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1 de janeiro de 2011

Diga a Jane...




Cedric Williamson está com um problema que tem lhe tirado o sono e precisa de alguém para aconselhá-lo. 

Mas quem? Jane Gabriel, talvez...
A jovem é inteligente, culta e informada, está sempre com o rosto enterrado nos livros e parece conhecer e saber de tudo o que é importante.
Quem sabe ela possa ajudá-lo?
No entanto, Jane se revela ingênua e inexperiente nas questões do coração... um assunto no qual Cedric é especialista!
As atenções de Cedric perturbam o sossego de Jane, que não entende o porquê de tantos elogios, gentilezas e agrados.
Certamente, um homem bonito, atraente e rico como ele não se interessaria por uma moça simples como ela... Ou sim?
E essa é a questão mais intrigante de todas...

Capítulo Um

Cedric Williamson forçou uma gargalhada antes de esvaziar sua caneca de cerveja, batendo-a com força na mesa rústica do barulhento bar na entrada da estalagem.
— Você está feliz demais, considerando que seu novo cavalo chegou em último lugar na corrida de hoje — a voz de Charlie já soava embargada pela bebida.
Todos os homens da mesa começaram a rir, inclusive o dono da estalagem, e Cedric riu também. Esperava que seu nervosismo não transparecesse, por isso fingia estar bêbado e alegre.
— Preciso ir... — Ele levantou-se e mostrou a caneca vazia, indicando a necessidade de usar o banheiro.
Cambaleou um pouco e alcançou a porta de saída.
O ambiente quente e enfumaçado da estalagem deu lugar ao ar fresco da primavera.
Já passava da meia-noite e não havia ninguém no jardim.
Cedric tentou manter-se na sombra, dirigiu-se ao estábulo e abriu as pesadas portas de madeira.
Não havia ninguém lá, ouvia-se apenas o barulho dos cavalos. Ele respirou fundo, entrou e fechou as portas atrás de si.
Esperou os olhos se acostumarem com a escuridão e procurou seu cavalo de viagem, Atlas.
Caminhou com cuidado, pegou o cabresto, que estava pendurado em um gancho, sussurrando docemente na esperança de que o animal cooperasse com ele.
Atlas balançou a cabeça e andou para trás.
Cedric tirou um torrão de açúcar do bolso e estendeu a mão para o cavalo, que aceitou imediatamente.
Com um gesto rápido, porém carinhoso, Cedric aproveitou-se da situação e colocou o cabresto entre os dentes do animal e prendeu-o acima das orelhas.
— Ah, sua ganância sempre vencerá, meu velho — ele murmurou.
Cedric selou Atlas, afivelou a barrigueira e prendeu os alforjes.
Abriu as portas do estábulo e saiu de lá levando o enorme cavalo negro.
Ao entrar na estrada que passava atrás da estalagem, ele checou as rédeas, montou no animal e o direcionou ao outro estábulo, onde aquela jovem égua detestável se encontrava.
Se não estivesse consumido pelo ódio, jamais roubaria sua própria égua.
Fora enganado como se engana a uma criança.
Ele, Cedric Williamson, um homem de habilidade ímpar nos esportes, um homem que pertencia à cidade de Londres, ágil na esgrima e vencedor de inúmeras apostas nos páreos de Newmarket.
Sim, ele, Cedric Williamson, tinha sido passado para trás como se fosse mais um ingênuo tentando apostar pela primeira vez em uma corrida.
Perdera uma grande fortuna e demoraria anos para conseguir pagar suas dívidas.
Não restava outra opção a não ser pegar Atlas e a detestável égua e partir para um lugar seguro onde pudesse recuperar-se do golpe em paz.
Uphaven, a fazenda de sua tia Amélia, ficava a apenas vinte quilômetros dali, ou seriam vinte e cinco?
Fazia muitos anos que não a visitava, mas não teria problema em encontrar o caminho pela estrada principal para St. Edmundsbury.
Seria difícil esconder de sua tia qualquer coisa.
Ela era astuta demais e em poucos dias certamente saberia da verdade.
Como uma das habitantes mais ativas de Suffolk, seu círculo de contatos era muito extenso e nada acontecia ali sem chegar aos seus ouvidos.
Cedric teria de contar a verdade, por mais humilhante que fosse.