7 de agosto de 2010

Lágrimas de Amon

Charlotte Witherspoon está apaixonada… por um retrato.
Quando um giro do destino a faz voltar no tempo e ela se encontra cara a cara com o homem que possui seu coração, escolherá ficar e aceitar a promessa de paixão que brilha em seus olhos ou retornar a seu próprio tempo?
E o que acontece quando os passos do destino decidem por ela?

Capítulo Um

Egito, 1925

comentário Jenna: Acontece 1925 mas publiquei aqui porque a narração é muito mais medieval, em Tebas, Egito, Rei. Seria um amor predestinado?tem hot, mas não vulgar...eu gostei do livro

—Se apresse Charlotte. Não vá tão devagar — Na voz de Vitória Witherspoon ressonou a frustração que a fazia chiar.
—Já vou, mãe — respondeu Charlotte Witherspoon, apurando o passo, esperando assim evitar a ira de sua mãe.
Charlotte fechou os olhos e apertou os dentes enquanto ocultava seu desgosto.
Era a mesma ladainha que sempre tinha escutado, com pouca variação, cada dia desde que tinha lembrança.
Vitória, meditou, escavava continuamente seu amor próprio até que a fazia em pedacinhos. Incapaz de suportar a dor, Charlotte bloqueou a ferida em seu interior. Não tinha nenhum sentido estender-se nela.
Equilibrando sua bolsa em uma mão, Charlotte recolheu a saia para atravessar os escombros caídos que uma vez tinham sido o grande templo de Karnak.
Tinha percorrido alguns metros mais quando seu tornozelo se enganchou entre duas rochas e tropeçou, a bolsa saiu voando de suas mãos quando caiu para frente, justo no momento exato em que sua mãe decidiu dar uma olhada para trás.
Charlotte sentiu que o calor subia por seu rosto.
—Por compaixão, Charlotte, fique de pé como a senhorita elegante que deveria ser — As mãos de sua mãe foram até seus quadris e sacudiu a cabeça com desaprovação. — Quantas vezes devo lhe dizer isso.
—Sinto muito, mãe — ficou em pé, sem fazer caso aos escavadores curiosos que a olhavam fixamente.
Não é que queria fazer de propósito, quis dizer Charlotte, mas não se atreveu a olhá-los além de sua mente. Só pioraria as coisas com sua mãe, a perfeita Vitória Witherspoon, que nunca fazia nada errado.
Os modos de sua mãe eram impecáveis, seu gosto invejável, e não esperava menos de sua única filha, mas infelizmente Charlotte se parecia com seu pai, Henry, um declarado rato de biblioteca ligeiramente imoral.
Apesar de ter dezoito anos, um fato que sua mãe se recusava a reconhecer, Vitória tinha uma forma de tratar Charlotte que a fazia sentir-se como uma menina inadequada e frágil.
Ela sacudiu as mãos sobre a saia e pegou a bolsa que tinha deixado cair. Charlotte a abriu e fez um inventário rápido do conteúdo. O livro que tinha tomado emprestado da biblioteca em Londres estava ainda ali, com suas escovas.
Conteve o fôlego enquanto examinava as páginas, procurando qualquer sinal de rupturas.
Soltou um suspiro de alívio.
Graças a sua boa qualidade, estavam intactos. Charlotte não queria receber outro sermão sobre o descuido. Havendo-se assegurado de que não tinha perdido nada, fechou a bolsa e voltou a andar.
Seus pais já tinham descido para uma das câmaras deixando Charlotte na entrada respirando o ar antigo.
Suas mentes apenas se concentravam em uma coisa quando se encontravam nesse lugar. Provavelmente nem tinham notado a sua falta e esse descuido não era algo novo. Charlotte já estava bem acostumada para considerá-lo nada mais que uma chateação.
Em vez de permitir que ficasse em casa, absorta com um bom livro, sua mãe insistia em que devia estar na escavação.
Em vez de lhes seguir, ela se voltou para a luz do sol, piscando devido a claridade. Seus pais passariam ali o resto do dia e provavelmente da noite, procurando rastros. Charlotte suspirou, sabendo que deveria segui-los, mas incapaz de fazê-lo.
Estava mais interessada em dedicar-se ao livro que tinha na bolsa.
Girou e caminhou ao redor das ruínas junto a uma escadaria recém-desobstruída. Montões de areia abraçavam seus contornos, como um gigantesco relógio de areia que tinha sido vertido até o final, tornando-se um esconderijo perfeito. Charlotte se sentou sobre o degrau mais alto e tirou o livro.
Quando abriu a capa, um aroma mofado, indicativo de uma tumba velha saiu a baforadas das páginas.
Charlotte se apoiou para frente e inalou profundamente, fechando seus olhos durante um segundo pelo prazer.
Havia poucas coisas sobre a Terra que chegavam a sua alma como um bom livro.
Metodicamente passou as folhas acetinadas até encontrar seu ponto favorito.
Os quadros dos faraós que se deslizavam através das frescas águas do Nilo ganhavam vida ante seus olhos, seus brilhantes cortes de bronze contra o branco linho de suas saias bordadas.
O olhar dela acariciou as figuras, focando em um homem em particular. Seu peito estava nu e era excepcionalmente amplo para um egípcio.
Seus braços apareciam fortes, inchando-se com os músculos.
Os olhos pintados de negro com o Kohl do homem pareceram penetrá-la das mesmas páginas, exigindo sua atenção, atraindo-a para mais perto.
Charlotte passou seus dedos sobre o retrato.
Imediatamente o pêlo de seus braços se arrepiaram. Sabia que era uma tola, mas por qualquer razão não podia deixar de olhá-lo uma e outra vez.
Apaixonou-se por este homem aos quinze anos, isso se fosse possível apaixonar-se por um retrato.
Até tinha imaginado sua vida junto a ele, como seria se a sustentasse entre seus braços, pressionando seus lábios contra os seus.
Seus lábios seriam firmes ou suaves? Úmidos ou secos?
Ela sabia que se tivesse mencionado sua teimosia com o retrato, sua mãe lhe recordaria que tinha que descer das nuvens e encontrar um jovem agradável para assentar a cabeça com ele.
Isso faria com que esquecesse todas suas fantasias imediatamente.

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