpreendente para seus ferimentos e um vislumbre da vida que lhe foi negada. No entanto, à medida que prazeres recém-descobertos diminuem a resistência de Lilly ao perverso conde, um perigo há muito esquecido volta a persegui-la.

Capítulo Um

Verão de 1813
GILES forçou um sorriso em seus lábios para dar as boas-vindas a Lorde Winter em sua propriedade rural em Northamptonshire.
— Winter — Giles chamou. — Bem-vindo a Cottingstone.
O recém-chegado fez uma careta. Pelo menos o velho barão poderia fingir estar satisfeito por Giles ter quebrado sua regra de receber um convidado em Cottingstone Manor. Mas não, o rosto de Lorde Winter mostrava uma carranca perpétua, como em todas as outras vezes que eles haviam se encontrado em Londres.
— Daventry. — A voz trêmula do homem mais velho, um pouco mais baixa que a de Giles, traía exaustão. — Faz muito tempo que não venho aqui. O lugar não mudou muito.
Giles estremeceu. A tragédia havia escapado de sua mente.
— Venha, você deve estar cansado. O jantar não será servido dentro de uma hora, mas tenho um uísque excelente para acalmá-lo enquanto esperamos.
O barão esmagou o punho de Giles.
— Eu prefiro Brandy – especialmente hoje. Mas primeiro… — Winter voltou para a carruagem.
Giles deu um passo para trás em direção a seu mordomo.
— Dithers?
— Trocarei os decantadores quando voltar para casa, milorde.
— Faça isso e pergunte ao cozinheiro se o jantar pode ser antecipado — Giles murmurou. — Lorde Winter não parece estar bem de saúde.
— Não acredito que o problema seja a saúde dele, milorde — respondeu Dithers.
Sem outra explicação, o mordomo deu um passo para trás, deixando Giles ponderar sobre a saúde de quem ele havia se referido. O barão viajava sozinho. Todos os seus servos pareciam um bando disciplinado e saudável. Mas eles se moviam com cuidado na carruagem e não falavam muito alto. Os cavalos também se acomodaram rapidamente. Calmo, eficiente, misterioso.
Quando Giles saiu do caminho de um lacaio sobrecarregado, um uivo de gelar o sangue irrompeu além da casa. Todos os homens pararam e olharam, não na direção do som, mas para a carruagem escura que estavam descarregando.
O constante bater de patas anunciava a chegada do velho Lébrel Irlandês de Giles, Atticus. A julgar pela velocidade do cachorro e sua agitação, algo estava seriamente errado. Na verdade, esse nível de energia do cão era mais do que surpreendente.
Atticus derrapou até parar ao lado da porta fechada da carruagem. Se a porta estivesse aberta, Giles tinha certeza de que o cão teria entrado. Ele ignorou os cavalos inquietos e os criados atordoados para puxar sua besta para fora do caminho. O cão era pesado e estava determinado a ficar exatamente onde estava, mas Giles conseguiu afastá-lo.
Lorde Winter olhou para o cachorro, acenou com a cabeça e entrou na carruagem. Quando ele saiu alguns momentos depois, segurava um corpo em seus braços.
Atticus, geralmente tão dócil, grunhiu e choramingou, lutando contra Giles de maneira a causar alarme. Lorde Winter ajustou a figura de capa preta e o pacote gemeu.
Cada fio de cabelo na nuca de Giles se arrepiou. Esse era o gemido de uma mulher – e uma que sentia muita dor. Ele renovou seu aperto no cão inquieto.
Lorde Winter moveu-se lentamente em direção à casa, mantendo seus movimentos suaves. O conjunto sombrio de suas feições mostrava quanto esforço ele despendia para não empurrar seu fardo. Havia agonia naquele rosto áspero, muita dor para um homem suportar sozinho.
Com uma sobrancelha erguida, Giles olhou para seu mordomo, mas Dithers não revelou nada. O mordomo correu à frente para abrir as portas principais. Giles o seguiu, imitando os passos silenciosos do barão e mantendo Lorde Winter à vista.
Logo na entrada, o barão parou e inclinou a cabeça para o embrulho em seus braços.
— Atticus. — Uma voz chegou aos ouvidos de Giles, estranhamente suave e cheia de dor.
Giles apenas conseguiu impedir que o cachorro se atirasse contra a mulher.

