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18 de janeiro de 2012

Surpresas Do Coração



Aos trinta e dois anos de idade, Emily Holcomb vive como uma ermitã, nos arredores de um vilarejo incrustado nas montanhas do Colorado. 

Até o dia em que ela encontra à sua porta um exemplar do jornal da cidade, com um poema de amor circundado por um coração, para lhe chamar a atenção. 

Atribuindo a façanha aos garotos das redondezas, que se divertem em fazer pouco dela, 
Emily vai se confrontar com Ben Thatcher, o editor do jornal, que afirma não ter conhecimento da publicação do poema. 
Ben se sente, então, compelido a deixar pequenos mimos à porta de Emily, tentando convencer a si mesmo de que seu único intuito é fazer aquela moça simples e tímida sentir-se desejável... 

Capítulo Um 

Pine Springs, Colorado 1873 
Os últimos raios de sol de um dia de céu azul se infiltravam pelos vãos entre as árvores, confundindo os tons alaranjados com o verde da floresta. 
O ar estava parado e gelado, o que não calava o entusiasma do chilrear dos pássaros no alto dos pinheiros. 
O som alegre animou Emily Holcomb, trazendo um sorriso ao rosto abatido pelo cansaço. 
Fazia muito tempo que ela só tinha o silêncio como companhia. 
Com uma pilha de lenha nos braços, abaixou-se para acrescentar mais um nó de pinho que vira ao pé de uma árvore. 
Já havia perdido a conta da quantidade de viagens que fizera entre o depósito e a mata naquele dia. Contudo, o excesso de trabalho jamais a assustara. 
Agradecera a Deus pelo vento enviado na noite anterior. 
Ao soprar forte pela montanha, derrubara muito mais galhos secos do alto das tamargas e dos pinheiros amarelados do que ela seria capaz de carregar. 
A lenha valia ouro, pois era responsável por alimentar o forno de ferro que a mantinha aquecida durante as longas noites de inverno. 
Conforme se aproximava da cabana de madeira, o cocoricar agudo do galo doeu-lhe nos ouvidos. Ao prestar atenção novamente, percebeu um outro som entremeado ao da ave. 
Sentiu o coração bater em descompasso. 
Praguejando baixinho, segurou a lenha com mais firmeza e apressou o passo. 
Rezou para que a comoção no galinheiro não fosse culpa do mesmo gato selvagem que ali rondava havia dias. 
Ao lembrar que já havia perdido uma de suas aves, e não poderia dar-se ao luxo de perder outra, Emily correu, pisando em poças d'água e não se importando em atravessar a ponte de madeira no mesmo ritmo. 
Não demorou muito para se arrepender de ter pisado na água, pois logo a umidade atravessou os furos da sola das botas do pai, apesar das várias camadas de jornal para melhor acomodar seus pés em um calçado bem maior. 
Quando chegou à clareira, sentiu os pulmões arder com a baixa temperatura do ar. 
As calças estavam molhadas até os joelhos, e os dedos dos pés estavam gelados e dormentes. Mesmo assim, não se importou com o mal-estar. 
Tinha coisas mais importantes a resolver naquele momento. 
Devagar, deu a volta no galinheiro. Não havia nenhuma pegada de gato sobre a pouca neve que caíra horas antes. 
A tela estava intacta, nenhuma pena voando, ou seja, estava tudo na mais perfeita ordem. 
Ainda assim, o galo recomeçou a cacarejar, apavorando as galinhas, que bateram as asas desesperadas, dando encontrões umas nas outras. 
— Pare de fazer cena, Lothario! 
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