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27 de agosto de 2024

Uma Colher Bordada

Depois de recusar todas as ofertas de casamento que surgiram em seu caminho, Isolde Farrington é despachada para uma tia solteirona no País de Gales até que ela caia em si.
Rhys Williams, lá a negócios, está entregando a escolha da noiva para ele ao seu tio, e a última coisa que ele precisa é se apaixonar por uma senhorita impertinente como Izzy, que toma Rhys por um caipira. O novo ambiente de Izzy faz com que ela veja a vida e Rhys de uma nova forma. Mas quando seu pai, Lorde Bedley, descobre que a situação no País de Gales não é o que ele pensava, e que Rhys está no comércio, um abismo se abre para o casal que passou a se amar. Será que a diferença de classe os manterá separados?

Capítulo Um

Capel Bodfan, País de Gales, julho de 1817
A Srta. Isolde Farrington espiou pela janela da carruagem, embora grande parte da vista estivesse obscurecida pela chuva no vidro. Não importa, ela pensou com desgosto. Haveria árvores, envoltas em névoa e gotejando, ou encostas encharcadas pontilhadas de ovelhas. Se houvesse uma cidade, seria pequena, com muitos “L” em seu nome e poucas vogais.
A carruagem balançou para o lado; Izzy agarrou a alça, então soltou um suspiro de alívio quando outra guinada a colocou em movimento para frente mais uma vez.
— Oh, o céu nos proteja! — A Srta. Amberley rezou.
Izzy revirou os olhos. Essa viagem já havia demorado dois dias a mais do que deveria, mas os únicos perigos eram a perspectiva de escorregar em uma vala ou ficar presa na lama. Inconveniente, certamente, embora improvável de ser fatal. Mas sua acompanhante via cada vala como uma ravina escarpada, e cada estrada lamacenta como um atoleiro pronto para sugar a carruagem em suas profundezas. Era assim que as solteironas acabavam? Izzy perguntou a si mesma, se a Srta. Amberley tinha sido assim a vida toda, se a preocupação causara-lhe as rugas e os cabelos grisalhos. Graças a Deus ela era apenas uma acompanhante temporária para esta jornada.
Tia Eugenia deve ser quase tão velha quanto a Srta. Amberley. Seu pai tinha quarenta e cinco anos, e tia Eugenia era a irmã mais velha seguinte. Que Deus a livre que ela fosse tão trêmula e medrosa quanto a acompanhante de Izzy. Esse exílio no País de Gales pareceria realmente longo.
— Se ao menos eu tivesse ido ver minha irmã em junho, antes que toda essa chuva horrível começasse — lamentou a Srta. Amberley, não pela primeira vez, nem mesmo pela décima.
Se você tivesse.
— Foi muito gentil da parte do querido Lorde Bedley me permitir seguir para Aberystwyth em sua carruagem depois de deixá-la com a Srta. Farrington. Que cavalheiro, seu querido papai.
Izzy tentou não ouvir. A punição dela poderia ter sido pior – o pai poderia ter enviado a Srta. Templeton, sua preceptora, com ela. Mas isso significaria que a mãe teria que se esforçar para supervisionar Viv e Lynnie por mais de uma semana. Cuidar de duas filhas não deveria ser difícil, mas a mãe preferia ficar na sala com um livro ou fofocar com as amigas. Izzy estava feliz por estar sem a governanta – até mesmo a tagarelice da Srta. Amberley era preferível às repreensões da Srta. Templeton.
— Oh, devemos estar quase chegando. — A Srta. Amberley esfregou a janela e olhou para fora. Izzy conseguia ver apenas árvores – ainda pingando – através de sua própria janela, pois os cavalos e os mensageiros bloqueavam grande parte da visão à frente. Ela se inclinou para ver o que sua acompanhante estava olhando.
Desciam pela encosta de um amplo vale. Milagrosamente, a chuva havia parado, e Izzy podia ver um rio abaixo, salpicado de espuma branca enquanto corria pelos campos e entre aglomerados de prédios. As encostas cobertas de árvores além do rio elevavam-se a charnecas nuas, ainda com manchas de nuvens cinzentas agarradas ao topo.
— Aquela é Capel Bodfan?