— Atticus, venha. — Mais uma vez, aquela voz chamou seu cão, e um braço pálido escorregou por baixo da capa de viagem preta para cair frouxamente.

Atticus ganiu, puxando Giles para frente a contragosto. O cachorro alcançou a mão da mulher, raspando sua língua molhada contra ela. A princípio, ela recuou, mas voltou a esfregar o cachorro. Como Giles estava segurando a besta, não pode deixar de notar o tremor que vibrou em Atticus. Giles ficou atordoado com a sensação.
— Atticus, venha. — A mulher voltou a falar, e Giles ficou tenso quando a voz fez cócegas em sua memória.
O Lébrel Irlandês se acalmou, libertou-se do aperto frouxo de Giles e se moveu para junto de Lorde Winter. Confuso, Giles os seguiu escada acima.
Uma vez no quarto, uma enfermeira, que Giles só agora percebeu, puxou as cortinas, conduzindo Dithers para fora com movimentos agitados de suas mãos. Depois de escurecer o quarto, Lorde Winter baixou seu fardo para a cama alta, removeu o manto escuro e apertou os cobertores ao redor dela.
De sua posição na porta, Giles não notou mais detalhes da mulher, mas sua identidade o intrigou. Ela sabia o nome do seu cachorro? O que Lorde Winter estava fazendo dirigindo pela Inglaterra com uma mulher doente a reboque? Certamente, ele poderia ter providenciado algum outro cuidado em vez de arrastá-la no que parecia ser uma jornada dolorosa.
Para sua surpresa, Atticus atravessou a sala e subiu no estrado. Uma vez na cama, o cão farejou perto da mão da mulher. Com certeza Lorde Winter iria enxotá-lo, mas a mulher agarrou o pelo desgrenhado do cachorro, puxando-o para junto de si.
Seu convidado não disse nada quando se juntou a Giles na porta, então Giles deu um passo para o lado para permitir que o barão passasse. Winter olhou por cima do ombro uma vez antes de fechar a porta para a mulher, o cachorro e a enfermeira.
O que diabos estava acontecendo? Giles raramente recebia convidados, mas esse arranjo clandestino parecia absurdo. Talvez uma boa dose de álcool e uma refeição sólida fizessem a vida em Cottingstone parecer normal novamente. Giles não tinha muita esperança, mas o que mais ele poderia fazer?








Série Ilustres Patifes
02- Ferida

15 de dezembro de 2024

Calafrios

Série Ilustres Patifes
Jack, Marquês de Ettington, está no limite de sua paciência lidando com a angústia de sua irmã gêmea.

Sob o nome dela, ele convocou Constance Grange, sua irritante ex-protegida, para Londres para atuar como acompanhante de sua irmã durante a temporada. Embora o estado endividado de Pixie seja uma surpresa completa, o que o perturba mais é o plano de sua irmã de encontrar-lhe um marido rico para pagar as dívidas esmagadoras. E, apesar de sua disponibilidade, riqueza e título – ele fica chocado por ser esquecido para ocupar a posição de marido de Pixie. Com um apelido como Pixie, Constance Grange deveria estar acostumada a desastres, mas cobradores de dívidas batendo na porta do Marquês de Ettington exigindo pagamento é mais do que mortificante. Dado o estado precário de suas finanças e a perda anteriormente desconhecida de sua propriedade familiar, suas escolhas são: ser encarcerada na prisão dos devedores ou virar caçadora de fortunas para garantir um marido rico. No entanto, o homem que vem em seu socorro mais vezes do que ela gostaria de pensar está indisponível, noivo e é seu ex-guardião Jack – o marquês de coração frio.

