13 de agosto de 2010

Uma Dama Honrada

















Capítulo Um

A enorme Barriga postiça tinha uma vantagem, con­cluiu Joan de Hawes enquanto sacolejava no lombo do cavalo, a cabeça baixa, na frente de seu raptor. Ela amortecia o corpo. Desistira de espernear e berrar.
Tudo que conseguira fora uma dor na garganta. Seu raptor a tratava como se fosse um saco de batatas, ignorando-a por completo — a não ser pela mão que a segurava pelo cinto, impedindo-a de cair, acidental­mente ou de propósito.
A despeito da raiva e do medo, ela se sentia grata por aquele aperto firme. 
Eles estavam descendo uma trilha na floresta a galope, e ela não pretendia morrer daquele jeito. Mas, afinal, quem a arrancara do burro e por quê? li logo agora, quando causaria tanto problema? De re­pente, o cavaleiro puxou as rédeas do cavalo, o fez pa­rar e á suspendeu como uma trouxa. Antes que ela gri­tasse, ele a virou, a colocou sentada de lado, em frente a ele no cavalo. Quando a cabeça de Joan parou de gi­rar, eles já estavam cavalgando novamente, e ela só conseguiu ver de relance um capuz escuro. Agora, po­rém, era possível ver outros cavaleiros por perto. Cava­leiros estranhos, que corriam como sombras ligeiras e diabólicas através da mata enregelada. Um pouco antes, eles se haviam precipitado sobre a vila em silêncio, como se fossem falcões negros vindos do céu...
— Nossa Senhora, me proteja! — suplicou ela. Será que havia sido levada pelas forças das trevas?
Ela se virou para tentar ver se o raptor tinha um rosto humano, mas só enxergou a escuridão. Um estranho tremor percorreu seu corpo, mas ela recobrou o bom senso. Ele era quente como um homem e tinha cheiro de homem: uma mistura de suor, lã e cavalo. Conse­guiu ver que seu capuz estava à frente do rosto para es­condê-lo melhor, e a pele era queimada de sol também. Ou seja, um cavaleiro como outro qualquer.
Então, percebeu algo mais. Este cavalo galopante não tinha sela, e seu dono não vestia cota de malha. As rédeas e os freios eram simples cordas. Portanto, eles não eram demônios sobrenaturais, e sim homens co­muns que não tinham colocado arreios nos cavalos nem vestido suas malhas para evitar qualquer ruído. E os cavalos eram escuros também. Não era à toa que pare­ciam surgir do nada. Eram — só podiam ser — os de Graves, os inimigos mais terríveis de seu tio, aprovei­tando a oportunidade para arruinar a mais sagrada cerimônia da família de Montelan. Mesmo assim, ela ad­mirava o plano e sua execução. Afinal, adorava um trabalho bem feito.
Mas por que, puxa, por que, tinham escolhido logo este ano para tamanha maldade, quando causaria tantos, m problemas terríveis? Sua prima Nicolette estava escalada para representar a Virgem e ninguém podia saber que ela e Joan havia trocado de lugar.
Talvez eles logo a soltassem. Tinham conseguido Interromper a cerimônia, e não havia necessidade de mantê-la presa. Se fosse assim, será que ela poderia voltar para o castelo antes que Nicolette fosse desco­berta lá? Provavelmente... se ele a deixasse descer agora.
— Senhor! Ele a ignorou.
— Senhor!

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