13 de agosto de 2010

Uma Luz na Escuridão


Sem um centavo no bolso, desesperada mas apesar de tudo decidida, Maggie Stanley está desabrigada em uma noite de Inverno, com o seu bebê aconchegado a ela, tentando fugir a um passado perigoso, que tanto a magoou. 

Mas nessa hora de extrema solidão, na fase mais sombria que jamais viveu, a compaixão de um desconhecido, muito atraente mas pobre como ela, surge como uma luz na escuridão e proporciona-lhe o conforto e o carinho que sempre desejou e nunca teve. 
Contudo, apesar de toda a ternura que jaz encoberta no coração de Rafe Kendrick, Maggie consegue adivinhar nos olhos dele uma alma tão magoada como a sua, assim sendo ela tem a absoluta certeza de que não deve voltar a confiar em nenhum outro homem. Rafe, porém, é bem mais do que aquilo que parece. 
É um homem enigmático e reservado, que poderia dar a Maggie o céu e a terra, não fora a circunstância de ter jurado a si próprio viver sozinho o resto da sua vida. Mas às vezes, sem aviso prévio, o amor consegue transformar o mundo mais frio e implacável num verdadeiro paraíso. 

Capítulo Um 

Levado pelo vago irrealismo dos sonhos, Rafe Kendrick rendeu-se as imagens que lhe passavam devagar pela mente. Quanto mais mergulhava no sono, mais nitidez adquiriam os pormenores, mais reais se tornavam. Sorria de maneira sonolenta. 
Estava na margem do lago, pensava ele, não muito longe da primeira casa do rancho. Por entre os troncos de árvores de folha persistente, conseguia ver a vastidão descontrolada de tijolo revestido de hedra que era a casa da família, com três das chaminés recortadas no céu azul de Verão. 
A brisa suave trouxe o relincho de um garanhão, vindo do pasto ao norte, por trás dos estábulos. Lar. Até certo ponto, sabia que era apenas um sonho, mas parecia maravilhosamente real, uma recordação viva de tudo o que tinha perdido. Pedrinhas desgastadas pela água escapavam por baixo dos pés a medida que seguia a curva da margem. 
O agitar da água acalmava-o. Inspirou fundo, identificando os odores outrora tão vulgares que mal dava por eles. Abeto e pinheiro. Relva aquecida pelo sol e terra fértil. Um arrepio provocado pela brisa, mesmo num dia de Verão, aquela lagoa de grande altitude estava cercada de picos cobertos de neve. 
O passo abrandou a medida que avançava numa ligeira subida. A sua frente, num pequeno bosque com sombras, viu uma égua castanhoavermelhado e um cavalo castrado amarelo-acinzentado. Pastavam, satisfeitos, com as rédeas presas descuidadamente em ramos de carvalhos jovens. 
Ali perto, jaziam na relva duas selas adornadas com mantas. Uma sensação de “déjà vu” invadiu Rafe. Recordou esse dia. Ele e Susan tinham levado os filhos a dar um pequeno passeio a cavalo pela floresta. E, depois, tinham voltado ali, para um piquenique junto ao lago. 
Tinham se divertido cantando canções estúpidas que compunham quando andavam juntos, para entreter o filho de três anos, Keefer. Tinha sido um passeio quase perfeito e tinham-no terminado ali porque gostavam muito de estar perto da água. 
Olhou avidamente a clareira, tão ansioso de vislumbrar a família que prendeu a respiração. Atraído por uma toalha de chá vermelha axadrezada que ondulava ao vento, o seu olhar acabou por pousar primeiro no cesto de verga de piquenique. 
A tampa articulada estava parcialmente levantada por causa do gargalo de uma garrafa de vinho que saía do cesto onde a sua ama e governanta, Becca, a tinha metido para acompanhar a refeição... 4 Ah, sim..., se lembrava tão claramente de tudo, Susan, de jeans justos desbotados e blusa de algodão cor-de-rosa, o cabelo loiro apanhado em cima com uma mola caindo sobre os seus ombros numa chuva de seda. 

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