Capítulo Um

Londres, Primavera, 1813
Constance Grange enfiou um cacho escuro atrás da orelha e olhou para os números na página até que se desfizeram em formas sem sentido.
— Isso simplesmente deve ser um erro terrível?
Ela gostava muito mais das bolhas indistintas do que da terrível quantidade de dívida acumulada desde a morte de seu pai. Não importa de que maneira ela olhasse para o papel, sua pequena família estava em uma posição precária.
— Pelo que sei, esta é a maior parte de suas extravagâncias — assegurou-lhe o Sr. Medley.
Constance agarrou a página até ela se dobrar para se ajustar aos contornos de seus dedos. Medley, o homem de negócios de sua família, a seguiu até a residência do Marquês de Ettington em Londres para exigir pagamentos que ela não tinha. Ela tinha vindo para visitar Virginia, não para lidar com outra bagunça dos pais. Ela desejou que ele tivesse esperado para entregar as más notícias quando ela retornasse para casa. Ele não poderia ter esperado meros seis dias?
Ele colocou uma caixa com tiras de couro no colo de Constance sem a sua permissão, sorrindo de um jeito que dificilmente a tranquilizaria. Ele depositou-a desajeitadamente em seus joelhos, mas ela conseguiu abrir a tampa para examinar a pilha desordenada de papéis contidos ali dentro.
À Sra. Peabody de Sutton Place, mil libras, Faro. O projeto de lei datado de 20 de fevereiro.
Ela rezou para que o papel duro virasse pó uma vez exposto à luz. Quando isso não aconteceu, ela colocou a conta de lado e leu a próxima.
Sra. Brampton de Currant Place, quinhentas e cinco libras, Whist. Esta datada de 16 de janeiro.
Constance colocou a nota promissória em cima da primeira e vasculhou a pilha de papéis. Além das dívidas com as supostas amigas de sua mãe, havia contas pendentes para quase todos os comerciantes em Sunderland. As contas tinham sido um grande golpe. Constance não podia ter se dado ao luxo de visitar Virginia nesse momento. No ritmo que sua mãe estava indo, elas precisariam vender até a casa para pagar metade da dívida. Graças aos céus não era vinculada.
Quando chegou ao fundo, Constance olhou para o fino pedaço de madeira antes de devolver metodicamente cada folha de papel. Ela fechou a tampa com força.
O constrangimento era grande. Ela não conseguiu encontrar o olhar de Virginia.
— Você disse que pode haver mais?
— Era melhor se sua mãe tivesse mantido um registro. Muitas vezes solicitei um aviso imediato de seus gastos, mas ela nunca me atendeu a esse respeito.
Desde o início desta entrevista, havia uma corrente de hostilidade no tom do Sr. Medley. Ela estudou seu semblante pálido. O sorriso torcendo-lhe os lábios confirmou que ele estava gostando de sua missão.
Seu estômago revirou.
— Agradeço-lhe por trazer este assunto diretamente a mim . O senhor pode ter certeza de que forneceremos os fundos o mais rápido possível.
Constance tentou devolver a caixa às suas mãos. Como o homem de negócios da família, ele normalmente cuidaria de qualquer pagamento, mas ele balançou a cabeça brilhante.
— Há apenas mais uma conta para qual eu desejo sua atenção.
— O Sr. Medley tirou um papel dobrado do bolso interno e o colocou em cima da tampa da caixa. — Essa eu agradeceria o pagamento com alguma urgência.
Ele puxou um segundo papel do outro bolso e o colocou em cima sem dizer uma palavra.
— Qual é a última conta?
— Não é uma conta para pagamento, Srta. Grange, é meu aviso. Em todos os meus anos de negócios, nunca tive a ideia de que teria duas mulheres tão frívolas precisando de meus serviços. Vocês são terrivelmente excêntricas em seus gostos e deveriam se envergonhar profundamente por desperdiçarem uma fortuna como a que tinham. A prisão de devedores vai lhes ensinar a controlar seu…
— Isso é suficiente.








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01- Calafrios