23 de fevereiro de 2011

Sob O Céu Da Índia




Ela queria aventura... e encontrou a paixão!

A visita à irmã que mora num país exótico é a oportunidade de Pauline viver as aventuras emocionantes com que sempre sonhou.

E nada poderia ser mais empolgante do que saber, logo após chegar à Índia, que o audacioso Nate Savidge está planejando uma caçada na selva!

A caçada é um evento importante demais para Nate permitir que uma jovem atrapalhe sua concentração.


Ao descobrir que Pauline conseguiu incluir-se no grupo, Nate decide dar-lhe uma lição, fazendo-a conhecer os perigos do mundo selvagem.
Mas Nate conseguirá admitir que aquela mulher linda, inteligente e cativante... capturou seu coração e sua alma de maneira irreversível?

Capítulo Um

Kalka, Índia, 1893

Pauline Carrington tinha a sensação de estar no meio de um circo.
A excitação fervilhante, no ar, envolveu-a no momento em que saiu do trem e pisou na plataforma da estação.
Uma dezena de homens de turbante, de pele escura, passaram a seu lado, gritando e acenando. Deu um passo para trás a tempo de evitar ser derrubada no chão.
Ecoando sua excitação, o trem vermelho-ferrugem jorrou vapor, e ela se afastou depressa da nu­vem de calor.
Tahmeed, o mordomo indiano da irmã, praguejou contra os nativos exuberantes em hindi, sua língua nativa. Era bom nisso.
Como khansamah de uma família importante, considerava seu dever proteger os memsahibs, a seu cuidado. Numerosos mendi­gos estendiam a mão para Pauline e Lily cada vez que o trem, vindo de Bombaim, parava numa estação.
No início, Pauline ten­tou dar aos pobres algum dinheiro, mas Tahmeed a impediu, in­sistindo que não a deixariam em paz se abrisse a bolsa.
Desta vez, a excitação dos nativos nada tinha a ver com a chegada de um memsahib rico. Pauline inclinou-se sobre o parapeito da plataforma para ver melhor.
Um grupo de homens havia se reunido embaixo, conversando, excitados, em sua língua musical. Pauline ouviu uma frase ser repetida. Tocou o braço da irmã.
— Eles não param de falar safed sher. O que significa isso?
A irmã casada de Pauline, Lily Drake, estava muito ocupada para responder. Instruía Tahmeed a alugar carregadores para levá-las pelo resto do caminho para Simla, nas encostas das montanhas do Himalaia.
Quanto mais perto do fim de sua jornada, mais an­siosa Lily se sentia para encontrar o marido Alexander e a filhinha Cecily, que ficara entregue aos cuidados devotados de sua ayah.
Quando Tahmeed partiu para cumprir sua incumbência, Pau­line tentou outra vez.
— Lily? Compreende o que estão dizendo?
— Safed sher! Sei só um pouco de hindi, mas acho que sig­nifica tigre branco.
— Um tigre branco? — Pauline esforçou-se para enxergar. Um nativo chegou correndo e começou a gritar excitado.
A multidão duplicara de tamanho, dificultando entender a razão de tanto es­tardalhaço. — Nunca ouvi falar nessa criatura. Acha que um foi capturado?
— Talvez não existam tigres brancos — comentou Lily. — Os indianos são muito supersticiosos.
— Bem, até agora só vi tigres amarelos com listras pretas, e no zoológico. Eles não são caçados aqui?
— Sim, é claro. Há muitos e são conhecidos por aterrorizarem as aldeias perto das florestas. Por isso você deve ficar na cidade ou na companhia de homens armados.
Homens armados? Que ridículo.
Pauline sabia tomar conta de si própria, se precisasse. Não necessitava de ninguém e não era fraca, ainda que tivesse tido a infelicidade de ter nascido mulher. Decidiu aprender a atirar enquanto estivesse na Índia.
Já manejava muito bem um arco-e-flecha. Nunca tivera a oportunidade de usar uma arma, mas, se homens sabiam atirar, ela não via nenhuma razão para não dominar as habilidades necessárias.
— Então tigres devoram pessoas? Que excitante!
— Quem perdeu seus entes amados não concordaria com isso — repreendeu Lily.
— Um tigre assassino chega a matar centenas de aldeões antes de ser detido.
— Oh! — Pauline mordeu o lábio, embaraçada por ter ignorado a dor das vítimas.
— Imagino que esses devoradores de seres humanos sejam perseguidos por caçadores corajosos, estou certa? Eu gostaria tanto de participar de uma caçada a um tigre!

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