18 de abril de 2009

Não Conte a Ninguém

Trilogia Medieval Guerreiros
Inglaterra, 1077

Uma paixão audaciosa...

O título de barão garante a Nicholas FitzTodd todas as regalias, e seu charme másculo e sedutor atrai todas as mulheres. Simone du Roche deveria ser apenas mais uma tentação passageira, porém um momento de imprudência resulta num casamento apressado.
Simone pode ser linda e graciosa, mas é pobre e, segundo os rumores, conversa com fantasmas...
Simone não espera que seu marido acredite que o fantasma de seu irmãozinho a seguiu da França até a Inglaterra, nem que ele leve a sério sua suspeita de que o menino não morreu por acidente. Ser casada com um homem implacável e desconfiado já é bastante difícil, mas quando Simone descobre a verdade sobre a morte do irmão, um perigoso segredo de família ameaça a frágil paz que ela e Nicholas conseguiram alcançar, e Simone precisa arriscar tudo o que lhe é mais precioso para provar ao marido que vale a pena lutar por seu amor!

PRÓLOGO

Fevereiro de 1077,
Inglaterra, próximo da fronteira do País de Gales
— Ela vai me encilhar como a um cavalo.
— Meu senhor?!
Nicholas FitzTodd, barão de Crane, olhou para seu primeiro soldado e notou-lhe a expressão de curiosidade. Os dois tinham parado no topo de um promontório rochoso onde um riacho, vindo da floresta atrás, jogava as águas no gelado Wye abaixo. A noite de inverno, em sua quietude, parecia congelada. Enquanto os dois descansavam as montarias, observavam as colinas sombreadas na fronteira do País de Gales.
Não haveria ataques de surpresa essa noite, Nicholas tinha certeza. Nem o mais sanguinário se atreveria a enfrentar as garras geladas do Wye. A divisa de William, bem como as suas, estavam seguras. Pelo menos de invasores estrangeiros.
Ao lado dele, Randall limpou a garganta.
— Quem o encilharia?
Nicholas não conteve um suspiro de desânimo.
— Minha noiva, claro.
Como Majesty já houvesse matado a sede, Nick o instigou a partir.
— Sua noiva? — o homem loiro indagou ao emparelhar a montaria à de Nicholas a fim de seguirem pela trilha rochosa.
— Isso mesmo, Randall, minha noiva.
Nicholas não tinha planejado contar o motivo da viagem à vila de Obny antes de o fato se consumar. E não sabia o que o instigara a revelar os pensamentos sombrios, mas, depois de tê-lo feito, sentia-se menos deprimido quanto à tarefa que havia se imposto. De qualquer forma, a visita não passava de mera formalidade, a atenção para com um velho amigo. Como barão, Nick tinha o direito de escolher a noiva.
— Após ouvir o relatório de lorde Handaar, eu o informarei de minha decisão de me casar com sua filha.
A gargalhada de Randall ecoou no céu negro.
— Por Deus, o frio maldito deve ter congelado meus ouvidos, senhor, pois acho que o entendi mal. Parece que o ouvi dizer que pretende se casar!
As palavras de Randall feriram o orgulho de Nicholas, mas ele se controlou. Se qualquer outro homem tivesse ousado rir de sua decisão, já estaria caído no chão com a ponta da espada na garganta.
— Você ouviu corretamente. De tanto me importunar, minha mãe conseguiu me convencer de que devo providenciar um herdeiro para o baronato.
— Bem, isso era inevitável, meu senhor. E que melhor escolha haveria a não ser a de lady Evelyn?
Nick ouviu um ruído suave seguido por o de uma rolha. Um segundo depois, Randall encostava um frasco de couro em seu ombro.
— Então, um brinde à próxima baronesa de Crane.
Nick pegou o frasco e tomou um longo gole. A bebida forte desceu pela garganta, provocando um calor abençoado. Devolveu o frasco a Randall que prosseguiu:
— O senhor deve se sentir aliviado por se casar com uma dama tão sua amiga como lady Evelyn. Alguns só conhecem a esposa no dia do casamento.
Nick apenas resmungou algo.
— Os dois já conviveram bastante, têm as mesmas idéias e se dão bem. Não vejo que diferença fará se ela se tornar sua esposa. Exceto que compartilhará Hartmoore com o senhor. E sua cama, claro. Mas duvido que isso seja muito inconveniente.
Nick manteve-se calado e Randall continuou:
— Ela é bem bonita com aqueles cabelos ondulados, pele alva. Isso sem mencionar os fartos sei...
— Chega! — Nick protestou.
A trilha tinha alargado numa saliência arenosa de onde se via Obny logo abaixo e que encerrava seu futuro, desejado ou não. Ele parou a montaria a fim de observar a vila fronteiriça.
— Não existe mal algum, mental ou físico, em lady Evelyn. Ela é a companheira ideal para mim. Na verdade, eu não aceitaria outra.
O sorriso de Randall desapareceu.
— Então por que a irritação, meu senhor?
— Porque uma esposa é uma algema. Isso é culpa de meu irmão. Se Tristan não estivesse tão feliz, minha mãe teria deixado eu decidir a hora de me casar. Agora, tenho de apaziguá-la.
— Lady Haith não parece ter algemado lorde Tristan. Ele...
Nick abanou a mão para interrompê-lo.
— Não se iluda, meu amigo. Ele está tão preso quanto qualquer animal de carga. Algemado — Nick afirmou, rindo.
De repente, desmontou Majesty, subiu um barranco íngreme e contemplou o vale sombreado pela noite. Ele, por Deus, não se deixaria algemar. Abriu os braços e gritou para que todos lá embaixo pudessem ouvi-lo:
— Eu, Nicholas FitzTodd presto contas somente a Deus e ao rei William! Mulher alguma me controlará! Juro!
As palavras ecoaram pelo vale e morreram. Nicholas sentiu a alma lavada e, mais uma vez, disposto a enfrentar a decisão tomada. O casamento não o mudaria, para melhor ou pior. Era o barão de Crane e todos em sua vasta propriedade se curvariam a sua vontade.
A passos largos, subiu o barranco e observou a testa franzida de Randall.
— Sente-se melhor agora? — o soldado lhe perguntou.
— Muito. Estou pronto a dar as boas novas a lorde Handaar, ou seja, que escolhi sua filha para ser minha esposa — Nicholas respondeu ao montar Majesty e instigá-lo rumo à vila fronteiriça.


Trilogia Medieval Guerreiros
1 - Guerreiro Amante
2 - Não Conte a Ninguém
3 - A Maldição de Conall
Trilogia Concluída

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