27 de junho de 2010

Fogo Secreto







Na furiosa paixão do desejo!


Eles descobriram o glorioso êxtase do amor...
Quando viu a moça fugazmente do guichê de sua carruagem, o jovem príncipe sabia que devia fazê-la sua.
Poucos minutos depois, Lady Katherine Saint John era seqüestrada em uma rua de Londres como uma prostituta e levada a uma suntuosa mansão...
para o prazer de seu admirador.
Mas o que o príncipe Dimitri achou em sua cama foi uma tigresa cativa... consumida por uma ira feroz para o "bárbaro" russo que a tinha raptado... mas a quem, ao mesmo tempo, desejava com um ânsia alheia a sua compreensão...


Capítulo Um

Londres, 1844
Desabava outro aguaceiro primaveril, mas Katherine Saint John fez pouco caso do céu encapotado que pendia pesadamente sobre ela.
Distraída se deslocava pelo jardim, cortando rosas rosadas e vermelhas que mais tarde disporia para sua própria satisfação, em um vaso para sua sala de visitas e outro para sua irmã Elisabeth.
Seu irmão Warren estava ausente, em seu típico empenho de divertir-se em alguma parte, pelo qual não necessitava flores para adornar uma habitação onde quase nunca dormia. E a seu pai, George, desagradavam-lhe as rosas, assim não cortou nenhuma para ele. “me dêem açucenas ou lírios, ou até margaridas silvestres; mas lhes guarde essas rosas tão enjoativas para vocês, as meninas”.
A Katherine não lhe ocorreria obrar de outro modo. Em tal sentido, era regulável. Por isso cada manhã se enviava um criado em busca de margaridas silvestres para o conde do Strafford, embora não fossem fáceis de encontrar na cidade.
—É uma maravilha, minha querida Kate —estava acostumado a dizer seu pai, e Katherine aceitava então o completo como justo.
Não era que ela necessitasse elogios; nem muito menos. O fazia por orgulho próprio, para sua auto-estima. adorava que a necessitassem, e a necessitavam.
Talvez George Saint John fora o chefe da família, mas era Katherine quem dirigia a casa, e ante ela cedia ele em todos os aspectos.
Tanto a Mansão Moldes, aqui no Plaza Cavendish, como a Residência Brockley, o imóvel rural do conde, eram os domínios do Katherine. Ela era a anfitriã de seu pai, sua ama de chaves e sua administradora. Tinha a raia as trivialidades domésticas e os problemas com os arrendatários, o qual deixava ao conde livre de preocupações para meter-se em política, sua paixão.
—bom dia, Kit. Deve tomar o café da manhã comigo?
Quando elevou a vista, Katherine viu Elisabeth aparecendo pela janela de seu dormitório, de onde se divisava a praça.
—Já tomei o café da manhã, carinho, faz várias horas— respondeu Katherine com voz apenas audível. Não era propensa a gritar quando podia evitá-lo.
—Café, então? Por favor —insistiu Elisabeth— Preciso falar contigo.
Katherine sorriu assistindo; logo levou dentro seu cesto de rosas. Para falar a verdade, tinha estado aguardando pacientemente a que sua irmã despertasse, para poder falar com ela. Sem dúvida ambas pensavam no mesmo tema, pois as duas por separado tinham sido chamadas o estudo do conde a noite anterior, mas pela mesma razão: lorde William Seymour.
Lorde Seymour era um jovem elegante, de atitude diabólica, que tinha tomado por assalto a inocente jovem Elisabeth. conheceram-se a começos da temporada desse ano, a primeira do Beth, e após a pobre moça não tinha cuidadoso a nenhum outro homem. Estavam apaixonados.
Mas quem era Katherine para mofar-se tão somente porque pensasse que essa emoção era tola e um desperdício de energia que era melhor dedicar a alguma atividade útil? Estava contente por sua irmã menor, ou ao menos, tinha-o estado até a noite anterior.
Enquanto se encaminhava para a escada, fez correr aos criados para cumprir suas ordens: enviar acima uma bandeja com o café da manhã, levar a correspondência a seu escritório, enviar ao conde um aviso de que lorde Sheldon tinha uma entrevista essa manhã e chegaria dentro de meia hora; despachar duas donzelas ao estudo do conde para assegurar-se de que estivesse em ordem para receber um hóspede (seu pai não se distinguia por seu esmero) e levar vasos com água ao sal de visitas do Beth. Ela arrumaria as rosas enquanto conversavam.
Se Katherine tivesse sido das que adiam as coisas, teria evitado ao Elisabeth como a peste. Entretanto, não era essa sua atitude. Mesmo que não estava segura ainda do que se propunha dizer exatamente a sua irmã, estava segura de que não rechaçaria o rogo de seu pai.
—Você é a única a quem ela escutará, Kate –lhe havia dito seu pai a noite anterior—. Deve fazer compreender ao Beth que eu não me limitei a formular ameaças ociosas. Não permitirei que minha família se associe com este farsante. Sabe que não acostumo a ser autocrático. Isso lhe deixo isso a ti, Kate. –Ambos sorriram por isso, pois ela podia realmente ser despótica quando se justificava, embora isso era pouco habitual, já que todos se esmeravam para agradá-la. George Saint John continuou sua defesa—. Quero que minhas filhas sejam felizes. Não dito a lei, como certos pais.
—É muito pormenorizado.
—Agrada-me pensar que é assim, certamente.
Era verdade. Saint John não interferia nas vidas de seus filhos, o qual não queria dizer que se despreocupara.
Nem muito menos. Mas se um deles se metia em apuros –mais exatamente, quando Warren se metia em apuros—, encomendava ao Katherine arrumar o enredo. Todos dependiam dela para que as coisas andassem sem tropeços.
—Mas te pergunto, Kate, o que outra coisa podia fazer eu? Sei que Beth crie estar apaixonada por esta moço. Provavelmente o esteja, em efeito.
Mas o mesmo dá. soube pelas melhores fontes que Seymour não é o que afirma ser. Está a um passo de ir ao cárcere por dívidas. E o que disse a isto essa moça? “Não me importa”, disse. “Fugirei-me com o William se for necessário.” Vá senhorita Impertinente.
Poucas coisas podiam diminuir a deslumbrante beleza do Elisabeth Saint John.
As duas irmãs se pareciam tão somente na altura e na cor de seus olhos, nem verdes nem azuis, mas sim de uma sutil mescla de ambas as cores. Todos os Saint John possuíam estes olhos de cor turquesa claro, bordeados por um verde azulado mais escuro.

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