16 de outubro de 2011

Inocência marcada

Ela precisava de proteção... Ele precisava de amor!

Depois de passar anos trabalhando numa profissão arriscada, Ken Caulder finalmente retornou ao rancho de sua família, decidido a levar uma vida sem sobressaltos. 
Mas seus planos de paz e tranquilidade foram abalados quando seu pai o convenceu a ajudar a linda jovem que morava no rancho vizinho a proteger-se contra um inimigo que pretendia se apossar das terras que o pai dela havia deixado. 
Habituado a enfrentar situações de perigo, Ken era o homem certo para assumir a incumbência de proteger a solitária e indefesa Shelby Raines. Porém, Ken precisaria de muito mais que habilidade, argúcia e experiência quando chegasse o momento de proteger seu próprio coração do irresistível feitiço daquela jovem encantadora e inocente...

Capítulo Um

Shelby sentiu um calafrio percorrer-lhe a espinha. 
Suas mãos começaram a tremer ao ouvir o ruído das patas de um cavalo sobre o chão poeirento do lado de fora da cabana. De repente, o medo aliou-se a um sentimento de raiva. 
O que ele estaria fazendo tão cedo em casa?
Tentou ignorar a intranquilidade que a importunava. Apressa­da, empilhou grossas fatias de pão em um prato.
— Papai, chegou cedo — disse, num tom firme, não querendo lhe dar a satisfação de ouvir o medo em sua voz. Movendo-se ao redor da pequena cozinha, enxugou o filete de suor que lhe es­corria pelas sobrancelhas. — Vá se lavar, que eu porei a mesa.
Uma brisa fraca agitou o seco calor do Texas através da porta aberta, fazendo-a sentir um arrepio na nuca. O cheiro azedo de odor corporal inundou o ambiente. Shelby enrijeceu. Um nó aper­tou-lhe a boca do estômago. Nesse instante, uma voz, que parecia vinda das profundezas do inferno, sussurrou-lhe junto ao ouvido:
— Sinto muito, meu bem. Não sou seu papai.
Gritando, Shelby fugiu em pânico para longe do cheiro de uísque e tabaco que a respiração do intruso exalava. Em um frenesi aterrorizado, largou os pratos, que se espatifaram no chão, igno­rando o caldo quente do guisado que a queimou através do tecido fino da saia.
Com um baque duro, bateu de encontro à parede. O terror se instalou em seu íntimo, queimando-a até os ossos como ácido escaldante. Estava acuada e vulnerável em um canto, sem poder fugir para parte alguma.
Jatos de adrenalina corriam em suas veias, como se aguardasse, em um tormento silencioso, o próximo movimento.
— Não vim aqui para machucá-la — trovejou a voz estridente. — Apenas faça o que eu mandar.
O som de vidro estilhaçado ressoou sob as botas do estranho, enquanto o ouvia caminhar em sua direção. Quando uma mão calejada a segurou pelo braço, Shelby saltou, sobressaltada.
— Fique longe de mim! 
— Sente-se!
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